No Luxemburgo, um teste mais a sério para Portugal

Selecção nacional defronta a congénere luxemburguesa naquele que será o segundo jogo da era Roberto Martínez. Técnico espanhol admite algumas mudanças.

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João Palhinha marcou nos dois últimos confrontos com o Luxemburgo Reuters/PEDRO NUNES

Roberto Martínez não poderia ter desejado melhor estreia como seleccionador de Portugal. Com pouco tempo para trabalhar, o espanhol teve pela frente uma das piores selecções do mundo, o Liechtenstein, que pouca luta deu – e a goleada por 4-0 em Alvalade não é um espelho fiel das enormes diferenças de valor entre as equipas. Neste domingo, não será assim tão fácil. O Luxemburgo está mais de 100 lugares acima no ranking da FIFA, é uma selecção consolidada, experiente e formada por jogadores com formação de elite e rodagem em campeonatos competitivos. E uma equipa que sabe o que tem de fazer será sempre complicada para uma selecção portuguesa a habituar-se a uma nova identidade.

Martínez tem consciência das dificuldades deste segundo jogo da campanha de apuramento para o Euro 2024 na Cidade do Luxemburgo (19h45, RTP1). Ele só tem uma semana de trabalho com os jogadores portugueses, Luc Holtz, o seleccionador luxemburguês já está no cargo há 13 anos. O Luxemburgo é uma equipa que só perdeu uma vez nos últimos nove jogos (0-2 com a Turquia na Liga das Nações), entrou nesta qualificação com um empate frente à Eslováquia e está bem longe de ser uma selecção “saco de pancada” como é o Liechtenstein. Talvez até possa ser um candidato credível à qualificação num agrupamento em que Portugal é, de longe, o maior favorito.

“O Luxemburgo é uma equipa com continuidade. Respeito o trabalho do treinador, com conceitos muito claros, jogam sempre da mesma forma. É uma equipa muito competitiva, com jogadores que fazem a diferença e muito bem construída. Temos de estar ao melhor nível. Não acredito que seja uma 'trampa'. Só perdeu duas vezes nos últimos nove jogos. Será difícil ganhar pontos aqui. Respeitamos imenso o Luxemburgo, joga como um clube, não como uma selecção", alertou o técnico espanhol.

Como se viu pela amostra do jogo em Alvalade, a ideia de Martínez é dar um novo perfil táctico à selecção portuguesa, com uma linha defensiva de três centrais, algo que Portugal não fazia com Fernando Santos. Este segundo encontro será para consolidar o novo sistema, mas o espanhol admite algumas mudanças no “onze” em relação ao que entrou de início em Alvalade.

“É muito importante ter gente fresca. Três dias depois do jogo com o Liechtenstein, é possível que haja mudanças, mas também é importante haver continuidade", reforçou Martínez, justificando o facto de não treinar no Luxemburgo precisamente com a falta de tempo entre os dois jogos: "Estamos a preparar este jogo desde o primeiro dia que estamos juntos. Sabíamos que só teríamos um dia no campo antes do Luxemburgo, preferimos trabalhar na Cidade do Futebol."

Conexão portuguesa

O histórico dos confrontos entre as duas selecções é francamente favorável a Portugal, que venceu 17 dos 19 encontros, sendo que o único triunfo luxemburguês aconteceu num jogo de enorme significado – um 4-2 a 8 de Outubro de 1961 que marcou a estreia de Eusébio com a camisola da selecção portuguesa.

Nas seis décadas seguintes, apenas um empate (1-1) num particular, e só vitórias portuguesas, quatro delas nas qualificações para o Euro 2020 e Mundial 2022. Mas, da última vez que Portugal jogou no Luxemburgo, sofreu um golo e esteve 15 minutos a perder, antes de triunfar por 1-3.

Isso é um sinal de que o Luxemburgo, uma das pátrias da emigração portuguesa, tem crescido no futebol, com muitos jogadores a actuarem em liga competitivas – por exemplo, nove vêm do futebol alemão (nem todos da Bundesliga), e há outros que jogam em França, Inglaterra, Suécia, Bélgica, Países Baixos, Rússia, EUA e Arábia Saudita. E, depois, há a inevitável conexão portuguesa, representada nesta selecção por jogadores como Mica Pinto, lateral do Sparta de Roterdão e formado no Sporting, Gerson Rodrigues, que nasceu em Almada e joga nos sauditas do Al-Wehda, depois de ter dado nas vistas no Dínamo Kiev, e outros.

Palavra a Mica Pinto, que chegou a representar Portugal nas selecções jovens enquanto crescia como futebolista em Alcochete, mas que representa o Luxemburgo, país onde nasceu, desde 2020: “Temos vindo a melhorar muito, os resultados também dizem isso. Jogamos em casa e as grandes equipas também têm um dia em que jogam pior. Pode ser o nosso dia. Acreditamos nisso e temos as nossas armas.”

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