Alexandra Leitão quer chamar Medina e Vieira da Silva às negociações com os professores

Ex-ministra da Modernização do Estado entende que o ministro da Educação não devia ser o único a dar o “peito às balas”.

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Alexandra Leitão foi secretária de Estado Adjunta da Educação Rui Gaudencio

A deputada do PS e ex-secretária de Estado Adjunta e da Educação Alexandra Leitão entende que o ministro das Finanças, Fernando Medina, e a ministra Mariana Vieira da Silva (que tem a tutela da Administração Pública) deviam participar, juntamente com o titular da pasta da Educação, João Costa, nas negociações com os sindicatos dos professores e outros profissionais do sector.

“Este não é um problema da educação, é uma questão que tem a ver com várias carreiras da Administração Pública pelo que deveria ser tratado pelo Governo como tal e, não como eu tenho visto, com o ministro da Educação, ele sim, a dar o peito às balas nesta situação e a tentar uma aproximação que é muito difícil de fazer”, declarou neste domingo Alexandra Leitão, no programa da TSF e CNN Portugal O Princípio da Incerteza.

Questionada sobre se a greve dos professores pode acabar caso o Governo ceda na recuperação do tempo de serviço, que é considerada a linha vermelha para terminar com a greve dos docentes, a ex-ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública disse não saber responder, afirmando tratar-se de uma “situação bastante complexa” e aproveitou para zurzir no Sindicado de Todos os Profissionais da Educação (STOP).

“Sobre isso gostava de dizer que, quer o conteúdo da greve do STOP, quer a própria natureza da forma como tem sido gizada esta contestação, convoca-nos para uma discussão que tem a ver com uma desinstitucionalização da conflitualidade social e alguma perda de pé de alguns sindicatos mais tradicionais que, por mais duros que possam ser e eu já privei com sindicatos que são dos mais difíceis , na verdade, esses sindicatos não violaram a linha vermelha da intermediação dos seus associados e de uma certa desinstitucionalização do protesto”, declarou a ex-ministra.

Alexandra Leitão criticou o STOP por "rejeitar totalmente essa intermediação” e disse que a postura daquele sindicato é “equivalente a uma coisa inorgânica e, prova disso, é o facto de o STOP querer que as reuniões com os membros do Governo fossem transmitidas online, em directo (…).”

“É um exemplo de como estes sindicatos não servem para a institucionalização e a intermediação do protesto, mas sim para o contrário. Tem uma lógica completamente inorgânica e muito difícil de lidar com ela”, acrescentou a deputada socialista.

Alexandra Leitão diz entender que os professores estejam cansados — e que têm as suas razões e, “atendendo à situação positiva que o país vive", defende que "se poderia dar uma atenção a esta ou a outras carreiras da Administração Pública e que pode haver algumas cedências”. E perante a dimensão do conflito, deixa uma sugestão: “Não podemos ignorar o tipo de protesto que está aqui em causa e, por isso, acho que podemos estar no início de um tipo de uma conflitualidade social, relativamente à qual um partido como o Chega pode cavalgar e muito facilmente fazê-lo.”

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