Esta quinta-feira abriu a Feira do Livro de Lisboa. Ontem estive lá de manhã e ainda estavam algumas coisas por montar dentro das praças de cada grupo editorial.

Mas já dava para perceber que, além dos grandes espaços dos grupos LeYa e Porto Editora, temos agora grandes espaços da Penguin Random House, da Editorial Presença e até a zona dos pavilhões da Relógio D’Água davam a sensação de ter aumentado (embora sejam os mesmo que no ano passado dispostos de forma diferente).

Há dois dias choveu intensamente em Lisboa, o subsídio de férias só chegará daqui a alguns meses. Mas a Feira do Livro de Lisboa regressou, depois de três anos fora do calendário, a ser realizada no mês de Maio.

Pedro Sobral, presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), lembra que "em Setembro, o subsídio de férias muitas vezes já estava gasto" e que esse é um mês de muitos encargos para as famílias porque é "o mês de regresso às aulas." Na sua opinião, "a grande diferença é que Maio e Junho as pessoas já estão a olhar para as férias" e "em Setembro as pessoas já estão a sair das férias".

Nos últimos anos, depois do confinamento, os meses de Junho e Julho passaram a ser um período muito importante de venda de livros. É a época em que se compram os livros para as férias. E esta edição da Feira do Livro de Lisboa irá decorrer até 11 de Junho.

Há algumas novidades nesta 93.ª edição, que parece mais do que nunca estar a piscar o olho aos nativos digitais.

E podem ler também uma selecção que fiz dos livros do dia desta quinta-feira e de alguns dos eventos marcados para os próximos dias. 

Nas livrarias ou a chegar nesta semana

FICÇÃO

Minha Querida Favorita
Autoria: Marieke Lucas Rijneveld
Tradução: Maria Leonor Raven
Editora: Dom Quixote
328 págs., 18,80€
Nas livrarias a 23 de Maio

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Depois do seu romance de estreia, O Desassossego da Noite, premiado com o Man Booker International Prize para a tradução inglesa, este é o segundo romance de Marieke Lucas Rijneveld. "É a história de um Verão asfixiante em que um veterinário rural se aproxima da filha adolescente do criador de gado para quem trabalha. (…) Os dois desenvolvem um fascínio tão obsessivo um pelo outro que chegam a cruzar todas as fronteiras concebíveis. (...) É uma história comovente e ao mesmo tempo chocante sobre a perda, o amor proibido, a solidão e a identidade", resume a editora. Começa assim: "Querida favorita, digo-te já: devia ter-te removido, como se cortasse com uma faca uma úlcera da sola do casco. Nesse estilo persistente, eu devia ter criado algum espaço na fenda do casco para que o esterco e a porcaria se soltassem e ninguém te pudesse infetar, ou talvez devesse apenas ter-se descascado e esmerilado, esfregado e secado com um pouco de serradura."."

 

AUTOFICÇÃO

O Quarto do Bebé
Autoria: Anabela Mota Ribeiro
Editora: Quetzal Editores
280 págs., 17,70€
Nas livrarias a 18 de Maio

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"Um prodígio de vigor e poesia. Um livro tremendo que anda pelas profundezas da floresta humana, feminina, literária. Li O Quarto do Bebé paralisada de pasmo e maravilhamento, arrebatada por uma tempestade", recomenda Hélia Correia, Prémio Camões 2015, na contracapa. Esta é a estreia no romance da jornalista Anabela Mota Ribeiro. Um "romance autoficcional em forma de diário íntimo", descreve a editora. Um excerto: "Quase não chorei na doença. Pus-me a ver a Nadia Comaneci, em repeat. O treinador, Bela, disse que a Nadia não chorava desde os 6 anos. (...) A Nadia: cada um monta os seus altares. A doença fez-me compreender que sou mortal."

CLÁSSICO

O Despertar
Autoria: Kate Chopin
Introdução: Hélia Correia
Tradução de Ana Maria Pereirinha
Editora: Penguin Classicos
208 págs., 13,25€
Nas livrarias a 29 de Maio

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"O que acontece é que esta autora é, ela própria, um acontecimento. A começar pela antipatia histórica que hoje provoca em nós. Na nota de abertura à edição de contos e romances pela Dover Reader, os leitores sensíveis são avisados de que há, aqui e ali, referências raciais, isto é, racistas, que podem ser consideradas ofensivas nos nossos dias. Kate Chopin é exemplo de que se pode ser rebelde nos costumes e aprovar uma organização social conservadora. Outras autoras do seu tempo a acompanham na intrigante ordenação de pensamentos que nos parecem tão contraditórios. Ela, porém, mantém-se inimitável", escreve Hélia Correia na introdução deste livro que conta a história de Edna Pontellier, uma jovem mulher privilegiada que desafia a sociedade tacanha do Sul dos Estados Unidos e rejeita a vida doméstica e subalterna a que o casamento e a maternidade a condenavam. The Awakening – O Despertar ditou o fim da sua carreira como escritora norte-americana Kate Chopin (1850- 1904), "Mais de cinquenta anos depois, este livro tornar-se-ia numa obra de referência, considerada precursora do modernismo americano e do movimento feminista", escreve a editora.

 

No site do Leituras 

Podem ler já hoje no Leituras a entrevista que a jornalista Teresa de Sousa fez a Giuliano da Empoli, que tem um livro novo, e nos diz: "O novo tipo de políticos populistas é o resultado da raiva mais o algoritmo". Sairá amanhã no caderno Ípsilon que terá uma capa dedicada aos livros. 

Está lá também a entrevista que a jornalista Teresa Serafim fez a Moiya McTier: "Estou confiante de que há vida fora da Terra". Esta astrofísica norte-americana pôs a Via Láctea a falar sobre si e sobre o espaço que a envolve num livro agora publicado em Portugal. 

No Leituras podem ler outras entrevistas, as críticas e as pré-publicações. 

O jornalista Luís Miguel Queirós escreve sobre "Os impensados de Portugal nos cem anos de Eduardo Lourenço". Podem ler aqui.

Na Fundação José Saramago, em Lisboa, está até ao dia 30 de Maio uma pequena exposição do trabalho do fotojornalista Francisco Proner.  Em 2018, fez uma imagem icónica de Lula da Silva. Agora quer captar a resistência moderna na América Latina. Tem 23 anos, acredito que ainda vamos ouvir falar muito dele. Está a preparar um livro

Por fim, a a escritora Matilde Campilho é a convidada do clube de leitura do PÚBLICO e da Folha de S. Paulo no dia 13 de Junho. Em discussão estará Flecha (Tinta-dachina). Quem quiser receber informações pode inscrever-se através do email encontrodeleituras@publico.pt

Até para a semana.