Benfica e Sporting repartiram prejuízo no derby

“Leões” estiveram a vencer por duas vezes, mas não conseguiram encurtar a distância que os separa do líder. “Encarnados” não capitalizaram domínio no segundo tempo e vêem concorrência aproximar-se.

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EPA/JOSE SENA GOULAO

O Benfica deixou o relvado inconformado porque perdeu os primeiros pontos na Liga no Estádio da Luz. O Sporting saiu de campo insatisfeito porque não conseguiu esbater a distância de 12 pontos que o separa do líder. O derby da 16.ª jornada do campeonato redundou em empate (2-2), porque os “leões” não conseguiram capitalizar os dois momentos em que estiveram em vantagem, e porque os “encarnados” não foram capazes de materializar o domínio que exerceram no segundo tempo.

Esperar para ver (ou aguardar pelo erro em vez de tentar provocá-lo), foi esta a tónica dos primeiros largos minutos de um derby que também é um clássico. Sem que houvesse surpresas no “onze”, no sistema ou na ideia de jogo de ambos os lados, o Benfica procurava atrair a pressão do rival a zonas mais altas para depois explorar a profundidade; já o Sporting ensaiava combinações por dentro para depois alargar nos corredores, especialmente no direito, feudo de Pedro Porro.

O primeiro beliscão no jogo surgiu de bola parada, com o lateral espanhol do Sporting a testar a atenção de Vlachodimos — algo a que o Benfica responderia na mesma moeda, já no último quarto de hora do primeiro tempo, com Grimaldo a obrigar Adán a aplicar-se, também de livre directo. E seria mesmo Porro a desenhar a rota para o golo inaugural, com uma diagonal interior e um passe que apanhou Aursnes desprevenido. Edwards ganhou a linha final, fez um cruzamento de recurso e Trincão e Bah dividiram o golo a meias (27’).

Minutos antes, havia sido o Benfica a dispor de duas ocasiões claras e de forma consecutiva, uma por João Mário (20’), a outra por Rafa (21’). Em ambos os casos Adán levou a melhor e em ambos os casos os “encarnados” acertaram no ataque à profundidade, claramente a via mais declarada para ferir o rival, até porque o Sporting era tremendamente competente a evitar que o adversário ligasse o jogo com passes verticais no corredor central (neste capítulo, Ugarte foi gigante).

Em desvantagem, o líder da Liga reagiu. Impôs um pouco mais de velocidade na circulação, mesmo sem o critério habitual, subiu as linhas de pressão, quase sempre com Gonçalo Inácio na mira (sem bola Aursnes foi muito útil), e chegou à baliza num lance de insistência, em que a capacidade de Rafa de acelerar em espaços curtos fez a diferença. Aos 37’, Gonçalo Ramos aproveitou a assistência para um desvio subtil, já na pequena área.

Até ao intervalo, ao Sporting interessava estancar a reacção e ao Benfica forçar a nota, em busca da reviravolta. Nos balneários, decidir-se-ia qual a estratégia a adoptar para o segundo tempo, se assente num grau de risco mais acentuado ou se mais especulativa, como é apanágio dos jogos de maior equilíbrio.

As incidências da partida trataram de dar vida própria ao derby, porém, quando António Silva carregou Paulinho pelas costas no interior da área. O lance obrigou à intervenção do VAR, Artur Soares Dias foi revê-lo ao monitor e apontou para a marca de penálti. Pedro Gonçalves assumiu a responsabilidade e recolocou o Sporting na frente do resultado.

Nesse aspecto, assistiu-se a uma espécie de remake da primeira parte, com uma reacção pronta do Benfica, mais destemido a subir as linhas de pressão à medida que Florentino ia crescendo. E aos 64’, 11 minutos depois de Vlachodimos ter ido buscar a bola ao fundo da baliza pela segunda vez, uma transição ofensiva resultou no empate. Florentino-Enzo-Grimaldo-Gonçalo Ramos. Quatro intervenientes, num lance tão expedito como bem construído, concluído à boca da baliza pelo melhor marcador do campeonato.

A partir desse momento, o Benfica tornou-se dono e senhor do jogo. O desgaste foi-se acumulando num Sporting que tinha cada vez menos bola (e os “leões” até chegaram ao intervalo com mais posse), os espaços foram aumentando e a capacidade das “águias” para ligarem por dentro apareceu com mais regularidade. Era hora de arriscar mais e Roger Schmidt lançou David Neres, mas o que surgiu em campo foi apenas uma sombra do criativo brasileiro, muito longe do momento de forma do início da temporada.

Ainda assim, essa opção foi suficiente para condicionar as escolhas de Rúben Amorim. Saiu Matheus Reis, Inácio passou para a esquerda do trio de centrais e entrou St. Juste para a direita. O Benfica, já com João Mário à esquerda, procurava alternar na exploração dos corredores, solicitando Grimaldo ou Bah para os cruzamentos. Ainda chegou a ameaçar por Otamendi (74’), de cabeça, e através de dois remates de fora da área, de João Mário, mas já faltava capacidade para furar a última linha leonina, especialmente atenta às movimentações de Rafa e de Neres.

Com excepção de duas ou três bolas longas, uma das quais deixou o jovem Chermiti em posição de remate (sem êxito), o Sporting já não existia ofensivamente. E o relativo conforto que mostrava a defender o empate parecia pouco compatível com a necessidade de encurtar distâncias face ao rival, já com o fim da primeira volta ao virar da esquina.

Tudo somado, chegava ao fim o derby com um 2-2 que deixou os dois grandes rivais de Lisboa com uma sensação de missão por cumprir, especialmente tendo em conta que serviu apenas os interesses do Sp. Braga e do FC Porto na Liga.

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