Sara Carreira: Ivo Lucas e homem que conduzia alcoolizado julgados por homicídio negligente

A decisão instrutória manteve a acusação imputada a Ivo Lucas, que vai ser julgado pela prática de um crime de homicídio negligente na forma grosseira, passível de pena de prisão até cinco anos.

Foto
Acidente que vitimou Sara Carreira aconteceu a 5 de Dezembro de 2020 DR

O homem que conduzia alcoolizado e abaixo do limite de velocidade no acidente que, em 2020, vitimou Sara Carreira vai ser julgado pelo crime de homicídio por negligência grosseira, tal como o então namorado da cantora, Ivo Lucas, segundo apurou o Público junto da advogada Carmo Afonso que representa a fadista Cristina Branco. Paulo Neves estava apenas acusado da prática de um crime de condução perigosa de veículo rodoviário.

O juiz de instrução criminal do Tribunal de Santarém pronunciou esta segunda-feira para julgamento os quatro envolvidos no acidente que, ao fim da tarde de 5 de Dezembro de 2020, na auto-estrada 1 (A1), junto a Santarém, vitimou Sara Carreira, desagravando para Cristina Branco a acusação da prática de um crime de homicídio por negligência grosseira não a pronunciando pela conduta correspondente à não colação do triângulo de sinalização. A fadista vai assim, pronunciada por homicídio negligente mas com negligência simples.

A decisão instrutória manteve a acusação imputada a Ivo Lucas, que vai ser julgado pela prática de um crime de homicídio negligente na forma grosseira (passível de pena de prisão até cinco anos), o mesmo crime que imputou a Paulo Neves, o condutor cuja conduta, concluiu o juiz, contribuiu para a cadeia de acidentes que se sucederam, tal como era requerido pelos pais de Sara Carreira, Tony Carreira e Fernanda Antunes.

O juiz Bruno Lopes considerou “contraditória” a posição do Ministério Público (MP) ao pedir o arquivamento da acusação por homicídio negligente para Paulo Neves, mesmo admitindo que aquele conduzia a velocidade abaixo do permitido por lei em auto-estrada (entre 28 e 32 quilómetros/hora) e sem qualquer sinalização de perigo.

Para o juiz de instrução criminal, a conduta de Paulo Neves, que apresentava uma taxa de alcoolemia de 1,18 g/l quatro horas depois do acidente, aumentou exponencialmente o risco de colisão na traseira do seu veículo, como veio a acontecer com a viatura conduzida por Cristina Branco.

Considerando que, ao não conseguir evitar o embate, Cristina Branco não adoptou os cuidados que se impunham, o juiz entendeu que a conduta de ambos foi causa directa para o embate que se seguiu, da viatura conduzida por Ivo Lucas, o qual demonstrou, igualmente, uma condução descuidada, ao circular acima do limite máximo permitido e na faixa central da auto-estrada.

O juiz Bruno Lopes retirou a Cristina Branco a acusação da prática de uma contra-ordenação grave, referindo o estado de confusão em que esta se encontrava e o risco que constituiria sair do separador central, onde se refugiara com a filha de 11 anos, para ir colocar o triângulo sinalizador junto à viatura.

Salientando que a cantora “priorizou” a segurança da filha, o juiz admitiu que, mesmo que tivesse colocado o triângulo, nada garante que teria evitado o embate de Ivo Lucas na viatura, já que este conduzia a velocidade acima do permitido e de forma desatenta.

Quanto ao quarto envolvido no acidente, Tiago Pacheco, mantém-se a pronúncia para ser julgado por condução perigosa de veículo e duas contra-ordenações (uma ligeira e uma grave), salientando a decisão instrutória que não existe qualquer prova de que circulasse abaixo do que consta na acusação, entre 146,35 e 155,08 quilómetros/hora, e que tenha reduzido a velocidade, como este veio alegar.

Segundo a descrição do acidente, que ocorreu ao final da tarde do dia 5 de Dezembro de 2020, já “noite escura” e com períodos de chuva fraca, a viatura de Cristina Branco embateu, cerca das 18h30, no veículo de Paulo Neves, o qual circulava na faixa da direita a entre 28,04 e 32,28 quilómetros/hora, velocidade inferior à mínima permitida por lei (50 km/h), e depois de ter ingerido bebidas alcoólicas.

A viatura de Cristina Branco embateu, de seguida, na guarda lateral direita, rodando e imobilizando-se na faixa central da A1. Apesar de ter ligado as luzes indicadoras de perigo, a fadista, que abandonou a viatura na companhia da filha, foi acusada pelo MP de não ter feito a pré-sinalização de perigo.

O relato do acidente constante da acusação, e hoje confirmado na decisão instrutória, refere que, cerca das 18h49, Ivo Lucas circulava pela faixa central a entre 131,18 e 139,01 km/h, velocidade superior à máxima permitida por lei (120 km/h), não tendo conseguido desviar-se do carro da fadista, no qual embateu com o lado esquerdo, seguindo desgovernado para o separador central e capotando por várias vezes até se imobilizar na faixa da esquerda, quase na perpendicular, com parte a ocupar a faixa central.

Pelas 18h51, Tiago Pacheco seguia pela via central a entre 146,35 e 155,08 km/h, indicando a acusação que não reduziu a velocidade, mesmo apercebendo-se que passava pelo local do acidente, não conseguindo desviar-se da viatura de Ivo Lucas (que ocupava parcialmente aquela faixa), onde este ainda se encontrava, bem como Sara Carreira.

*Notícia actualizada na parte referente aos crimes imputados a Ivo Lucas e Cristina Branco, após contacto da advogada da fadista.

Sugerir correcção
Ler 5 comentários