Na Praça do Império manteve-se “a tradição do império” e Marcelo está bem com isso

Obra de requalificação do jardim fronteiro ao Mosteiro dos Jerónimos, com os polémicos brasões coloniais, foi inaugurada esta terça-feira. Presidente da República não se opõe à solução.

#MVR Matilde Fieschi - Inauguração da Praça do império, Presidente da Republica Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da Câmara de Lisboa Carlos Moedas - 14 de Fevereiro de 2023.
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Marcelo Rebelo de sousa e Carlos Moedas esta terça-feira na inauguração da agora requalificadada área ajardinada próxima ao Mosteiro dos Jerónimos e ao CCBm MATILDE FIESCHI
#MVR Matilde Fieschi - Inauguração da Praça do império - 14 de Fevereiro de 2023.
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"A solução foi o compromisso de ficarem brasões, mas não os florais porque eram difíceis de manter", justificou o Presidente da República MATILDE FIESCHI
#MVR Matilde Fieschi - Inauguração da Praça do império, Presidente da Republica Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da Câmara de Lisboa Carlos Moedas - 14 de Fevereiro de 2023.
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Carlos Moedas e Marcelo Rebelo de Sousa juntaram-se para inaugurar uma obra que, admitiram, não é "consensual". MATILDE FIESCHI
#MVR Matilde Fieschi - Inauguração da Praça do império, Presidente da Republica Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da Câmara de Lisboa Carlos Moedas - 14 de Fevereiro de 2023.
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#MVR Matilde Fieschi - Inauguração da Praça do império, Presidente da Republica Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da Câmara de Lisboa Carlos Moedas - 14 de Fevereiro de 2023. MATILDE FIESCHI
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Presidente da República e autarca lisboeta visitaram ainda as hortas plantadas no jardim, em canteiros ladeados por lajes brancas MATILDE FIESCHI
#MVR Matilde Fieschi - Inauguração da Praça do império - 14 de Fevereiro de 2023.
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Este "jardim de plantas", como lhe chama a autarquia, é uma forma de "intensificar a relação com o Mosteiro dos Jerónimos" MATILDE FIESCHI

Os tapumes foram retirados e turistas e curiosos não tardaram a pisar os brasões inscritos em pedra e a sentar-se nas tão comuns cadeiras Arcalo dispostas aleatoriamente à volta da fonte monumental do renovado jardim da Praça do Império. Depois de uma discussão com vários anos e de longos meses de obra, a requalificação da área ajardinada próxima ao Mosteiro dos Jerónimos e ao Centro Cultural de Belém está finalmente concluída e inaugurada.

Para o presidente da Câmara de Lisboa, é um "trabalho extraordinário”; para o Presidente da República, é a "continuidade" em relação ao que os seus antecessores defenderam: "Na Praça do Império, manter a tradição do império."

Esta terça-feira, Carlos Moedas e Marcelo Rebelo de Sousa juntaram-se para inaugurar uma obra que, admitiram, não é "consensual". Guiados pela arquitecta paisagista responsável pelo projecto, Cristina Castel-Branco, demoraram-se nos brasões de Lisboa e nos de Beja e de Braga, em homenagem às respectivas origens de Carlos Moedas e de Marcelo Rebelo de Sousa.

Visitaram ainda as hortas plantadas no jardim, em canteiros ladeados por lajes brancas, onde se encontram alfaces, loureiros, morangueiros-bravos, macieiras e pereiras, romãzeiras e carvalhos ainda a medrar. Este "jardim de plantas", como lhe chama a autarquia, é uma forma de "intensificar a relação com o Mosteiro dos Jerónimos", uma vez que as mesmas espécies vegetais estão representadas em escultura na pedra do monumento.

Até chegar a este momento de devolução do espaço à população, muito se discutiu o projecto. Segundo o município, o "principal desígnio" da obra foi "recuperar o conceito original deste jardim histórico", criado por altura da Exposição do Mundo Português pelo arquitecto Cottinelli Telmo.

Quando a Câmara de Lisboa avançou, ainda em 2014, com a ideia de requalificação deste jardim, o plano não incluía a manutenção dos brasões coloniais, que ali tinham sido acrescentados em buxo em 1960-1961, por ocasião das comemorações dos 500 anos da morte do Infante D. Henrique. Previa-se então recuperar apenas o escudo português e o relógio de sol do jardim, mas a decisão acabaria por gerar uma onda de críticas. Uma petição pela manutenção dos brasões levou a autarquia a recuar na sua decisão e a garantir a preservação destes símbolos.

A solução apresentada em 2019 pelo gabinete ACB-Arquitetura Paisagista, o escolhido pelo município, propunha que os brasões vegetais passassem a ser esculpidos no solo em calçada portuguesa, numa “reinterpretação dos brasões das capitais de distrito” destinada a “valorizar a arte do calcetamento e, em simultâneo, preservar a memória dos desenhos florais plantados para as comemorações Henriquinas”.

A proposta não se revelou consensual, muito menos quando estes brasões aparecem identificados no local como referentes às “30 capitais de distrito de Portugal e antigas províncias ultramarinas", a que se juntam "os escudos da Ordem de Avis e da Ordem de Cristo”.

Para o Presidente da República, porém, a questão está ultrapassada. "A solução foi o compromisso de ficarem brasões, mas não os florais porque eram difíceis de manter, [e] havia dúvidas sobre a sustentabilidade. Estamos a descobrir que é uma solução que alarga o jardim, o número de bancos, a proximidade em relação à fonte, cria sombra e respeita a ideia que os meus antecessores em Belém sempre acharam muito bem, [de] na Praça do Império manter a tradição do império. Se eles acharam bem, quem sou eu para me opor?", disse Marcelo Rebelo de Sousa.

Para Carlos Moedas, que seguiu com a obra que já estava aprovada pelo anterior presidente Fernando Medina, este é um "trabalho extraordinário". "É um dia de alegria em que de uma vez por todas devemos, na política, deixar-nos de fricções sobre o passado e construir o futuro", sublinhou o autarca, respondendo a uma questão sobre a mensagem que a manutenção dos brasões coloniais pode passar.

"É respeitar o que foi a nossa História e olharmos com muito respeito e corrigir os erros do passado. Eu acho que é impossível olharmos para esta obra e não vermos como é tão bonita, tão única para a nossa cidade", notou o autarca da capital.

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