Portugueses aplicaram perto de dois mil milhões em Certificados de Aforro

Taxa de juro acima dos 3% justifica forte procura do produto do Estado, que eleva stock dos certificados para 19.626 milhões de euros.

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Produto do Estado está a atrair poupança dos portugueses Ricardo Lopes

Já se esperava um aumento substancial de novas subscrições de Certificados de Aforro (CA) em Dezembro, depois do forte incremento verificado nos dois meses anteriores, e os dados não desiludiram. Os portugueses aplicaram 1994 milhões de euros, quase dois mil milhões de euros, no produto que, devido à subida da taxa Euribor a três meses, tem registado um aumento da sua taxa de rentabilidade.

Com mais um mês de subscrições recorde, o stock dos CA passou de 17.709 milhões de euros para 19.626 milhões de euros, um aumento de 57,1% face aos 12.490 milhões de euros registados a 31 de Dezembro de 2021.

A forte subida da taxa de remuneração explica a aposta no produto de dívida do Estado. As subscrições em Dezembro garantem uma taxa bruta de 2,842% (por três meses, sendo depois revista). Já a taxa em vigor para o corrente mês de Janeiro é de 3,088% brutos e 2,22% líquidos.

A taxa deste produto poderá atingir, muito brevemente, o valor máximo fixado, que é de 3,5% brutos. À taxa-base ainda acrescem prémios de permanência, no caso de serem mantidos durante alguns anos. Esses prémios de permanência correspondem a 0,5% a partir do segundo e até ao quinto ano, e de 1% do sexto até à data limite da “vida” do produto, que é de 10 anos.

Ao contrário de outros períodos, em que os resgates de CA eram muito significativos, em Dezembro ficaram-se por 78 milhões de euros.

A subscrição de novos certificados implica uma imobilização do capital durante três meses, mas depois podem ser resgatados a qualquer momento, não perdendo juros se esse levantamento coincidir com o trimestre de vencimento. Este é o único produto de aforro do Estado que capitaliza juros, o que também já não acontece com a grande maioria dos depósitos a prazo.

O aumento de subscrições do produto público tem gerado uma afluência muito superior ao habitual aos balcões dos CTT, uma situação que poderá mudar brevemente, uma vez o novo contrato de distribuição de dívida pública assinado por esta empresa e o IGCP (Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública), prevê “o desenvolvimento dos canais online” para colocação dos produtos de dívida pública, como é o caso dos CA.

Em sentido inverso está outro produto de poupança do Estado destinado aos particulares. Trata-se dos Certificados do Tesouro, onde algumas séries têm atingido a maturidade.

De acordo com os dados do IGCP, o saldo deste produto "perdeu" dois mil milhões de euros no último ano, passando de 17.949 milhões de euros em Dezembro de 2021 para 12.243 milhões de euros no final do mês passado. No último mês do ano, saíram 330 milhões de euros, parte dos quais pode ter sido direccionado para Certificados de Aforro, e entraram apenas 19 milhões de euros.

Aberto a novas entradas de dinheiro estão os Certificados do Tesouro Poupança Valor (CTPV), que oferecem uma taxa média de 1% brutos durante a duração da aplicação, que é de sete anos. A esta rentabilidade pode acrescer ainda, a partir do terceiro ano, um prémio em função do crescimento médio real do Produto Interno Bruto, até ao limite de 1,5%.

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