Dez cuidados a ter com chuva forte e risco de cheias

Há chuvas fortes, vento, trovoada e agitação marítima a afectar o país. Que cuidados devemos ter?

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A chuva forte tem causado cheias por todo o país, sobretudo na zona de Lisboa António PEDRO SANTOS/LUSA

A chuva forte e persistente tem deixado distritos em alerta por causa do mau tempo e causou cheias e estragos nas últimas semanas, sobretudo na região de Lisboa. Para enfrentar a intempérie, a Protecção Civil apresentou uma série de recomendações para lidar com o tempo chuvoso. Sendo este o cenário para estes próximos dias, que recomendações existem?

Evitar atravessar zonas inundadas

A principal recomendação da Protecção Civil é “cautela”. As populações devem evitar “atravessar zonas inundadas, de modo a precaver o arrastamento de pessoas ou viaturas para buracos no pavimento ou caixas de esgoto abertas”, refere a ANEPC. É ainda importante ter atenção quando se circula ou se permanece em zonas com árvores, “estando atento para a possibilidade de queda de ramos e árvores” por causa do vento forte.

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Trabalhos de limpeza em Algés no dia seguinte às chuvas da semana passada. Na foto, Carlos Vareta, comerciante, na cave que funciona como armazém de materiais de construção civil Guillermo Vidal

Isto porque as condições meteorológicas tornam provável que haja inundações sobretudo em zonas urbanas, “causadas por acumulação de águas pluviais e obstrução dos sistemas de escoamento”. A Protecção Civil resume: “Não se exponha a zonas afectadas pelas cheias”.

Ter atenção a zonas ribeirinhas

A Protecção Civil pede “especial cuidado” ao circular junto a zonas ribeirinhas, sobretudo se forem historicamente mais vulneráveis a estes fenómenos de inundações. É recomendado que se evite “a circulação e permanência nestes locais”.

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Zona de Miragaia, no Porto, em 2019 Anna Costa/ARQUIVO

Desobstruir escoamentos e ter atenção a objectos soltos

A chuva forte e a infiltração de água podem ainda criar “instabilidade” que leve a deslizamentos ou derrocadas, podendo ser agravados se acontecerem depois de “incêndios rurais ou artificialização do solo”.

Assim, a Protecção Civil recomenda que se garanta “a desobstrução dos sistemas de escoamento das águas pluviais e a retirada de inertes e outros objectos que possam ser arrastados ou criem obstáculos ao livre escoamento das águas”. É ainda importante “garantir uma adequada fixação de estruturas soltas”, como andaimes, placards ou outras estruturas suspensas.

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Bombeiros fazem uma limpeza de emergência de sarjetas no Porto Paulo Pimenta

Ter uma condução defensiva

Com este tempo, quem circular nas estradas deve adoptar uma “condução defensiva”: há que reduzir a velocidade e ter atenção à água nas vias. A Protecção Civil refere ainda que o piso rodoviário pode estar escorregadio e que é provável que haja formação de lençóis de água.

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Evite conduzir em túneis e pisos inferiores Daniel Rocha

Se conduzir, é importante que se assegure que tem boa visibilidade e deve evitar túneis. Se o carro ficar submerso numa zona sensível, não deve tentar salvar a viatura.

Se possível, ficar em casa

Como existe risco de cheias rápidas e possibilidade de embater em objectos à solta ou de não ver buracos no chão, é importante tentar ficar em casa e esperar que o mau tempo passe. Ainda assim, é preciso cuidado se morar em caves ou pisos inferiores – se possível, opte por subir para pisos mais elevados.

Caso se encontre em perigo e seja arriscado sair de casa, chame os serviços de socorro. Se houver cheias na sua habitação, tente desligar a luz e os electrodomésticos que possam estar molhados.

Afaste-se do mar

Outro conselho da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil é não praticar actividades relacionadas com o mar, como pesca desportiva, desportos náuticos e passeios à beira-mar. Também não se deve estacionar o carro ou outros veículos muito próximos da orla marítima, alerta a ANEPC.

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É preciso atenção redobrada em zonas junto ao mar. Na foto, praia da Agudela Paulo Pimenta

“Estar atento”

Como referido no SMS enviado pela Protecção Civil à população de alguns dos distritos mais afectados, uma das recomendações é “estar atento” ao tempo. A Protecção Civil refere que pode haver “arrastamento para as vias rodoviárias de objectos soltos ou desprendimento de estruturas móveis ou deficientemente fixadas” por causa do vento forte ou da chuva. Tudo isto pode “causar acidentes com veículos em circulação ou transeuntes na via pública”.

Acompanhar a meteorologia

Como esta situação acontece “devido à aproximação de uma depressão a Portugal continental”, à qual estão associadas massas de ar tropicais, instáveis e com elevados conteúdos de vapor de água, o IPMA recomenda que vá acompanhado o estado do tempo. Tendo em conta as “situações de instabilidade” e alguma incerteza na forma como a chuva pode atingir o território, o IPMA refere que deve haver um “acompanhamento da previsão e avisos meteorológicos para os próximos dias”.

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Se sentir que está em perigo, chame os serviços de socorro Guillermo Vidal

Manter a calma

Se vive numa zona vulnerável a cheias, tente manter a calma e dar apoio a crianças, idosos, pessoas com deficiência, acamadas e outros grupos mais vulneráveis. Na iminência de uma cheia, pode transferir os alimentos e objectos de valor para pontos mais altos da casa e acondicionar num saco de plástico objectos pessoais e documentos importantes, como se lê no Plano Municipal de Emergência e Protecção Civil de Reguengos de Monsaraz.

O plano refere ainda que se deve preparar para a necessidade de ter de abandonar a casa ou ter de ser retirado e que não deve caminhar descalço nem visitar os locais mais atingidos. Caso tenha mesmo de sair de casa, leve um pau ou uma vassoura para o “guiar” nas águas e não embater em objectos ou cair em buracos. Além disso, não se deve entrar em zonas caudalosas pois existe “o risco de não conseguir suportar a força da corrente, além de poder ocorrer uma subida inesperada do nível da água”.

E depois das cheias?

Se a sua habitação foi afectada pelas cheias, só deve regressar a casa depois de lhe ser dada essa indicação por parte da Protecção Civil, lê-se no Plano Municipal de Emergência e Protecção Civil de Reguengos de Monsaraz. Ao entrar em casa, deve fazer uma inspecção e verificar se a casa ameaça ruir. Se sim, não entre.

É ainda importante que “não pise nem mexa em cabos eléctricos caídos”, já que a água é condutora de electricidade. Deve usar calçado e, se tiver, luvas de protecção. É também importante que não consuma a comida ou medicamentos que estiveram em contacto com a água das cheias, pois podem estar contaminados.

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