PS fala em caso de “insubordinação clara” no caso do navio Mondego

Deputado socialista Diogo Leão acusou partidos da oposição de “oportunismo político” a reboque do caso dos marinheiros que recusaram cumprir missão a bordo do navio Mondego.

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O acto dos militares no navio Mondego foi debatido na comissão de Defesa LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS

O PS classificou esta terça-feira como uma “insubordinação clara” a atitude dos militares do navio Mondego, defendendo que o poder político não deve tentar justificar episódios deste tipo nas Forças Armadas.

“Gostava de lamentar várias declarações políticas que fui ouvindo desde o início da semana passada por parte de vários responsáveis políticos deste parlamento, inclusivamente, que procuravam de certa fora dar algum enquadramento político ou oferecer algum tipo de enquadramento justificativo a um ato desta natureza, que é um ato que não tem esse enquadramento naquilo que são as nossas Forças Armadas”, argumentou o deputado Diogo Leão.

O socialista, que falava na comissão parlamentar de Defesa, classificou como uma “insubordinação clara” a recusa dos 13 militares do navio Mondego em embarcar no passado dia 11 para uma missão de acompanhamento de um navio russo, na Madeira.

“No dia em que for o poder político e os titulares dos órgão de soberania a procurarem justificar insubordinações militares é um dia triste e um dia negro para a República”, considerou.

Os deputados debatiam os requerimentos do Chega e da Iniciativa Liberal para ouvir no parlamento a ministra da Defesa, Helena Carreiras, e o Chefe do Estado-Maior da Armada, almirante Henrique Gouveia e Melo – aprovando apenas a iniciativa dos liberais, por unanimidade.

O PS considerou importante que a comissão se mantenha actualizada quanto à capacidade naval do país mas lembrou que recentemente os deputados ouviram, à porta fechada, o almirante Gouveia e Melo sobre os meios da Armada, acusando os partidos de "um passo de algum oportunismo político".

Diogo Leão insistiu que este foi um caso de insubordinação, sendo esse “verdadeiramente o problema”, que está a ser tratado “nas circunstâncias próprias”, mas aprovou o requerimento apresentado pela IL.

Jorge Paulo Oliveira, do PSD, defendeu que o episódio com o navio Mondego foi “grave e preocupante” e que potencialmente coloca em causa a imagem de Portugal perante a União Europeia e NATO.

A nível nacional, o social-democrata considerou que o incidente pode prejudicar a imagem da própria Marinha.

Para o PSD, o Governo tem de dar explicações e deve garantir aos portugueses que as Forças Armadas “estão em condições de assegurar a soberania nacional, integridade territorial” e assumir o cumprimento dos compromissos internacionais.

O líder parlamentar da IL, Rodrigo Saraiva, detalhou que o objectivo do partido ao propor as audições não era o episódio concreto de insubordinação, mas sim perceber o ponto de situação do estado dos recursos materiais da Armada.

Na opinião do liberal, esta situação impacta a relação do país com os seus parceiros internacionais.

Pedro Pessanha, deputado do Chega, mostrou-se preocupado com a “falta de manutenção dos equipamentos militares”, sustentando que não se sabe se o 'Mondego' "não foi para o mar por falta ou não" de condições.

“O que sabemos é que infelizmente um navio de guerra da Marinha não foi para o mar, e deixou mal vista toda a Marinha portuguesa”, lamentou, salientando a “reputação enorme” da Armada.

Apesar disto, o deputado mostrou-se preocupado com “actos de indisciplina” em meio militar e argumentou que “não existem Forças Armadas sem respeito pela estrutura hierárquica de comando”.

No passado dia 11 de Março, o Navio da República Portuguesa (NRP) Mondego falhou uma missão de acompanhamento de um navio russo a norte da ilha de Porto Santo, no arquipélago da Madeira, após 13 militares terem recusado embarcar, alegando razões de segurança.

O Ministério Público suspendeu na segunda-feira a audição destes militares por decisão da procuradora para analisar o processo com mais detalhe, foi anunciado pela defesa.

Os militares em causa iam ser ouvidos pela Polícia Judiciária Militar (PJM), em Lisboa, no âmbito de inquérito criminal após participação feita pela Marinha.

O ramo também já instaurou processos disciplinares.

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