Moedas admite rever projecto do altar-palco mas não sabe se é possível reduzir custos

Bispo que preside à fundação sabia dos custos ao pormenor? Presidente da Câmara diz não saber, nem revela conversas que possa ter tido com Marcelo.

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Carlos Moedas diz que nada estava feito quando chegou à Câmara de Lisboa LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, admitiu ao início da noite desta quinta-feira a possibilidade de rever os custos do projecto para o altar-palco que vai acolher o Papa Francisco durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que vai realizar-se em Lisboa, entre os dias 1 e 6 de Agosto. “Podemos rever o projecto e melhorar. Mas temos de fazer. Eventualmente ainda tentando reduzir custos. Não sei se é possível reduzir custos, o que sei é que é possível continuar a trabalhar”, disse o autarca na sequência da conferência de imprensa do bispo Américo Aguiar.

Moedas referiu-se ainda aos reparos da Igreja e de Marcelo. “Eu farei aquilo que entenderem tanto do lado da Igreja como do senhor Presidente da República. Respeito as opiniões. Faço o que for necessário. Aquilo que digo é que faltam 186 dias e temos de ir para a frente. Vamos ter 100 hectares em que estará um milhão e meio de pessoas. Nós vamos ter um palco em que vão estar mais de 190 países a olhar para Portugal. Naquele momento, Lisboa vai ser o centro do mundo. E isso tem um valor enorme para nós.”

Minutos antes, o bispo Américo Aguiar, que é também presidente da Fundação JMJ Lisboa, disse estar disponível para rever o projecto de construção do altar-palco e mostrou-se “magoado” com o custo – o projecto foi adjudicado à Mota-Engil por 4,2 milhões de euros mais IVA.

Sublinhando que não ouvira a conferência de imprensa do bispo, Carlos Moedas não quis alongar-se quando foi questionado pelos jornalistas sobre se Américo Aguiar havia sido informado previamente e em pormenor dos custos, assim como o Presidente da República. “Não tenho essa informação”, disse. E, quanto a Marcelo em concreto, rematou que “o presidente da Câmara de Lisboa não revela conversas privadas com o Presidente da República”.

"Não havia nada feito"

De resto, Moedas explicou que, quando chegou há um ano à Câmara de Lisboa, “não havia nada feito” e garantiu que não “ia falhar”. “Fui o primeiro político a referir o cuidado com os custos. Eu cheguei, e sabem que sou presidente da câmara há um ano, e a minha preocupação foi limitar os custos. Fui eu que disse que a câmara não pagaria mais de 35 milhões de euros. Portanto, a minha preocupação com os custos é total.”

Nesse ponto, Moedas aproveitou ainda para responder a José Sá Fernandes, ex-vereador da Câmara de Lisboa e coordenador do grupo de projecto de preparação, por parte do Estado, da JMJ, que antes dissera ter conhecido um projecto para o altar-palco de um milhão e meio. “Acho que esse senhor não está informado e está muito alheado da realidade. Não conheço esse projecto. E é muito triste que alguém responsável venha apresentar números errados”, criticou Moedas.

“Vamos ter aqui um sentido de dimensão. Vou só dar-lhes um exemplo. O representante do Governo disse que entre casas de banho e ecrãs estamos a falar de oito milhões de euros. Os lisboetas querem ou não o Papa no maior evento de sempre em Lisboa? Eu quero muito e vou fazer tudo por isso”, insistiu, recordando números de uma edição anterior do evento em Espanha. "Em Madrid investiu-se 60 milhões para ter retorno de 350 milhões. Esse retorno é na nossa economia. Tenho muito orgulho em fazer estas jornadas. O que podemos fazer é trabalhar. Sou o presidente da Câmara de Lisboa que tirou isto do zero. Vamos investir até 35 milhões de euros, ou isentado ou pagando. Todos estes eventos transformaram as cidades. Aquela zona vai ficar para o nosso futuro.”

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