A convocatória de Martínez: mudanças só na forma de jogar

Se era daqueles que estava à espera de grandes mudanças na primeira convocatória do novo seleccionador nacional de futebol, Roberto Martínez, deve ter ficado decepcionado. Isto porque, olhando para os 26 nomes que surgem na lista de eleitos do espanhol e comparando com os 26 que Fernando Santos escolheu levar ao Mundial 2022 há apenas três nomes diferentes. Na verdade, seriam apenas dois, não fosse Diogo Jota ter-se lesionado antes do Campeonato do Mundo do Qatar e com isso perdido a vaga que lhe estava seguramente reservada.

Poderia o novo seleccionador nacional ter feito diferente? Sim, sem dúvida. Ele próprio reconheceu que Portugal tem, neste momento, “uns 35 jogadores” seleccionáveis. Só que Roberto Martínez não foi por esse caminho e optou por escolher praticamente os mesmos que Fernando Santos seleccionou há pouco mais de quatro meses. E há algumas razões para isso.

A primeira, desde logo, é que as escolhas que Fernando Santos fez, tirando um nome aqui outro nome acolá, foram, genericamente, consensuais. Até porque, mais do que os convocados, eram os escolhidos para titulares, o modelo de jogo, que geravam mais controvérsia durante a gestão do ex-seleccionador.

Depois, foi bem perceptível pelas declarações desta sexta-feira de Roberto Martínez, que o espanhol não quer que o vejam como uma espécie de D. Quixote, pronto a lutar contra moinhos de vento. Não veio para cá para comprar guerras. Muito menos com Cristiano Ronaldo. Pelo contrário. Foi bem realista e sabe muito bem que o seu estado de graça terminará no minuto seguinte ao apito final do árbitro se não vencer os seus dois jogos de estreia: contra o Liechtenstein e Luxemburgo. Vencer esses dois jogos é, por isso, fundamental para poder ir ganhando o seu espaço de manobra. Ora, não há nada mais seguro do que apostar naqueles que têm dado provas do que promover uma “quixotesca” revolução.

Mas se quase nada mudou nos jogadores, há a esperança de que algo mude na forma de jogar da selecção. E, aqui, Martínez deu alguns sinais. Com seis defesas centrais nos convocados é quase certo que Portugal vai passar a apostar num sistema táctico com três homens mais recuados, aproveitando para tirar partido da qualidade (ofensiva) de alguns dos melhores laterais da actualidade do futebol. Veremos.

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