Costa diz que divergências com Marcelo não abalaram relação

Primeiro-ministro nega conflito com o Presidente da República e fala até em “progressiva amizade”.

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Marcelo Rebelo de Sousa na Cimeira Ibero-Americana em Santo Domingo, República Dominicana, onde também está Costa EPA/ORLANDO BARRIA

O primeiro-ministro, António Costa, declarou neste sábado que as divergências sobre política interna não abalaram "de forma alguma" as suas relações com o Presidente da República e considerou até que não terá havido relações "tão escorreitas" nos últimos 50 anos.

António Costa falava em conferência de imprensa conjunta Marcelo Rebelo de Sousa, durante a 28.ª Cimeira Ibero-Americana, em Santo Domingo, na República Dominicana, que estava nesse momento quase a terminar os seus trabalhos.

Questionado sobre as suas relações com o chefe de Estado, o primeiro-ministro respondeu: "Se mesmo quando não temos pontos de vista coincidentes na política interna a relação pessoal é boa, em matéria de política externa, onde as posições são absolutamente coincidentes, a relação só podia ser melhor ainda"

Respondendo a uma questão sobre se a posição do Presidente sobre o pacote de medidas do Governo para a habitação abalou as relações entre os dois, António Costa declarou: "Eu só posso falar por mim: não abalou de forma alguma".

Em seguida, o primeiro-ministro referiu que Portugal tem "um sistema político onde o Presidente da República é eleito directamente pelos cidadãos, representa o conjunto dos cidadãos portugueses e, portanto, tem uma função política própria", enquanto "o Governo resulta daquilo que são os resultados eleitorais para a Assembleia da República, responde politicamente perante a Assembleia da República e segue o seu Programa do Governo".

António Costa enquadrou as "divergências políticas sobre casos concretos" como algo "absolutamente normal", que "tem a ver com as funções próprias de cada um" e concluiu que, "portanto, não há nenhuma anormalidade".

"Agora, nós não temos nem um regime presidencialista onde quem governa é o Presidente da República, nem temos um regime parlamentar onde o Presidente da República não tem uma intervenção política", realçou.

"Temos um sistema sofisticado, é verdade, mas que tem funcionado bem ao longo dos anos e, passe a imodéstia - creio que o senhor Presidente da República poderá subscrever a mesma imodéstia - eu creio que nestes quase 50 anos de democracia não deverá ter havido algum momento onde as relações entre Governo e Presidente da República tão fluidas, tão escorreitas, tão normais, eu diria até com progressiva amizade", acrescento.

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