A female:pressure chegou a Portugal para combater a desigualdade de género na música

Organização female:pressure Portugal ocupa este sábado o Arroz Estúdios, em Lisboa, com música, arte e conversas sobre igualdade de género.

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A artista Mel das Pêras vai actuar na apresentação da female:pressure Portugal. female:pressure Portugal

A female:pressure, uma organização global que quer combater a desigualdade de género na música, chegou a Portugal. A primeira actividade, que acontece já neste sábado, dia 25 de Fevereiro, no exterior do Arroz Estúdios, em Lisboa, a partir das 18h, conta com actuações ao vivo e momentos de conversa onde se vão discutir temas relacionados com a diversidade, a inclusão e a igualdade de género na indústria musical portuguesa.

Entre os artistas confirmados com actuações pela noite dentro estão nomes como DJ Rosário, fundadora do colectivo LeFATALeS e da editora FemnØise, Sheri Vari, DJ e produtora lisboeta, e a artista emergente Mel das Pêras. Sara Wual, produtora e directora artística do ELA, a Dj Mayan e Cativo são outros nomes que fazem parte do cartaz do evento.

Haverá ainda um debate, moderado por representantes da FemnØise, uma organização que tem como objectivo aumentar a participação das mulheres na cultura, e da shesaid.so, uma rede internacional de mulheres na indústria musical. Pode ainda ser visitada uma exposição de Inês Brits, com curadoria de Marta Espiridião. De destacar ainda uma actuação da actriz Rita Amaral Duarte, onde a artista “questiona a tendência da sociedade para a uniformidade do feminino em detrimento da sua individualidade”, explica a associação num comunicado enviado ao P3.

A female:pressure, que começou por ser uma simples base de dados, foi criada em Viena pela DJ Electric Indigo, tendo como principal foco a música electrónica e a luta pela representatividade e igualdade de género neste sector. Com o passar do tempo, a associação cresceu e espalhou-se por várias cidades como Berlim e Copenhaga, chegando a Portugal no final de 2022.

“Para além desta vertente da organização dos eventos e de criar uma base de dados de artistas mulheres, pessoas não binárias e pessoas trans, queremos também documentar o que já foi feito em prol da diversidade cá”, explica Luísa Cativo, membro da female:pressure Portugal. Uma das missões passa por “usar a arte e a música como forma de mudar a sociedade”.

O relatório de 2022 da organização mostra que Portugal está no top 3 de países com menos diversidade de género nos cartazes de festivais de música electrónica. Luísa Cativo acrescenta que estes grandes eventos “não têm tanto essa preocupação ou, se a têm, é sempre de um ponto de vista de marketing e não do ponto de vista de sustentabilidade das comunidades à volta da cultura e da arte”. É nesta área que a female:pressure quer actuar, de forma a “mostrar a importância de investir na comunidade artística”, para além "da intenção de gerar mais lucro”.

Além de promover a igualdade de género e de oportunidades na música e na arte, a female:pressure Portugal quer encarar a cultura como uma forma de unir as pessoas. “Existem pessoas com um potencial artístico gigante, mas que por não terem meios financeiros para dedicarem à sua arte acabam por abandonar a criação artística”, explica Luísa Cativo, sobre a vontade que a organização tem de apoiar os artistas e educar as pessoas em geral para a importância deste sector na nossa sociedade.

O evento de apresentação tem, por isso, também o objectivo de angariar fundos para a realização de mais actividades que promovam o sector cultural em Portugal, dando especial destaque às questões de igualdade de género e equidade no meio artístico. Os bilhetes estão à venda e têm o custo de 14,10 euros.

Texto editado por Amanda Ribeiro

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