Índia: inspector manda drenar barragem para recuperar telemóvel

Inspector alimentar deixou cair o telemóvel numa barragem na Índia. Chamou mergulhadores e bombeou a água para o recuperar, mas já não funcionava. Oficial fez queixa e inspector foi suspenso.

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A barragem de Kherkatta ficou praticamente vazia quando a água foi bombeada em busca de um telemóvel Renuka Sarkar/Wikimedia Commons
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Um membro do Governo indiano deu ordens para bombear a água de uma barragem para recuperar o telemóvel que tinha deixado cair enquanto tirava uma selfie. Três dias depois, quando o aparelho foi finalmente encontrado, já não funcionava por causa dos estragos causados pela água.

Rajesh Vishwas, um inspector alimentar de 32 anos, estava a fazer um piquenique com amigos na região de Chhattisgarh, na zona central da Índia, quando decidiu utilizar o Samsung de cerca de 1100 euros para tirar uma fotografia junto à barragem de Kherkatta no domingo passado.

Mas o telemóvel caiu à água e Rajesh Vishwas, alegadamente cumprindo as ordens de um superior, chamou as autoridades para uma operação de busca e salvamento pelo telemóvel. Primeiro vieram os mergulhadores, que não tiveram sucesso a localizar o telemóvel. Depois, os residentes terão apresentado outra ideia ao inspector: bombear a água.

Rajesh Vishwas, que teria uma boa relação com os habitantes da região, disse ter recusado a sugestão inicialmente, mas cedeu à insistência e telefonou para o superior hierárquico, que lhe terá dado luz verde. Por isso, arrendou uma bomba a gasóleo pelo equivalente a 85 euros.

Em declarações citadas pelo jornal indiano Ground Report o inspector afirmou que a água do reservatório, que tem três metros de profundidade, ficou na linha dos dois metros. "Não sei quanta água era, mas podem perguntar aos aldeões: a água é usada apenas para banho de quem vem aqui fazer piquenique, não para irrigação ou outros fins".

Ram Lal Dhivar, vice-director do Departamento de Recursos Hídricos, confirmou que foi dada uma permissão verbal para Rajesh Vishwas drenar a água até uma profundidade máxima de um metro e meio — ou seja, a barragem ficaria com a capacidade a 50%. Só que, de acordo com o India Today, os níveis da água na barragem caíram até perto dos três metros, deixando o reservatório quase vazio.

As buscas na barragem justificavam-se porque o telemóvel continha dados governamentais secretos, disse o homem — um argumento que não convenceu o oficial do departamento de recursos hídricos Priyank Shukl, que apresentou uma queixa por suspeitas de abuso de poder contra Rajesh Vishwas.

De acordo com as declarações prestadas por Rajesh Vishwas num vídeo, essa água foi desviada para um canal ali perto, onde "iria, na verdade, beneficiar os agricultores". Mas mais tarde, confrontado com as acusações de abuso de poder, o inspector alimentar afirmou que a água "não estava em condições de ser usada".

Num comentário à suspensão de Rajesh Vishwas, Priyank Shukla defendeu que "a água é um recurso essencial e não pode ser desperdiçada desta forma". "Abusou da sua posição e desperdiçou milhares de litros de água durante a estação quente", criticou Shukla: "Este é um comportamento inaceitável que não pode ser tolerado."

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