Ucrânia prepara mudança de ministro da Defesa

Oleksii Reznikov foi criticado a propósito de um esquema de corrupção no fornecimento logístico do Exército divulgado recentemente.

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Reznikov disse desconhecer qualquer plano para a sua substituição Reuters/STAFF

Quase um ano depois do início da invasão russa, a Ucrânia está a ponderar mudar de ministro da Defesa, mas a troca não deverá acontecer esta semana.

O líder do partido Servo do Povo, David Arakhamia, um dos aliados mais próximos do Presidente Volodymyr Zelensky, disse no domingo que o actual ministro da Defesa, Oleksii Reznikov, seria transferido para a pasta das Indústrias Estratégicas. Sendo nomeado para o seu lugar o general Kirilo Budanov, até agora chefe dos serviços secretos militares.

No entanto, esta segunda-feira, Arakhamia explicou que “não são esperadas mudanças no sector da Defesa durante esta semana”, através de uma mensagem na rede social Telegram. Zelensky não comentou o tema e Reznikov disse nada saber sobre o assunto.

Numa conferência de imprensa no domingo, Reznikov disse que fará aquilo que Zelensky determinar, mas numa entrevista televisiva ao fim da noite esclareceu que não aceitaria ficar à frente do Ministério das Indústrias Estratégicas por considerar não ter as qualificações necessárias para desempenhar esse cargo.

Não foi dada uma justificação para a mudança no Ministério da Defesa. Quando divulgou a intenção do Governo, Arakhamia apenas disse que “a guerra dita mudanças na política de pessoal”. A Reuters recorda que, de acordo com a legislação ucraniana, o ministro da Defesa deve ser um civil, o que impossibilita a nomeação de Budanov antes de este passar à reserva.

Reznikov tem sido um dos dirigentes ucranianos mais envolvidos nas negociações com os aliados ocidentais para o fornecimento de armamento para o Exército. As últimas conversações giraram em torno da cedência de tanques com tecnologia avançada pela Alemanha e pelos EUA, que Kiev considera fundamentais para travar futuras ofensivas russas no seu território.

Porém, a posição de Reznikov, um advogado de 56 anos que foi nomeado ministro pouco tempo antes do início da invasão, fragilizou-se nos últimos tempos, sobretudo com a descoberta de um esquema de corrupção no Ministério da Defesa. Em causa estava a aquisição de bens alimentares para as Forças Armadas a preços acima do valor de mercado.

Apesar de ter sido muito criticado, Reznikov não se viu implicado directamente no escândalo. O seu ministro-adjunto, Viacheslav Shapovalov, responsável pelo fornecimento logístico do Exército, demitiu-se no final do mês passado na sequência das acusações reveladas, embora tenha negado qualquer responsabilidade.

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