PS desvaloriza sondagem que põe o PSD à frente: avaliação dos portugueses será daqui a quatro anos

Líder da bancada do PS recusa falar em crise política do Governo e na ideia de que o partido esteja a ser castigado.

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Luís Montenegro ameaçou pedir directamente ao Presidente da República que convoque eleições LUSA/PAULO NOVAIS

O líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, desvaloriza a sondagem da Pitagórica para a TVI/CNN Portugal que atribui 30,6% das intenções de voto ao PSD e 26,9% para o PS, se as eleições legislativas se realizassem hoje. Eurico Brilhante Dias defende que os portugueses quiseram, em Janeiro do ano passado, dar uma maioria absoluta ao PS e, com isso, mostrar que só tencionam avaliar de novo o partido “ao fim de quatro anos”.

Quando comparados com a última sondagem da mesma empresa, os valores mostram que não são os sociais-democratas que sobem muito (apenas duas décimas), mas é o PS que sofre um tombo de nove pontos.

O presidente da bancada socialista recusa relacionar os números com as recentes polémicas em que o Governo está envolvido ou até falar em crise política”. “É uma frase sua, vincou, quando questionado pelos jornalistas sobre esse cenário. Diz que olha com atenção para toda a informação e também para as sondagens, mas frisa: Sem prejuízo da continuidade governativa e legislativa, os portugueses votaram no PS para governar quatro anos e para nos avaliarem ao fim de quatro anos. E é isso que continuaremos a fazer.

Apesar de, excluindo sondagens diárias durante a última campanha eleitoral, esta ser a primeira vez em sete anos (a última era da Aximage, em Março de 2016) que o PSD se encontra acima do PS nas intenções de voto, Eurico Brilhante Dias preferiu lembrar uma sondagem de meados de Janeiro do ano passado, em vésperas de eleições, que punha os sociais-democratas em vantagem – um estudo que, aliás, foi considerado por muitos como a mola para o resultado do PS.

Até foi bastante próximo de termos alcançado maioria absoluta, acrescentou, procurando desmistificar qualquer réstia de importância da distância, agora, entre os dois partidos.

Rejeitando a ideia de existência de uma crise política, o líder dos deputados socialistas lembrou que há 20 dias a sua bancada chumbou uma moção de censura e que a receita para fazer boa política é a humildade e escutar as pessoas.

Os portugueses votaram em 30 de Janeiro [no PS], querendo estabilidade, o PS no Governo e o primeiro-ministro, António Costa, a governar, sabendo que ao fim de quatro anos, naturalmente, em democracia, seremos avaliados.

Também a ministra da Presidência se pronunciou sobre a sondagem da Pitagórica. E também Mariana Vieira da Silva desvalorizou, citada pela Lusa, sublinhando que o Governo está concentrado na execução do seu programa. Nós aproximamo-nos do dia em que assinalamos um ano das últimas eleições e a mensagem muito clara que os portugueses deram há um ano, nessas eleições, foi a de estabilidade política e de procura do programa que apresentámos e estamos a desenvolver.

O líder do PSD, Luís Montenegro, que também fez essa leitura até há pouco tempo – e até foi assim que justificou o voto de abstenção dos sociais-democratas na moção de censura apresentada pela IL há três semanas –, mostrou na quarta-feira à noite que começa a mudar de opinião.

Luís Montenegro avisou que assim que considerar que o Governo não tem condições para prosseguirvai pedir ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para marcar eleições antecipadas. Mais uma vez, Brilhante Dias desvalorizou: Qualquer dia, qualquer dia... foi o que [Montenegro] disse.” E nesta quinta-feira Marcelo Rebelo de Sousa veio avisar que a maioria absoluta “não é um escudo protector ilimitado.

Mas o desdém acerca do resultado da sondagem não ficou por aqui: Brilhante Dias lembrou que foi dirigente do PS (no tempo de António José Seguro), quando o partido estava na oposição, e que nessa altura os socialistas ficaram “muitos anos à frente nas sondagens até haver eleições. E insistiu: “As sondagens devem ser olhadas com atenção, mas o que os portugueses quiseram e disseram nas urnas é que querem o PS no governo durante quatro anos.

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