TAP, Portugália e SATA tentam plataforma de cooperação

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As três companhias querem minimizar os prejuízos apurados em 2000 Paulo Carriço

A TAP-Air Portugal, a PGA Portugália e o Serviço Açoriano de Transportes Aéreos (SATA) vão iniciar conversações para aumentarem a cooperação entre si, confirmaram hoje os respectivos representantes à rádio Renascença.

Após o falhanço da parceria financeira e estratégica da TAP com a Swissair e da venda de 80 por cento do capital do grupo Espírito Santo na Portugália também aos mesmos suíços, parece ser o tempo de reunir esforços entre as três empresas nacionais e minimizar os prejuízos que resulta a concorrência diária que fazem entre si. As três companhias partilham de resultados líquidos negativos em 2000, pelo que esta porta aberta poderá trazer benefícios para todas.O administrador-delegado da TAP, Fernando Pinto, o presidente da SATA, Manuel Cansado, e o administrador da PGA Portugália, Francisco Bordalo, em declarações à "Renascença", mostraram disponibilidade para negociarem, mas apontaram poucas pistas para a cooperação futura.
Está posto de lado o cruzamento de participações de capital, até porque as finanças das três empresas são delicadas, mas as frentes de negociação apontam para a coordenação dos horários entre as companhias e eventuais partilhas de voos em determinadas rotas.
O responsável máximo da TAP, Fernando Pinto, é da opinião que o país é muito pequeno e não tem dimensão para operar com "três companhias aéreas de costas voltadas". Por isso defende uma "maior coordenação" entre as três companhias. "Eu acho que faz sentido sim [uma maior cooperação entre as três companhias]. Dado o tamanho de Portugal e a posição estratégica do país, "essas empresas precisam de trabalhar mais ordenadamente, coordenadamente, o que não significa que elas não continuem a competir", sublinhou o brasileiro Fernando Pinto. Apontou o caminho da "coordenação dos horários, servir melhor todas as cidades e com a capacidades adequada a cada uma delas, tornando as três companhias mais eficientes".
Também a Portugália lamenta a falta de entendimento entre as empresas.
À Renascença, o administrador Francisco Bordado diz ser "sensato que haja entendimento entre as empresas. O mercado português é de dimensão relativamente reduzida e, nesse sentido, parece-me que haveria bastantes coisas a ganhar se houvesse uma colaboração mais estreita".
O representante da Portugália sustenta que "tem vindo a dizer, há alguns anos, que essa é a solução adequada" para as companhias portuguesas, acrescentando que já hoje existe entre as três "algumas colaborações".
O presidente da Serviço Açoriano de Transporte Aéreo (SATA) disse não compreender como é que "duas companhias do Estado, como é o caso da TAP e da SATA, estão em constante concorrência". Em declarações à rádio, Manuel Cansado defende uma política nacional de aviação que passa por uma maior aproximação entre as três companhias áreas. "A SATA é uma empresa de capitais públicos. A TAP também o é. Por conseguinte, não se entende que num país tão pequeno haja uma forte concorrência entre companhias que, no fundo, são companhias de capitais dos contribuintes portugueses".
Para Rui Cunha, o secretário de Estado adjunto e dos Transportes, o entendimento entre a TAP, a Portugália e a SATA é bem vindo se os resultados esperados forem benéficos.
"São estratégias empresariais que não passam por qualquer deliberação a nível governamental", frisou o membro do Governo. "Se vier a ser benéfico para todas as empresas, e designadamente para a TAP, que é uma empresa exclusivamente de capitais públicos, será bem vindo", concluiu o representante do Ministério do Equipamento Social.

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