Em Paris, Joana Vasconcelos pôs a sua arte XXL ao serviço da Dior

A instalação têxtil Valkyrie Miss Dior pesa mais de uma tonelada e mede 24 metros de extensão por sete de altura. Foi a própria directora criativa Maria Grazia Chiuri a convidar a artista portuguesa.

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As modelos desfilam no cenário com assinatura de Joana Vasconcelos EPA/Mohammed Badra
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A escultura é feita em têxtil Reuters/BENOIT TESSIER
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Joana Vasconcelos terá sido contactada há um ano EPA/Mohammed Badra
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Dior Outono/Inverno 2023 EPA/Mohammed Badra
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Dior Outono/Inverno 2023 EPA/Mohammed Badra
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Dior Outono/Inverno 2023 EPA/Mohammed Badra
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Dior Outono/Inverno 2023 Reuters/BENOIT TESSIER
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Maria Grazia Chiuri Reuters/BENOIT TESSIER

Com mais de 30 anos de carreira, foi nas Manobras de Maio, em 1994, que a artista Joana Vasconcelos começou a mostrar as suas incursões pelo mundo da moda. Então estaria longe de sonhar que, um dia, seria ela a autora do cenário do desfile da histórica casa de moda Christian Dior. A instalação imersiva da portuguesa deu vida às peças de Maria Grazia Chiuri, nesta terça-feira, no desfile da maison na Semana da Moda de Paris.

Há mais de um ano que a directora criativa da Dior contactou Joana Vasconcelos com um convite: fazer o cenário de um desfile. Grazia Chiuri contou à edição britânica da revista Vogue que encontrou paralelismo entre o trabalho que faz nos ateliers da marca, em Paris, e a expressão criativa da portuguesa, especialmente no que toca à costura, ao tricô e aos bordados.

O objectivo era materializar uma “ode a Catherine Dior”, a irmã do fundador da casa de alta-costura, Christian Dior. Joana Vasconcelos imaginou-a enquanto Valkyrie — uma guerreira da mitologia nórdica. O resultado foi uma “monumental escultura” têxtil, “inteiramente feita à mão, com cerca de 24 metros de extensão por sete de altura e cujo peso supera a tonelada”, explica a artista, no Instagram.

Para conceber a escultura, Joana Vasconcelos recebeu no seu atelier, em Lisboa, 20 tecidos da colecção, para que a arte dialogasse com as peças de Grazia Chiuri e falasse ao público sentado na primeira fila. “Enviei-lhe todas as flores encontradas nos arquivos. É a primeira vez que faço este tipo de colaboração com uma artista”, explicou a directora criativa da Dior.

A escultura preencheu a sala de desfile no Jardim des Tuileries, em Paris. “Celebra o diálogo entre os corpos presentes, a roupa habitada e o espaço em questão. Entre a alta-costura e as artes visuais”, declara Joana Vasconcelos. Os motivos florais dominam a obra de arte e evocam a própria Catherine Dior — uma florista que foi a Miss Dior original —, bem como a paixão de Christian Dior pela natureza, diz a marca, no descritivo da colecção.

“A moda é uma parte importante da minha vida. Para quem, como eu, começou a mostrar o seu trabalho nas Manobras de Maio de 1994, esta colaboração com a Dior é a concretização de um sonho”, celebra Joana Vasconcelos, na legenda da fotografia onde se mostra sorridente junto à obra.

New Look

A instalação fundiu-se com a proposta de Maria Grazia Chiuri, que fez uma viagem pelas origens da maison, também influenciada pelo primeiro aniversário da guerra na Ucrânia. “É a primeira vez que a minha geração está a viver uma guerra na Europa”, lembrou a criadora de 59 anos. Nesse sentido, virou-se para os anos 50 — o período do pós-guerra, que acredita ser semelhante ao que vivemos — e para a elegância dessa época, trazendo de volta o New Look de Christian Dior.

Essa década, reflectiu na conferência de imprensa, foi “um momento de existencialismo”, já que a “Europa era pobre”. Grazia Chiuri quis, simultaneamente, prestar uma homenagem às três musas do fundador da casa, as originais Miss Dior: além da irmã Catherine, as cantoras Edith Piaf e Juliette Gréco. O primeiro desenho feito pelo criador de alta-costura foi para a irmã e, em todas as colecções, havia um vestido dedicado à florista. Catherine representava “a resistência”, definiu a criadora: “Esteve num campo de concentração, nunca foi casada.”

Apesar de ter regressado ao passado, Maria Grazia Chiuri fê-lo com as técnicas do presente. As silhuetas dos anos 50 foram aligeiradas com materiais mais leves, mas que permitem manter imaculada a precisão da forma. “Mais leve, mais suave, mais fácil de usar”, garantiu. Os padrões florais não faltaram, claro, mas de uma forma desconstruída e menos óbvia, em tons invernosos.

“Estou muito confusa quanto aos tempos em que vivemos. Mas não estou confusa quanto ao meu trabalho. Os tempos são mais agressivos, mas tenho uma visão muito clara para a marca”, assegurou. E que visão é essa? “Penso em todas as coisas boas da indústria e como podemos avançar da melhor forma possível. Tento perceber a oportunidade do que a moda pode fazer.”

A Semana de Moda continua na cidade das luzes até 7 de Março. Nesta quarta-feira, destacam-se os desfiles da Balmain e da Paco Rabanne, onde se espera ver uma homenagem ao fundador da marca, que morreu a 3 de Fevereiro, aos 88 anos.

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