Tejo aproxima-se da linha de Cascais no passeio marítimo de Algés

Câmara de Oeiras diz que se vai substituir ao Porto de Lisboa e à Infra-Estruturas de Portugal na reparação de ciclovia. IP não diz se há outra obra prevista para garantir segurança da linha.

#MVR Matilde Fieschi -Um troço do Passeio Marítimo de Algés, a caminho da Cruz Quebrada, está destruído devido às cheias do Inverno - a câmara de Oeiras pôs umas barreiras para tentar impedir a passagem e há um buraco a meio caminho, perigosamente perto da Linha de Cascais
 - 16 de Maio de 2023.
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Mau tempo de Dezembro abriu um buraco do tamanho de um carro no percurso pedonal e ciclável MATILDE FIESCHI
#MVR Matilde Fieschi -Um troço do Passeio Marítimo de Algés, a caminho da Cruz Quebrada, está destruído devido às cheias do Inverno - a câmara de Oeiras pôs umas barreiras para tentar impedir a passagem e há um buraco a meio caminho, perigosamente perto da Linha de Cascais
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A aproximação do rio ao equipamento tem sido evidente ao longo dos anos MATILDE FIESCHI
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A Câmara de Oeiras proibiu a passagem no local, mas este continua a ser muito procurado para passear e fazer desporto MATILDE FIESCHI
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Barreiras no caminho mantêm-se há meio ano MATILDE FIESCHI
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Percurso liga Algés à estação ferroviária da Cruz Quebrada MATILDE FIESCHI
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Foi em Dezembro que a Câmara de Oeiras decidiu interditar o acesso ao passeio marítimo de Algés, na sequência de intempéries que destruíram parcialmente aquele percurso pedestre e ciclável.

Mas apesar das barreiras de betão a toda a largura do caminho e do cartaz que avisa que a passagem está proibida “para sua segurança!”, são muitos os que diariamente escolhem aquele local entre Algés e a Cruz Quebrada para caminhar, correr e pedalar à beira-Tejo. A enchente é maior ainda aos fins-de-semana, quando é frequente contarem-se umas boas dezenas de pessoas a aproveitar as vistas desafogadas para a Outra Banda enquanto fazem desporto.

O certo é que a obra que o ex-autarca Paulo Vistas inaugurou em 2015, aproveitando o muro de contenção que a Infra-estruturas de Portugal (IP) ali colocou para proteger a linha de Cascais num dos pontos em que a via férrea é mais fustigada pelo mar, já nada tem que ver com o equipamento original.

Apesar de a câmara então ter prometido que o percurso poderia ser alargado, caso se justificasse, o que aconteceu foi precisamente o contrário. O rio foi-se aproximando cada vez mais, delapidando aos poucos o aterro, e finalmente deu uma dentada na própria ciclovia, que permanece há meio ano com um buraco.

As projecções sobre a subida do nível médio do mar, feitas há seis anos pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, mostram que a situação vai tornar-se recorrente nas próximas décadas. Como para outras partes da costa do Estoril, prevê-se que esta zona específica entre Algés e a Cruz Quebrada esteja submersa cerca de 10% por ano, em 2050 e 2100, nos cenários mais optimistas. Nos mais pessimistas, improváveis de acordo com os dados actuais, a própria linha ferroviária ficará afogada.

A IP tem em marcha as obras de modernização da linha de Cascais, há muito aguardadas, que recentemente entraram numa fase mais visível ao público com a supressão da circulação de comboios nocturnos entre o Cais do Sodré e Algés. Ao PÚBLICO, a empresa pública não esclareceu se está previsto algum reforço ou intervenção nesta zona.

Algés, o Dafundo, a Cruz Quebrada e o vale do Jamor são áreas particularmente sensíveis a cheias. Em Dezembro, chuvas torrenciais provocaram graves inundações que deixaram um rasto de destruição e elevados prejuízos. Embora se tema que o fenómeno se venha a intensificar com as alterações climáticas, ele está longe de ser novidade.

O livro Memórias da Linha de Cascais, escrito nos anos 1940 por Branca de Gonta Colaço e Maria Archer, relata como em 1895 “um grande temporal de vento e chuva provocou cheia no Tejo, desabamento de terras, inundações, infiltrações, o inferno, e partiu-se o viaduto da linha férrea sobre o Jamor”.

Quanto ao buraco na ciclovia, uma fonte oficial da Câmara de Oeiras garantiu que “será realizada uma intervenção para requalificação da zona danificada que está prevista acontecer na primeira quinzena de Junho, por iniciativa do município, que se vai substituir à Administração do Porto de Lisboa - que é quem tem a responsabilidade da gestão daquele local - e à Infra-estruturas de Portugal”.

Isaltino Morais, que lidera a câmara novamente desde 2017, tem um desaguisado de longa data com o Porto de Lisboa e há muito que reclama a transferência da zona ribeirinha, que está na alçada daquele organismo, para os municípios.

A mesma fonte municipal diz que a obra representa um investimento de 30 mil euros e será realizada pela empresa Olico, Lda. O percurso pedestre e ciclável tem uma extensão aproximada de 950 metros e custou 115 mil euros em 2014.

Já a IP demorou sete semanas ao responder ao PÚBLICO para dizer que “tem conhecimento dos danos existentes no Passeio Marítimo de Algés, sendo que os mesmos não afectam a infra-estrutura ferroviária”. No entanto, “a reparação desta situação é competência da Câmara Municipal de Oeiras que, aquando da realização da intervenção, e dependendo dos meios mobilizados, a mesma poderá ter de ser articulada com a IP”.

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