É dia de um Espanha-Alemanha no Mundial

Várias selecções podem assegurar um lugar nos “oitavos” neste domingo.

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Treino da selecção espanhola EPA/NEIL HALL

Segunda jornada dos Grupos E e F, com um apetecível Espanha-Alemanha a destacar-se. Os espanhóis, bem como a Bélgica e Japão, estarão menos pressionadas devido à vitória na jornada inaugural. Pelo contrário, Alemanha, Croácia, Canadá, Marrocos e Costa Rica procuram pontos que os mantenham numa posição ainda qualificável para os oitavos-de-final.

Espanha-Alemanha

O encontro que mais expectativas gera neste domingo opões duas selecções que já ergueram a Taça do Mundo neste século. Mas a situação presente é bem diferente para ambas: a Alemanha tenta reerguer-se depois do desaire frente ao Japão, enquanto a Espanha procura assegurar já a passagem aos oitavos-de-final, após dizimar a Costa Rica.

Dani Olmo, Marco Asensio, Gavi, Carlos Soler, Alvaro Morata e Ferran Torres, por duas vezes, foram os marcadores de serviço.

Três jogadores entraram para a história da “Roja": Torres assinou o 100.º golo da selecção em Mundiais; Gavi, de 18 anos, é o mais jovem marcador num Mundial desde Pelé, em 1958; e Sergio Busquets tornou-se no oitavo futebolista a disputar um Mundial 12 anos após integrar a equipa que, em 2010, conquistou o título, imitando os italianos Daniele Massaro e Franco Baresi, o francês Thierry Henry, os brasileiros Pelé, Cafu e Ronaldo, e o uruguaio William Martinez.

Não se espera as mesmas facilidades para a selecção de Luis Enrique, mas também é um facto que na última vez em que se encontraram, em Novembro de 2020, para a Liga das Nações, os espanhóis infligiram um doloroso 6-0 à Alemanha. Aliás, desde o Euro 1988, a Espanha só perdeu uma vez com a equipa alemã – um particular em 2014 – em sete embates.

O seleccionador alemão Hansi Flick admitiu estar sob pressão. Quatro anos após ser eliminados na fase de grupos na Rússia, a “Mannschaft” volta a estar em risco de mais um humilhante desaire, tendo em conta o seu passado, onde se contabilizam quatro títulos mundiais (1954, 1974, 1990 e 2014).

Mas, ao mesmo tempo, Hansi Flick revela-se optimista. Leroy Sané esteve ausente devido a lesão no joelho direito, mas já voltou a treinar-se pelo que poderá ser uma alternativa. Mas o “onze” que se apresentou diante do Japão deverá receber novamente a confiança de Flick.

Japão-Costa Rica

O Japão quer dar seguimento à histórica vitória (2-1) sobre a Alemanha, em contraste com a Costa Rica que pretende apagar a má imagem deixada pela pesada derrota (0-7) frente à Espanha. O seleccionador Hajime Moriyasu não quis entrar em euforias e tentou manter o grupo estável. Até porque, em 2010 e 2018, o Japão não conseguiu somar uma segunda vitória consecutiva na fase de grupos.

Dois dos oito japoneses que actuam na Alemanha, Ritsu Doan (Friburgo) e Takuma Asano (Bochum) foram os autores dos famosos golos. Este último, que saltou do banco, é candidato ao “onze” inicial, no lugar de Daizen Maeda. Os defesas Hiroki Sakai e Takehiro Tomiyasu estão em dúvida. Em contrapartida, o médio do Sporting, Hidemasa Morita, ausente do jogo inaugural, está disponível.

Os “samurais” já passaram a fase de grupos do Mundial por três vezes, tendo sido sempre travados nos oitavos-de-final: 2002 (eliminados pela Turquia), 2010 (Paraguai) e 2018 (Bélgica). Sabendo que tem de defrontar a forte Espanha na última jornada da fase de grupos, o Japão vai querer garantir o apuramento, até porque, nos cinco confrontos anteriores, todos não oficiais, o Japão venceu em quatro ocasiões, sendo a última em Setembro de 2018, por 3-0.

A Costa Rica está pela terceira vez consecutiva no Mundial. O melhor resultado surgiu em 2014, quando chegaram aos quartos-de-final, depois de vencerem a “poule” (onde estavam igualmente Uruguai, Itália e Inglaterra) e, nos oitavos, a Grécia (por penaltis), antes de cederem diante da Holanda.

O seleccionador de Los Ticos, Luis Fernando Suarez, quer uma melhor resposta por parte da sua equipa e também sabe que na última jornada terá a, teoricamente, mais forte Alemanha pela frente, pelo que deverá não fazer alterações em relação ao onze apresentado diante da Espanha.

Bélgica-Marrocos

No jogo de estreia, a Bélgica conseguiu traduzir no marcador a sua superioridade sobre o Canadá, mas deve ao guarda-redes Thibaut Courtois a defesa de um penálti, ainda a 0-0. Michy Batshuayi foi o herói, graças ao golo que valeu três pontos e deixam os belgas menos pressionados para o segundo encontro com Marrocos.

