DGArtes: PSD quer ouvir com urgência ministro da Cultura no parlamento

Resultados provisórios dos concursos de Apoio Sustentado às Artes provocam críticas devido a reforço financeiro se ter concentrado apenas na modalidadade dos apoios a quatro anos.

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Os sociais-democratas querem Pedro Adão e Silva de regresso ao Parlamento para discutir os concursos da DGArtes de apoio sustentado às artes LUSA/MÁRIO CRUZ

O PSD pediu a audição urgente do ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, sobre os concursos de apoio sustentado às artes 2023/2026, considerando que “continua a existir subfinanciamento no sector”.

No requerimento, divulgado à imprensa na sexta-feira, o PSD recorda que os concursos de Apoio Sustentado às Artes 2023/2026 abriram em Maio com uma dotação global de 81,3 milhões de euros. “Em resposta às queixas do sector, que se fizeram sentir de imediato dizendo que as verbas eram insuficientes, o senhor Ministro da Cultura, em Setembro, anunciou um reforço de verba passando os seis concursos do Programa de Apoio Sustentado a dispor de 148 milhões de euros, com a particularidade deste reforço apenas abranger a modalidade quadrienal dos concursos”, acrescenta o requerimento.

Os sociais-democratas referem ainda que, à medida que vão sendo conhecidos os resultados provisórios dos concursos de Apoio Sustentado às Artes, “a disparidade existente entre o número de candidaturas apoiadas na modalidade quadrienal e na modalidade bienal está a provocar as maiores críticas por parte de diferentes entidades do sector”.

“Verifica-se assim um hiperfinanciamento aos projectos quadrienais em detrimento do parco financiamento aos projectos bienais, o que coloca em risco muitos destes projectos e estruturas artísticas. Significa isto, que ao contrário do que o senhor ministro afirma, o subfinanciamento no apoio às artes continua a existir”, refere o requerimento, assinado à cabeça pelo deputado e líder da JSD Alexandre Poço.

Por estas razões, o grupo parlamentar do PSD “considera ser necessário e urgente” ouvir o ministro da Cultura “sobre as razões que levam a tamanha disparidade, pelo que requer a realização de uma audição parlamentar” a Pedro Adão e Silva.

A Direcção-Geral das Artes (DGArtes) divulgou este mês os resultados provisórios de cinco dos seis concursos de apoio sustentado às artes, nas modalidades bienal (2023-2024) e quadrienal (2023-2026). Falta ainda anunciar os resultados do concurso de Teatro.

No programa das Artes Visuais, por exemplo, foram admitidas 45 candidaturas, mas só 21 recebem apoio, nas áreas das Artes Plásticas, Fotografia, Arquitectura e Novos Media. Na modalidade quadrienal (10,9 milhões de euros), foram admitidas 14 candidaturas e será atribuído apoio a 13. Na modalidade bienal (1,5 milhões de euros), foram acolhidas 31 candidaturas, mas a DGArtes propõe financiamento a oito.

Na área das artes visuais, o reforço da dotação dos apoios bienais já é reivindicado numa petição pública, com algumas estruturas na área das artes visuais, como a Appleton, a revelarem a possibilidade de encerrarem. Também noutras áreas o impacto da aposta do Governo no financiamento a quatro anos está igualmente a colocar em risco estruturas como a Companhia Clara Andermatt, na dança, ou do Festival Terras Sem Sombra, na música.

Quando anunciou que o valor aumentaria para 148 milhões de euros em Setembro, o ministro da Cultura justificou o reforço apenas da modalidade quadrienal dos concursos, porque houve “um grande movimento de candidaturas de bienais para quadrienais”. Destacou ainda que as entidades a serem apoiadas passam a receber a verba pedida e não apenas uma percentagem.

Estruturas do sector alertam que há quem só possa candidatar-se aos apoios bienais, visto que para se poder candidatar a um apoio quadrienal a estrutura tem que ter, cumulativamente, pelo menos, seis anos de actividade profissional continuada, e beneficiado de apoio financeiro da DGArtes durante um período mínimo de quatro anos (interpolado ou continuado).

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