“A simpatia da opinião pública pode virar-se contra os professores”, avisa Marcelo

O Presidente alertou para o perigo de este ano lectivo ficar “perdido” e pediu que tanto o Governo como os sindicatos façam uma “avaliação” da situação.

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O Presidente falou aos jornalistas no antigo picadeiro real, junto ao Palácio de Belém LUSA/TIAGO PETINGA

O Presidente da República alertou esta quarta-feira que "há um momento em que a simpatia que de facto há na opinião pública em relação à causa dos professores pode virar-se contra eles".

Em resposta a perguntas dos jornalistas, no antigo picadeiro real, junto ao Palácio de Belém, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa voltou a apelar a um entendimento entre o Governo e os sindicatos dos professores e manifestou-se preocupado com as consequências deste período prolongado de greves para famílias e alunos.

Interrogado sobre até quando é que o sistema de educação aguenta esta situação, o chefe de Estado respondeu: "Não é um problema de o sistema de educação aguentar, é o problema de ser um ano lectivo substancialmente perdido ou não."

"E essa é a avaliação que todos têm de fazer, até por isto: há um momento em que a simpatia que de facto há na opinião pública em relação à causa dos professores pode virar-se contra eles", considerou.

O Presidente da República acrescentou que, "como tudo na vida, também nestes processos, que são processos sociais, mas também políticos, há uma avaliação política que Governo, de um lado, e professores, do outro, e sindicatos, do outro, têm de ir fazendo".

Sobre o chumbo da lei da eutanásia pelo Tribunal Constitucional em resposta ao pedido de fiscalização preventiva do Presidente, Marcelo declarou que "respeita as decisões" porque "o que o tribunal diz está dito, é soberano e deve ser acatado e respeitado".

O Presidente lembrou ainda que votou a Constituição enquanto deputado e a ensinou como professor universitário de Direito Constitucional. "Portanto, tenho a exacta noção, não apenas pela função que exerço, mas por aquilo que conheço há 40 e tal anos, de que é essa a posição adequada", acrescentou.

Marcelo confirmou também que tenciona fazer um pedido de fiscalização preventiva ainda esta quarta-feira ao decreto do Parlamento que altera o regime jurídico das associações públicas profissionais.

Quanto à Jornada Mundial da Juventude, afirmou esperar que as entidades responsáveis encontrem "nas próximas semanas" uma solução "de bom senso" que concilie "o sucesso dessa jornada", que "é muito importante para Portugal", defendeu, com a actual situação de crise e guerra. Marcelo pediu ainda que os envolvidos cheguem a um resultado "eficaz" e "rápido".

Interrogado sobre a constituição de uma comissão parlamentar de inquérito à gestão da TAP, em discussão esta quarta-feira no Parlamento, o Presidente da República saudou "tudo o que seja a Assembleia a querer levar até ao possível a investigação sobre matéria de uma comissão parlamentar de inquérito", considerando que "vale a pena" e que "o Parlamento está em condições sempre por definição muito boas para exercer esse escrutínio".

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