Paulo Portas rejeita Freitas do Amaral para Belém

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O líder do CDS/PP prefere apoiar Santana Lopes ou Cavaco Silva às presidenciais de 2006 Adriano Miranda/PÚBLICO

Paulo Portas não apoiará qualquer candidatura de Freitas do Amaral a Presidente da República. Freitas, que perdeu as eleições presidenciais de 1986 para Mário Soares, admitiu no passado dia 8 de Janeiro, voltar a candidatar-se a Belém, mas a actual liderança do partido que fundou rejeita qualquer hipótese de apoio.

O actual líder do CDS-PP e ministro de Estado e da Defesa tem proclamado, desde que foi eleito, no congresso de Braga, em 1998, a reconciliação interna do partido, mas, perante a eventualidade de uma candidatura presidencial do fundador, tem dito que, enquanto for líder do CDS, não apoiará Freitas para Presidente da República. A atitude de Portas prende-se com a última campanha eleitoral, para as legislativas de Março do ano passado. Já na recta final da campanha, Freitas do Amaral foi a Leiria participar numa iniciativa do PSD, onde apelou ao voto nos sociais-democratas, numa atitude que foi vista como uma tentativa de ajudar à transferência de votos do CDS-PP para o PSD.

“É necessário concentrar o voto”, disse Freitas do Amaral a 48 horas do fim da campanha eleitoral, num discurso em que tentou colocar a figura de Durão Barroso acima dos partidos e como protagonista de um projecto nacional.

Em Leiria, o CDS-PP só tinha eleito um deputado em 1999 — Maria Celeste Cardona, que voltava a ser cabeça-de-lista — e estava em risco de perder esse lugar. Na altura, na campanha do CDS, o facto de Freitas ter ido a um distrito onde, ainda por cima, o partido estava em risco foi recebido como uma traição. Isto apesar de o fundador estar afastado do partido há uma década.

Diogo Freitas do Amaral saiu do CDS na sequência da eleição de Manuel Monteiro para a liderança do partido e da adopção por este de uma estratégia antifederalista em termos de política europeia. Tinha sido presidente do CDS por duas vezes — logo na fundação e até ao fim da AD e no final dos anos 80, depois da saída de Adriano Moreira, que tinha tido o pior resultado de sempre do CDS. No seu regresso à presidência do partido, Freitas não conseguiu muito melhor, continuando o CDS a ter apenas quatro deputados.

A segunda liderança de Freitas foi marcada por uma estratégia de equidistância em relação do PSD, que tinha, então, maioria absoluta e que o tinha apoiado nas presidenciais de 1986. Manuel Monteiro chega ao poder com um discurso de ruptura em relação a essa mesma estratégia.

Antes das presidenciais de 2001, o nome de Freitas do Amaral voltou a ser falado para candidato presidencial da direita, como alguém que conseguiria ser o eleito do PSD e do CDS, na altura afastados. Mas foi o próprio a impor as condições para se candidatar. Numa entrevista à RTP, disse que só seria candidato se houvesse um projecto nacional comum aos dois partidos, que não passasse só pelo apoio conjunto a uma candidatura presidencial, mas por uma alternativa de governo.

O candidato da direita acabou por ser Ferreira do Amaral. O CDS-PP ainda chegou a ter Basílio Horta como candidato, mas este acabou por desistir.

Aquelas condições impostas por Freitas, que estavam longe de se verificar na altura, estão agora concretizadas. E no início deste mês, no programa de aniversário da SIC-Notícias, o fundador do CDS disse que ainda era cedo para falar de presidenciais, mas, questionado sobre se lhe agradava voltar a candidatar- se a Belém, respondeu que o cargo lhe agradava.

Portas não está disposto a dar-lhe esse gosto, preferindo vir a dar o seu apoio aos candidatos do PSD que se perfilam para Belém, Santana Lopes ou Cavaco Silva. O actual líder do CDS, aliás, já apoiou, em 1995, a candidatura de Cavaco a Belém. Então, Monteiro, presidente do PP, disse que não votava no ex-primeiro- ministro e Portas, deputado do mesmo PP, fez uma intervenção na Assembleia da República a apoiar a candidatura presidencial de Cavaco Silva, que acabou por perder para Jorge Sampaio.

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