PS acompanha “com preocupação” notícias sobre PSP e GNR, mas espera por inquérito para tirar ilações

Iniciativa Liberal, por sua vez, vai acompanhar o pedido do BE para audição no Parlamento do ministro da Administração Interna.

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Polícia 'debaixo de fogo' após publicações nas redes sociais Rui Gaudencio

O PS afirmou esta quinta-feira estar a acompanhar “com preocupação” as notícias de que elementos da PSP e GNR terão publicado mensagens racistas e xenófobas nas redes sociais, embora aguarde “com serenidade” o resultado do inquérito aberto para tirar ilações.

Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, a deputada do PS Joana Sá Pereira reagiu às notícias divulgadas por um consórcio de jornalistas de investigação de que membros da PSP e GNR terão publicado mensagens racistas e xenófobas nas redes sociais, considerando que, caso se confirmem, são “muito preocupantes”.

“São afirmações e comportamentos que, a confirmarem-se, podem ser questionáveis no Estado de direito democrático, e aquilo que nós não podemos fazer é contribuir para a descredibilização das forças e serviços de segurança, para a autoridade do Estado que é fundamental no quadro do Estado de direito democrático”, reagiu a deputada socialista.

Joana Sá Pereira defendeu que o Governo foi “bastante rápido” ao determinar a abertura de um inquérito sobre a veracidade das notícias por parte da Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI), e afirmou que o PS vai esperar pelos resultados dessa investigação para fazer a sua reflexão.

“O que temos que fazer é esperar com serenidade os resultados dessa investigação e depois reflectirmos sobre ela e tirarmos – isso é fundamental – as ilações que dessa investigação possamos produzir”, referiu.

Questionada se o PS tenciona aprovar o requerimento apresentado pelo Bloco de Esquerda (o PCP também apresentou entretanto um requerimento nesse sentido) que pede a audiência urgente do ministro da Administração Interna sobre este assunto, Joana Sá Pereira respondeu que essa questão será “analisada oportunamente”.

“Mas, naturalmente, tudo aquilo que forem as mensagens que, neste momento, possam tranquilizar... Porque, o pior contributo que nós podemos dar é pormos em causa a confiança a credibilidade nas forças e serviços de segurança. Portanto, tudo aquilo que for de apurar, apurar-se-á em momento oportuno”, referiu.

Interrogada se considera que estas mensagens de racismo e xenofobia "mancham” a imagem da PSP e da GNR, Joana Sá Pereira respondeu: “Não mancham. Podem, a confirmar-se, pôr em causa a confiança dos cidadãos nas forças e serviços de segurança.”

“Nós continuamos a confiar nas forças e serviços de segurança, mas também, como disse, vimos com preocupação que isto tenha acontecido. São coisas completamente diferentes, mas a autoridade de Estado não pode sair prejudicada depois do que aconteceu ontem [quarta-feira], é isso que queremos preservar”, afirmou.

IL diz que manifestações de racismo não podem manchar confiança nas polícias

A Iniciativa Liberal (IL) condenou esta quinta-feira “tudo o que sejam manifestações de racismo”, mas defendeu que “não podem manchar” a confiança na globalidade dos polícias, criticando tentativas de instrumentalização por parte de partidos.

O deputado João Cotrim Figueiredo deixou uma palavra de “condenação veemente a tudo o que sejam manifestações de racismo, xenofobia, intolerância, onde quer que apareçam na sociedade portuguesa, mas sobretudo se vierem da parte de forças e serviços de segurança, cuja principal responsabilidade é zelar pela aplicação das leis e devem estar estritamente dentro da legalidade constitucional, o que aparentemente não é o caso”.

João Cotrim Figueiredo defendeu que esses casos “não podem manchar a globalidade dos cerca de 43 mil membros das forças e serviços de segurança em Portugal que, de forma geral, esmagadoramente cumprem a lei, esmagadoramente exercem a sua função, a sua nobre função, com abnegação e com respeito pelos princípios fundamentais da Constituição”.

“É importante que os portugueses não alinhem também naquilo que é uma narrativa e uma tentativa de lançar um anátema sobre a generalidade das forças e serviços de segurança. É muito importante que continuemos a ter confiança na globalidade e na generalidade, na esmagadora maioria dos homens e mulheres que compõem as nossas forças e serviços de segurança porque sem isso é a própria democracia que fica em causa”, salientou.

O liberal alertou também para a “importância de os partidos perceberem a função que têm na democracia e não tentarem instrumentalizar entidades quer da sociedade civil, quer organismos do Estado, para os seus próprios proveitos”.

Questionado se o recado se destinava ao Chega, Cotrim Figueiredo afirmou que “é para todos os partidos que usam instituições da sociedade civil ou do Estado para os seus próprios proveitos”.

“No caso concreto é o Chega que é mencionado, mas há outros partidos que tentam tomar conta dessas entidades para os seus próprios proveitos e isso não é benéfico para a democracia”, apontou.

O deputado indicou ainda que a IL vai acompanhar o pedido do BE para audição no parlamento do ministro da Administração Interna porque “este assunto tem de ser esclarecido”, mas considerou que “teria sido melhor que aquilo que foi trazido a lume agora tivesse resultado de uma investigação do próprio IGAI “‘a anteriori’” e não “‘a posteriori’”.

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