João Mário explica adeus à selecção: “Quando estás no teu máximo de carreira e jogas um minuto”

Médio do Benfica adianta que se vai concentrar no clube da Luz, admitindo que utilização quase inexistente nos jogos de Março contribuiu para decisão.

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João Mário anunciou afastamento da selecção nacional Reuters/PEDRO NUNES
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Depois de anunciar um adeus definitivo à selecção nacional, João Mário veio agora explicar os motivos que o levaram a tomar a decisão de se afastar da equipa “das quinas”. O médio do Benfica confirmou, em declarações ao jornal desportivo A Bola, que ficou sentido com a pouca – ou nenhuma – utilização nos jogos de Março.

“Quando estás no teu ponto máximo de carreira, vais à selecção de Portugal, que joga com o Liechtenstein, e tu jogas um minuto… Tenho sempre uma máxima de selecção, que passa por aquilo que tu fazes no clube, até porque estávamos no início de uma nova etapa. Se tu, no teu ponto máximo de carreira, não dás para mais, tens de ser humilde e reconhecer”, detalha João Mário na entrevista.

No jogo frente ao Liechtenstein, a 23 de Março, João Mário entrou apenas aos 89 minutos. Três dias depois, frente ao Luxemburgo, não saiu do banco de suplentes. Inicialmente, no anúncio de afastamento da selecção, não tinha sido avançada qualquer razão, mas, questionado sobre o tema, o actual seleccionador nacional, Roberto Martínez, mostrou-se descrente de que a decisão do jogador tivesse passado por estes dois jogos. Convicção que o médio vem contrariar nesta entrevista. A crescente valorização sentida na Luz também ajudou na ruptura.

“Queria dedicar-me cada vez mais ao meu clube, onde me sinto cada vez mais valorizado. Depois houve situações menos positivas este ano a nível de selecção, especialmente no último estágio, no qual chegava ao meu ponto máximo de carreira, de concretização, pois era o melhor marcador do nosso campeonato, com uma confiança no máximo em mim”, prossegue.

Pela equipa das "quinas", o médio, de 30 anos, fez 56 jogos e marcou três golos. Integrou a equipa campeã europeia em 2016 e o conjunto que venceu a Liga das Nações, tendo ainda participado nos Mundiais de 2018 e de 2022.

João Mário iniciou o percurso profissional no Sporting, onde se estreou com 20 anos pela equipa principal em 2013, no decurso da época em que os "leões" registaram a pior classificação de sempre (7.º). Depois de um empréstimo ao Vitória de Setúbal em 2013-14, conquistou o seu espaço e ganhou preponderância no Sporting de Marco Silva e, no ano seguinte, de Jorge Jesus, antes de rumar ao Inter de Milão em 2016.

Depois de uma época de 2019-20 ao serviço do Lokomotiv de Moscovo, foi altura de regressar ao clube de formação. Ainda por empréstimo do Inter de Milão, foi um dos jogadores determinantes para a conquista leonina do primeiro título nacional em 19 anos. Nessa mesma época, rescindiu com o Inter de Milão e mudou-se para o outro lado da Segunda Circular, assinando pelo Benfica, com quem se sagrou, no passado sábado, campeão nacional pela segunda vez na carreira.

Sobre a época do Benfica, o médio teceu elogios ao técnico germânico, sem esquecer o antigo treinador no Sporting, Jorge Jesus. "Roger Schmidt foi de longe, a nível de números, o que mais extraiu a minha qualidade. Não existe comparação. Mas coloco-os num patamar semelhante", diz. "Mais do que os números, porque as pessoas olham muito para isso, julgo que eu, olhando para o João Mário como pessoa, tanto um como o outro, sempre acreditaram em mim em todos os momentos."

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