Economia da China cresce ao ritmo mais lento em quase 50 anos

O PIB chinês cresceu 3% no conjunto do ano de 2022, uma evolução que fica aquém da meta estabelecida pelo governo e que representa o segundo pior crescimento registado pela China desde 1976.

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A política de "covid zero" pressionou a actividade económica da China Reuters/TINGSHU WANG

Pressionada pela política de "covid zero" aplicada até recentemente no país, a economia chinesa ressentiu-se e registou, em 2022, o crescimento mais lento em quase meio século, excluindo o ano de 2020, que marca o início da pandemia. Ainda assim, os economistas antecipam uma aceleração do crescimento económico durante este ano.

De acordo com os dados divulgados nesta terça-feira pelas autoridades chinesas, citados pela Reuters, o produto interno bruto (PIB) da China aumentou 2,9% no quarto trimestre de 2022, em relação a igual período do ano anterior, uma variação que ficou aquém do crescimento de 3,9% que tinha sido registado no terceiro trimestre.

Assim, no conjunto do ano passado, a economia chinesa cresceu 3%, ficando aquém da meta de 5,5% que tinha sido estabelecida pelo governo de Xi Jinping, bem como das previsões feitas por várias instituições, incluindo o Fundo Monetário Internacional (FMI), que previa um crescimento de 3,2%. Ao mesmo tempo, e excluindo o aumento de 2,2% alcançado em 2020, ano em que a pandemia de covid-19 teve início e em que a actividade ficou paralisada, este é o pior crescimento registado pela economia chinesa desde 1976. Na última década, recorde-se, o PIB chinês tem registado variações entre os 6% e os 8% na maior parte dos anos.

A este indicador, juntam-se outros sinais que motivam preocupação quanto à evolução da segunda maior economia do mundo, como aqueles que se verificam no mercado imobiliário. Ainda segundo dados das autoridades chinesas divulgados esta terça-feira, o investimento em imobiliário na China caiu 10% no conjunto do ano de 2022, a primeira queda desde que estes dados começaram a ser recolhidos, em 1999, enquanto o número de vendas registou a maior quebra desde 1992.

Ao mesmo tempo, o volume de vendas de retalho caiu 0,2% no conjunto de 2022, ao passo que a produção industrial registou um crescimento de 3,6%, um resultado positivo que, ainda assim, também ficou aquém das expectativas.

Perante estes indicadores pode ler-se na nota divulgada pelo instituto nacional de estatística da China, as autoridades do país reconhecem a "ameaça" das pressões provocadas pela "contracção da procura, os choques do lado da oferta e as perspectivas mais fracas" de crescimento económico.

Apesar dos sinais de arrefecimento, os economistas continuam a antecipar uma recuperação ao longo deste ano. Um inquérito feito pela Reuters aponta para uma aceleração do crescimento a partir do segundo trimestre e para um aumento do PIB de 4,9% no conjunto de 2023, ano em que se espera que o fim da política de "covid zero" na China possa dar novo ímpeto à actividade económica e em que o governo chinês deverá manter as medidas de apoio ao sector imobiliário.

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