Batshuayi, avançado do Fenerbahce, substituiu Romelu Lukaku, goleador da selecção com 68 golos (em 102 presenças), dos quais cinco em Mundiais. Lukaku a recuperar de uma lesão contraída no final de Agosto, poderá regressar diante de Marrocos.

Contudo, foi Kevin De Bruyne que recebeu a distinção de “Man of the Match” no primeiro encontro. Mas o capitão belga não ficou contente com a exibição da sua equipa e acredita que podem elevar o nível de jogo que mostrou nas recentes exibições.

A Bélgica venceu todos os encontros das fases de grupos em 2014 e 2018, onde terminou no terceiro lugar, e vai numa série invicta de oito vitórias nesta fase – o melhor registo de todas as selecções neste Mundial. O treinador Roberto Martínez fez uma opção quando lançou Amadou Onana diante do Canadá e o médio, que se transferiu este Verão para o Everton, é candidato a fazer dupla com Witsel à frente da defesa.

A experiência dos belgas é um dos pontos fortes desta selecção; é a equipa no Qatar com maior número de jogadores com mais de 100 internacionalizações: Jan Vertonghen (141), Axel Witsel (126), Toby Alderweireld (123), Eden Hazard (122), Dries Mertens (106) e Romelu Lukaku (102). Thibaut Courtois (96) e Kevin De Bruyne (93) não estão longe.

À procura da primeira vitória está Marrocos depois de um empate sem golos com a Croácia. Regressados a uma fase final após quatro tentativas falhadas, os marroquinos já contam com um ponto, tanto como em toda a campanha de 2018. No entanto, o jejum de golos em Mundiais mantém-se; só em nove dos 17 encontros já realizados, conseguiram marcar.

Tal como as outras selecções árabes e do Norte de África, os Leões do Atlas sentem-se em casa no Qatar e podem contar com bastante apoio nas bancadas, de marroquinos que partilham a expectativa de igualarem o resultado obtido em 1986, quando chegaram aos oitavos-de-final, com uma única vitória, sobre Portugal (3-1) – o único outro sucesso de Marrocos em Mundiais, aconteceu em 1998, frente à Escócia.

Nesta edição, o seleccionador Walid Regragui pode contar com jogadores com experiência europeia ao mais alto nível, a começar pelo melhor guarda-redes da Liga espanhola na última época, Yassine Bounou (Sevilha), mas também Achraf Hakimi (PSG), Romain Saiss (Besiktas), Nayef Aguerd (West Ham), Noussair Mazraoui (Bayern de Munique) e Hakim Ziyech (Chelsea).

Na única vez que se encontraram num Mundial, em 1994, a Bélgica venceu, por 1-0.

Croácia-Canadá

A Croácia parte favorita para o duelo com o Canadá. Uma situação idêntica ao que sucedeu na jornada inaugural, frente a Marrocos, mas que acabou num nulo. Apenas cinco remates em todo esse encontro é um número que não conjuga com o estatuto da equipa croata, finalista no último Mundial e presente nas meias-finais da presente Liga das Nações.

Zlatko Dalic admitiu falta de coragem ofensiva, mas, mais uma vez, ficou confirmada a solidez defensiva, base dos registos com que chegaram ao Qatar: somente uma derrota nos últimos 17 encontros disputados desde o Euro 2002 e dois golos sofridos nos derradeiros seis jogos.

Uma boa notícia para o seleccionador croata foi o facto de Nikola Vlasic ter-se treinado sem problemas, depois de ter saído ao intervalo no jogo inaugural. Mas ainda não é certo se o médio que actua no Torino vai voltar aos titulares. Seguros, estão as estrelas Luka Modric, Ivan Perisic, Marcelo Brozovic e Mateo Kovacic.

Alphonso Davies podia ter feito história para o Canadá, que nunca marcou um golo em Mundiais, só que desperdiçou um penálti, aos 10 minutos, que impediu os canadianos de se colocarem na frente do marcador frente à Bélgica. Resta saber se o avançado do Bayern Munique recuperou psicologicamente e fisicamente, de uma pequena lesão na virilha.

Mas a exibição frente aos belgas deu alguma confiança aos jogadores orientados por John Herdman que vai poder contar com Milan Borjan e Stephen Eustáquio, recuperados.

Atiba Hutchinson, de 39 anos, deverá ser o primeiro canadiano a atingir a 100.ª internacionalização. Se o seleccionador dos Canucks acreditar que o médio do Besiktas está fisicamente apto, então Hutchinson tornar-se-á no mais velho jogador de campo a actuar como titular num Mundial, batendo o recorde do argentino Angel Labruna, que data de 1958 – o camaronês Roger Milla jogou no Mundial de 1994 com 42 anos, mas nunca entrou de início.

O Canadá está na segunda presença num Mundial, 36 anos após a viagem ao México, onde contaram por derrotas os três encontros realizados.

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