Inflação dá sinais de ligeiro abrandamento em Novembro

Apesar de mais uma subida mensal dos preços de 0,3%, a taxa de inflação homóloga passou do máximo de 10,1% de Outubro para 9,9% em Novembro

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Inflação homóloga registou ligeiro recuo em Novembro Paulo Pimenta

O recuo nos preços da energia contribuiu decisivamente para que a taxa de inflação homóloga em Portugal registasse uma ligeira redução durante o mês de Novembro, acompanhando a tendência verificada a nível europeu.

De acordo com a estimativa rápida do INE publicada esta quarta-feira, os preços dos bens e serviços em Portugal até voltaram a aumentar entre Outubro e Novembro. Mas a subida mensal de 0,3%, mais moderada do que as variações de 1,2% registadas tanto em Setembro como em Outubro, permitiu que a variação dos preços face ao mesmo mês do ano passado passasse dos 10,1% de Outubro (que foram o máximo em quase três décadas) para 9,9% em Novembro.

A descida deste indicador é a primeira desde Agosto, representando um dos primeiros sinais de que a tendência de escalada da inflação em Portugal que se verifica desde meados do ano passado possa estar agora a começar a atingir o seu pico. Sinais que terão de ser confirmados durante os próximos meses.

Esta quarta-feira, também se ficou a saber que, no total da zona euro, o mês de Novembro foi igualmente de abrandamento da inflação. Um abrandamento até mais significativo do que aquele que ocorreu em Portugal.

De acordo com os dados publicados pelo Eurostat, registou-se uma descida de 0,1% nos preços face a Outubro e a taxa de inflação homóloga harmonizada na zona euro passou de 10,6% para 10%, a primeira descida deste indicador nos últimos 17 meses.

De notar que, quando se utiliza o indicador comparável, Portugal apresenta agora uma inflação mais elevada do que a média da zona euro, já que a inflação homóloga harmonizada em Portugal passou de 10,6% em Outubro para 10,3% em Novembro.

Em Espanha, o mesmo indicador caiu de 7,3% em Outubro para 6,6% em Novembro, o valor mais baixo entre os 19 países da UE para os quais já há dados disponíveis. Na Alemanha, a inflação passou de 11,6% para 11,3%, em Itália de 12,6% para 12,5%, mantendo-se inalterada nos 7,1% em França.

O recuo na inflação da zona euro foi mais significativo do que o esperado pelos analistas e deverá acentuar as expectativas de que o Banco Central Europeu, depois das últimas subidas de taxas de juro de 0,75 pontos percentuais, abrande também um pouco o ritmo a que está a endurecer a sua política monetária, elevando as taxas de juro em 0,5 pontos percentuais na próxima reunião do conselho de governadores, marcada para Dezembro.

A limitar o entusiasmo com a descida da inflação registada em Novembro, está o facto de tal se ter devido essencialmente ao recuo dos preços dos bens energéticos, continuando a verificar-se, nos outros bens, uma persistência muito clara das pressões inflacionistas.

Também em Portugal, foram os preços da energia, que dispararam ao longo do ano, os principais responsáveis pelo ligeiro recuo da inflação.

De acordo com o INE, os preços dos produtos energéticos caíram 1,5% entre Outubro e Novembro, o que conduziu ainda a uma diminuição da inflação homóloga de 27,6% em Outubro para 24,8% em Novembro, o principal contributo para a descida também verificada a nível global.

Já no que diz respeito aos produtos alimentares não transformados, os preços mantiveram a sequência de 15 meses consecutivos de subidas, aumentando 0,6% face a Outubro. Tal não impediu, todavia, que a variação homóloga apresentasse também uma ligeira descida, de 18,9% para 18,4%.

A inflação homóloga excluindo habitação situou-se nos 7,46%. Este indicador, juntamente com a evolução da economia, determina o aumento das pensões em 2023.

Os dados agora divulgados são ainda provisórios, os números definitivos serão publicados a 14 de Dezembro pelo INE.

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