Príncipe Harry: “Gostaria de ter o meu pai e o meu irmão de volta”

Numa entrevista à ITV, que será transmitida no próximo domingo, o duque lamenta não ter havido por parte do rei Carlos nem do príncipe William “qualquer vontade de reconciliação”.

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A 8 de Janeiro, assinalam-se três anos desde o anúncio da renúncia aos deveres reais de Harry e Meghan Reuters/ANDREW KELLY

“Gostaria de ter o meu pai de volta; gostaria de ter o meu irmão de volta.” O desabafo é do príncipe Harry, o filho mais novo do rei Carlos III de Inglaterra e quinto na linha de sucessão ao trono, depois do irmão, William, e dos sobrinhos, George, Charlotte e Louis.

Numa entrevista à ITV, que antecede o lançamento das memórias do príncipe (o livro Spare ​— Na Sombra, na tradução portuguesa sob a chancela da Objectiva — chega aos escaparates no próximo dia 10), o duque avalia que a situação entre si e a família “não precisava de ser assim”, declarando desejar ter “uma família, não uma instituição”. Mas reconhece, na conversa com o jornalista Tom Bradby (o mesmo que perguntou a Meghan se estava bem durante a digressão sul-africana),​ que o caminho para a paz não será fácil, acusando a ausência de vontade de reconciliação por parte dos restantes membros da família real.

Harry e Meghan, oficialmente conhecidos por duque e duquesa de Sussex, renunciaram aos deveres reais em Janeiro de 2020, situação que viria a ser regularizada em finais de Março, com a partida do casal para a América do Norte (acabariam por decidir fixar residência nos EUA, na soalheira Califórnia). Curiosidade: o dia da transmissão da entrevista assinala o 3.º aniversário do anúncio.

Desde então, criticaram a forma como foram tratados como membros da família real, incluindo uma acusação de Harry de que o seu irmão, William, príncipe de Gales, gritou consigo durante uma reunião para discutir o seu futuro. Sobre Carlos III, Harry deu a entender que a fuga de informação sobre os seus planos partiu do monarca.

Estes são temas que poderão ser reavivados numa outra entrevista à norte-americana CBS, que também será transmitida no dia 8 de Janeiro. Ao jornalista Anderson Cooper, Harry avalia o “silêncio” do Palácio sempre que a sua mulher foi atacada pelos media como uma “traição”. Até porque: “O lema da família é ‘nunca reclamar, nunca explicar’, mas é apenas um lema.”

De acordo com o príncipe, “houve briefings e fugas de informação e histórias foram plantadas” contra si e a sua mulher, algo que já tinha explorado na série documental Harry & Meghan, da Netflix.

Explica Harry: “[O Palácio de Buckingham] irá alimentar ou ter uma conversa com um correspondente, e esse correspondente será literalmente alimentado com informações e escreverá a história e no fim dirá ter contactado o Palácio de Buckingham para comentários. Mas a história completa é o Palácio de Buckingham a comentar.”

Na Sombra é descrito pela editora como um livro “histórico”, construído com uma “honestidade crua e inabalável”. Os materiais de promoção acrescentam que o príncipe fala pela primeira vez sobre o momento em que caminhou, ao lado de William, atrás do caixão da sua mãe, a princesa Diana, que morreu em 1997, quando Harry tinha somente 12 anos.

No entanto, apesar da expectativa, os biógrafos reais acreditam que o duque irá poupar o pai, que actualmente se senta no trono britânico. Já da parte de Carlos III não se espera qualquer tipo de reacção, tendo o monarca deixado claro o papel de Harry e Meghan no seio da família quando, no dia a seguir à morte de Isabel II, na sua comunicação oficial, declarou: “Quero também expressar o meu amor por Harry e Meghan enquanto continuam a construir as suas vidas no estrangeiro.”

A omissão de títulos, tal como Isabel II já usara na sua declaração a anunciar a extinção dos deveres reais dos dois (“Harry, Meghan e Archie serão sempre membros muito queridos da minha família”), mostra que o monarca não pretende despender muito tempo com a questão.

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