António Costa assume choque perante relatório de abusos sexuais na Igreja Católica

Primeiro-ministro avançou que as ministras da Justiça e do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social vão reunir-se com a comissão independente.

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O primeiro-ministro, António Costa LUSA/JOSÉ COELHO

O chefe do Governo considerou esta terça-feira que o relatório sobre abusos sexuais na Igreja Católica chocou toda a sociedade e anunciou que as ministras da Justiça e do Trabalho vão reunir-se com a comissão porque "há um conjunto de lições a tirar".

"Em primeiro lugar, acho que é um tema que obviamente choca toda a sociedade, que nos perturba a todos, sobretudo porque não sinaliza só abusos sobre crianças no seio da Igreja, ou nos espaços da Igreja, mas por ser uma realidade mais transversal à sociedade", disse António Costa esta tarde no Porto.

À margem de uma aula que deu esta terça-feira na Faculdade de Direito da Universidade Católica do Porto, intitulada "Novos desafios e constantes da geopolítica portuguesa", o primeiro-ministro avançou que as ministras da Justiça e do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social vão reunir-se também com a Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica.

"A senhora ministra da Justiça, a senhora ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social irão reunir também com a Comissão, porque acho que há um conjunto de lições a retirar para outros domínios, porque seguramente aquela realidade não aconteceu só naquele contexto específico", afirmou.

António Costa destacou ainda que a Igreja teve "coragem" e "transparência" para desenvolver este trabalho em profundidade.

"Acho que a Igreja teve uma grande coragem, uma grande transparência, uma grande ousadia para fazer este trabalho em profundidade, mas que nos obriga a todos a interrogarmo-nos sobre outros domínios, outros espaços", disse ainda o primeiro-ministro.

A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica recebeu 512 testemunhos validados relativos a 4815 vítimas desde que iniciou funções em Janeiro de 2022, anunciou o seu coordenador, Pedro Strecht, ao apresentar o relatório na segunda-feira.

Os casos de abusos sexuais revelados ao longo de 2022 abalaram a Igreja e a própria sociedade portuguesa, à imagem do que tinha ocorrido com iniciativas similares em outros países, com alegados casos de encobrimento pela hierarquia religiosa a motivarem pedidos de desculpa, num ano em que a Igreja se vê agora envolvida também em controvérsia, com a organização da Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa

Esta comissão enviou para o Ministério Público 25 casos de entre os 512 testemunhos validados recebidos ao longo do ano, anunciou nesta terça-feira o coordenador Pedro Strecht.

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