Tanques britânicos devem chegar à Ucrânia até ao final de Março

Reino Unido vai fornecer 14 Challenger 2 ao Exército ucraniano. Secretário de Estado britânico diz que os carros de combate vão ajudar a defender e a reconquistar território aos russos.

Foto
Um tanque Challenger 2 britânico no campo militar de Tapa, na Estónia EPA/VALDA KALNINA

O Governo britânico acredita que os 14 tanques Challenger 2 que há duas semanas prometeu fornecer à Ucrânia para ajudar o seu Exército nos combates contra as tropas invasoras russas vão chegar ao território ucraniano até ao final do mês de Março.

A notícia foi dada esta quinta-feira, na Câmara dos Comuns do Parlamento britânico, por Alex Chalk, secretário de Estado da Defesa no executivo de Rishi Sunak, que revelou ainda que os soldados ucranianos que vão operar e tratar da manutenção dos carros de combate britânicos vão começar as sessões de formação “intensivas” já “na segunda-feira da próxima semana”.

“O objectivo é que [a chegada dos tanques à Ucrânia] aconteça até ao final de Março e que, entre agora e essa altura, haja um programa de treino – não só para as equipas de tanques que vão operar este veículo, mas também para aqueles que ficarão responsáveis pela sua manutenção”, explicou Chalk.

Citado pela ITV, o secretário de Estado disse ainda aos deputados que a expectativa do Governo e das Forças Armadas britânicas é a de que os Challenger 2 sejam importantes não só para ajudar o Exército ucraniano a “defender [o território] que já controla”, mas também para o ajudar a “expulsar” as tropas russas da Ucrânia.

A calendarização da entrega dos 14 tanques, apresentada pelo Governo conservador, surge pouco depois de os Estados Unidos e de a Alemanha terem confirmado que também vão enviar carros de combate para a Ucrânia.

Esta quinta-feira, foi a vez do Governo canadiano anunciar o envio de quatro tanques Leopold 2, de fabrico alemão, para a Ucrânia.

A diferença é que os 14 Leopard 2 alemães só devem estar operacionais e em condições de ser enviados para o terreno daqui a dois ou três meses, ao passo que, segundo a imprensa dos EUA, os 31 M-1 Abrams norte-americanos podem demorar “vários meses” a chegar à Ucrânia.

Terceira geração

Em acção desde meados dos anos 1990, os Challenger 2 são considerados tanques de “terceira geração”.

Segundo o website do Exército do Reino Unido, têm como principal objectivo “destruir outros tanques”, particularmente a longas distâncias, e costumam ser mobilizados em operações de “apoio a outros veículos em tarefas como as de reconhecimento e as de reabastecimento de munições”.

“Construído no Reino Unido pela Vickers Defence Systems, hoje BAE Systems and Land Armaments, [o Challenger 2] foi desenhado em 1986 como substituto do tanque Challenger 1, e está ao serviço do Exército britânico desde Julho de 1994”, informa a força.

“Já foi utilizado pelo Exército britânico em operações na Bósnia e Herzegovina, no Kosovo e no Iraque e nunca sofreu uma derrota às mãos do inimigo”, garante.

Com uma velocidade máxima de 59 quilómetros por hora, os Challenger dão prioridade ao poder de fogo. “Um dos seus pontos fortes é a capacidade para deixar os inimigos em choque” e levá-los a “separarem-se e a retirarem”, diz o Exército.

Para além do Reino Unido – e, daqui a umas semanas, da Ucrânia –, só Omã, na península arábica, tem carros de combate Challenger 2 nas suas fileiras. Mas, neste momento, há exemplares do carro de combate de fabrico britânico em missões da NATO nos Estados bálticos.

O Reino Unido é um dos países que tem estado na linha da frente do apoio ocidental ao esforço de guerra ucraniano. A saída de Boris Johnson – considerado por Kiev como um dos seus principais “amigos” – de Downing Street não fez esmorecer essa posição e Sunak já fez aprovar diversos pacotes de apoio importantes, como um, no valor de 57,5 milhões de euros, composto por material de defesa antiaérea e anti-drones.

Para além disso, o Partido Trabalhista, na oposição, tem dado respaldo a todas as decisões do Governo tory nesta matéria.

“O Reino Unido continua unido no apoio à Ucrânia”, afiançou esta quinta-feira a secretária de Estado para a Defesa do "governo-sombra” do Labour, Rachel Hopkins. “O primeiro pacote de assistência militar do Reino Unido para 2023 – com tanques, artilharia, veículos de infantaria, munições e mísseis – conta com o apoio total do Partido Trabalhista.”

Sugerir correcção
Ler 5 comentários