Mau tempo em Lisboa provocou 49 milhões de euros em prejuízos

Câmara de Lisboa apela ao Governo para que ajude a pagar a recuperação dos estragos provocados pelo mau tempo em equipamentos municipais. Município disponibiliza apoio num valor total de três milhões.

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Mau tempo provocou estragos avultados ANTÓNIO PEDRO SANTOS/Lusa

A precipitação intensa que se registou em meados de Dezembro em Lisboa provocou prejuízos na ordem dos 49 milhões de euros. É este o resultado do levantamento feito pelo município nas últimas semanas, que detalha ainda que 70% deste valor (34 milhões de euros) corresponde a prejuízos verificados em equipamentos e infra-estruturas municipais, quer geridos pela própria câmara, quer pelas juntas de freguesia. O restante corresponde a danos em habitações e em estabelecimentos comerciais que foram inundados.

Os números foram avançados pelo presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, em conferência de imprensa na tarde desta quinta-feira, na qual adiantou já ter remetido toda a informação ao Governo, através da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR LVT).

O autarca deixou ainda um apelo ao executivo de António Costa para que ajude o município a pagar a factura dos trabalhos que serão necessários para dar conta dos estragos provocados pelo mau tempo, pelo menos nos equipamentos municipais. O autarca sublinhou precisar da "ajuda máxima" do Governo porque tem "um orçamento a respeitar", esperando que a “instabilidade enorme” que o executivo nacional enfrenta “não prejudique a rapidez” no apoio.

De acordo com os dados apresentados por Carlos Moedas, 279 famílias reportaram danos nas suas casas, no valor total de 3,8 milhões de euros. No comércio, os danos são ainda mais avultados, tendo sido reportadas 338 ocorrências, na ordem dos 11,2 milhões de euros.

Na cidade, a autarquia estima os prejuízos totais nos 34 milhões, incluindo aqui as 112 ocorrências registadas em equipamentos municipais, geridos pela própria câmara, e as 47 registadas em equipamentos sob a responsabilidade das juntas de freguesia. Noutras infra-estruturas, o município apurou 103 ocorrências em locais sob a sua gestão e 45 nas que estão sob alçada das juntas.

Presente na sessão, a directora da Unidade de Coordenação Territorial, Helena Caria, deu como exemplo de danos os abatimentos de piso ocorridos na Rua da Prata, na Avenida Infante Dom Henrique, junto às Amoreiras, na Rua Morais Soares e em Benfica. "Houve ainda vários deslizamentos e taludes instáveis, como na zona de Chelas, onde ainda não é possível mexer", disse.

Há também ainda estragos em telhados de escolas como a Mestre Querubim Lapa, e no Palácio Baldaya. E Moedas teme que os efeitos das chuvas intensas se prolonguem, causando ainda mais prejuízos: "Os efeitos das inundações ainda estão a acontecer."

São estes trabalhos de recuperação da cidade que Moedas gostaria de ver em "pelo menos 70 ou 80%" comparticipados pelo Governo, dizendo estar em contacto constante com a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa. "O Governo tem de ser rápido em relação à cidade de Lisboa. Nós representamos a entrada no país. Os nossos habitantes e a nossa economia têm de ser acautelados. Não pode ser a câmara sozinha a resolver", atirou o autarca.

Prejuízos no país rondam os 175 milhões

Em relação ao apoio às famílias e aos comerciantes afectados pelas chuvas fortes, o município aprovou, no final do ano passado, uma verba conjunta de três milhões de euros. As famílias poderão receber 1000 euros ou 2000 euros (se tiverem a seu cargo idosos e menores), num bolo total de 2,26 milhões de euros.

Aos comerciantes estão destinados 740 mil euros e poderão receber uma comparticipação financeira de 20% do valor estimado para reparações, reposição de stocks ou compra de novos equipamentos, até ao limite máximo de 10.000 euros.

Os que quiserem aceder ao apoio terão de fazer o registo no site www.lisboa.pt/recuperarmais e submeter uma série de documentos. Posteriormente, será feita uma avaliação para aferir a dimensão dos estragos.

No caso do apoio atribuído às famílias, este será articulado com a Cáritas e com a Cruz Vermelha. E o município estará disponível para reforçar este fundo, caso se venha a justificar. "Daqui a três meses vamos ver se é preciso dar mais. Decidimos na altura", disse Moedas.

De acordo com um balanço feito pela Lusa, as chuvas fortes de Dezembro causaram prejuízos de, pelo menos, 175 milhões de euros nos distritos de Lisboa, Portalegre e Faro. Os 21 municípios mais afectados têm estado a comunicar a dimensão e o valor estimado dos danos ao Governo.

Em Loures, o valor dos estragos é de 32 milhões de euros, em Oeiras de 19 milhões, em Cascais de 18 milhões, em Odivelas de seis milhões e na Amadora de dois milhões.

No distrito de Portalegre, os estragos rondam, pelo menos, os 47 milhões, e em Faro, no Algarve, as chuvas causaram prejuízos superiores aos dois milhões de euros.

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