Euribor a 12 meses subiu para 3,654% no dia em que completa um ano em terreno positivo

As restantes taxas utilizadas no crédito à habitação também subiram e estão acima dos 3%. Nestes casos, tratam-se de valores acumulados em menos de um ano.

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Taxas Euribor voltaram a subir, agravando prestação da casa Adriano Miranda

A taxa Euribor a 12 meses, a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação contratados depois de 2015, subiu nesta quarta-feira para 3,654%, um valor que impressiona, dado que foi acumulado em apenas um ano, correspondendo ao ritmo de subida mais elevado da história destas taxas. Foi precisamente a 12 de Abril de 2022 que o prazo mais longo das taxas variáveis entrou em terreno positivo, nos 0,005%, depois de quase seis anos em valores negativos.

A subida do prazo mais longo — que também se observa nos prazos mais curtos utilizados no crédito à habitação, a três e a seis meses — para máximos de 2008 tem tido um duro impacto nas prestações da casa, na ordem de algumas centenas de euros nos empréstimos de montante mais elevado e nos contratos mais recentes, ou contratados a taxas negativas.

Para empréstimos contratados com a Euribor negativa em cerca de 0,5%, nível que chegou a ser atingido por todos os prazos, a diferença para os níveis actuais é de mais quatro pontos percentuais a 12 meses (tendo em conta o valor desta quarta-feira), de mais 3,9 pontos a seis meses, e de 3,6 pontos a três meses.

Ainda assim, a Euribor a 12 meses, presente em cerca de 43% do crédito à habitação existente, está actualmente abaixo do máximo atingido este ano, nos 3,978%, verificado em 9 de Março, de acordo com os dados divulgados pela agência Lusa.

O comportamento recente da Euribor a 12 meses indicia que o pico desta taxa já pode ter sido atingido. Referindo-se a esta taxa em concreto, e a expectativas do mercado, o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, admitiu recentemente que “o mercado está a antecipar uma descida em todos os meses, até ao final do ano, que depois continuará em 2024”.

Contudo, o comportamento das taxas Euribor vai depender muito da evolução da inflação na zona euro e das decisões de política monetária que o Banco Central Europeu (BCE) entender necessárias para a controlar.

A média da Euribor a 12 meses avançou de 3,534% em Fevereiro para 3,647% em Março, mais 0,113 pontos.

As taxas Euribor a três e seis meses também subiram nesta quarta-feira, com destaque para o prazo mais curto, que renovou novo máximo desde Dezembro de 2008.

A Euribor a três meses, que está a acumular valor desde 14 de Julho de 2022, depois de mais de seis anos em terreno negativo, fixou-se em 3,126%, mais 0,018 pontos que na sessão anterior. Já a média desta Euribor subiu de 2,640% em Fevereiro para 2,911% em Março, ou seja, um acréscimo de 0,271 pontos percentuais.

Este prazo, que está presente em cerca de 30% dos contratos à habitação existentes em Portugal, deverá continuar a progredir, pelo menos até aos 3,22%, de acordo com a expectativa do mercado, referiu Mário Centeno, numa audição parlamentar.

No prazo de seis meses, a taxa Euribor, que entrou em terreno positivo em 6 de Junho, subiu igualmente para 3,430%, mais 0,074 pontos, contra o máximo desde Novembro de 2008, de 3,461%, verificado também em 9 de Março. Este prazo também deverá progredir um pouco mais até ao Verão.

Depois de mais de seis anos em valor negativo, a média da Euribor a seis meses subiu de 3,135% em Fevereiro para 3,267% em Março, mais 0,132 pontos. Este prazo também deverá progredir um pouco mais até ao Verão.

As Euribor começaram a subir mais significativamente desde 4 de Fevereiro de 2022, precisamente quando o BCE admitiu que poderia subir as taxas de juro directoras devido ao aumento da inflação na zona euro, tendência que se agravou com o início da invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de Fevereiro de 2022.

Na última reunião de política monetária, em 16 de Março, o BCE voltou a subir em 50 pontos base as taxas de juro directoras, acréscimo igual ao efectuado a 2 de Fevereiro e em 15 de Dezembro, quando começou a desacelerar o ritmo das subidas em relação às duas registadas anteriormente, que foram de 75 pontos base, respectivamente em 27 de Outubro e a 8 de Setembro.

A subida das taxas directoras do BCE, pela primeira vez em 11 anos, arrancou em 21 de Julho de 2022, logo em 50 pontos base. Após várias subidas, a principal taxa de depósito (que é actualmente a principal referência para os custos de financiamento da zona euro) está nos 3%, cada vez mais longe dos -0,5% em que se encontrava em Julho de 2022.

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 57 bancos da zona euro está disposto a conceder empréstimos entre si.

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