Louçã espera que Costa fale no Parlamento sobre a actuação do SIS

O fundador do BE opõe-se a uma CPI às secretas e defende que cabe ao primeiro-ministro resolver “politicamente” as dúvidas sobre a forma como o SIS recuperou o computador do ex-adjunto.

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Francisco Louça em entrevista ao PÚBLICO e à RR Daniel Rocha
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Francisco Louçã, fundador do Bloco de Esquerda (BE), considera que o primeiro-ministro, António Costa, deve responder nesta quarta-feira no Parlamento, no debate sobre política geral, acerca da alegada ilegalidade da actuação do Serviço de Informações de Segurança (SIS) na recuperação do computador do ex-adjunto do ministro das Infra-Estruturas e sobre quem “mandou ou autorizou” que se accionassem as secretas.

Em entrevista ao Hora da Verdade do PÚBLICO/Renascença, que será publicada nesta quinta-feira, o ex-porta voz do BE sinaliza que além dos “episódios rocambolescos” e das questões “anedóticas” ou “episódicas” que decorreram a 26 de Abril no Ministério das Infra-Estruturas, “a questão das questões” é “saber como é que o SIS actua em substituição da polícia, ou seja, de forma ilegal”, segundo “todos os protagonistas” por sugestão do gabinete do primeiro-ministro”. Isto é, do secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, António Mendonça Mendes.

Para o também economista, esta “questão deve ficar esclarecida na presença do primeiro-ministro esta semana no Parlamento” e não numa comissão de inquérito sobre a actuação dos serviços secretos, como já foi proposto pela direita.

Louçã observa que seria “exigido pela matéria” em causa que uma comissão às secretas fosse “feita à porta fechada”, o que é “contraditório com a naturalidade da transparência que um Parlamento deve assegurar aos cidadãos”. “Saber-se-á alguma coisa, mas muito pouco e por portas travessas”, diz, considerando, portanto, que seria “pouco útil”.

Contrariamente, advoga que “esta questão deve ser resolvida politicamente antes de se esperar pelo Verão ou pelo Outono, porque é uma questão essencial saber se o SIS actuou ilegalmente”. E adianta que “só pode ter actuado ilegalmente porque não lhe compete ter a actuação que teve”. O bloquista assinala também que “saber quem mandou ou autorizou” e “se a tutela foi, ou não, considerada a este respeito, é da maior importância”.

Francisco Louçã aponta ainda que o caso do computador de serviço de Frederico Pinheiro é paradigmático do modo de governação da maioria absoluta do PS. “Este ano parece uma década porque a precipitação destas crises [políticas] é inaudita. Até há um elemento que as torna razoavelmente incompreensíveis: que haja quatro ministros envolvidos” — das Infra-Estruturas, da Presidência do Conselho de Ministros, da Administração Interna e da Justiça — “numa noite por causa de um alegado roubo de um computador para informar o SIS de que aconteceu alguma coisa sobre a qual não devia actuar porque seria ilegal, é um facto espantoso da forma como o poder é gerido”, critica.

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