Twitter tem “vistos” para todos, mas nem todos são iguais

Twitter passou a dar “vistos” a pessoas que subscrevem a versão premium da plataforma, o Blue. Antes, o símbolo (“verificado”) era só para figuras públicas, mas é fácil distinguir “vistos” pagos.

Foto
O Twitter Blue, por enquanto, só está disponível EUA, Canadá, Austrália e Nova Zelândia Reuters/DADO RUVIC

Esta semana, os utilizadores do Twitter começaram a poder pagar para ter um “visto” (azul ou branco) junto do nome. Era uma das grandes promessas do magnata Elon Musk, que se tornou o dono oficial do Twitter no final do mês passado. Até agora, o ícone (“verificado”) era reservado a figuras públicas que validavam a sua identidade junto da app. Sob a liderança de Musk, o crachá do Twitter também identifica pessoas que subscrevem a versão premium da plataforma, o Blue. A conta do utilizador “Jesus Cristo”, por exemplo, tem “visto”.

Desde a mudança, vários utilizadores subscreveram o Blue para criar contas com nomes de figuras públicas ou históricas. O objectivo oscila entre o humor e a desinformação. Só que há diferenças entre os “vistos” do Twitter: quando se clica no visto de uma figura pública, lê-se “esta conta é verificada, pois é uma pessoa notável no Governo, nas notícias, no entretenimento”. É o que acontece com a conta da vice-presidente executiva da Comissão Europeia, Margrethe Vestager.

Por outro lado, quando se clica na de uma pessoa que pagou pelo crachá, lê-se “esta conta foi verificada porque está inscrita no Twitter Blue”. É algo que já acontece na plataforma LinkedIn, que usa um símbolo dourado para identificar quem usa a versão paga.

"Jesus Cristo" pagou pelo ícone DR
Margrethe Vestager tem um "visto" original, de figura pública DR
Fotogaleria
"Jesus Cristo" pagou pelo ícone DR

É possível que estas diferenças desapareçam nos próximos meses. “Existem demasiadas marcas de ‘verificação’ originais corruptas”, notou o dono do Twitter, Elon Musk, numa breve publicação.

Por ora, contas premium que escrevem em nome de pessoas conhecidas para promover a desinformação serão suspensas se forem denunciadas. É o que aconteceu com um utilizador do Blue que se estava a fazer passar pelo ex-Presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e a publicar mensagens onde se lia “Tenho saudades de matar iraquianos.”

Pessoas estão a pagar por visto

O facto de a versão premium do Twitter oferecer o acesso ao famoso crachá de “verificado” a todos os utilizadores pode ser uma mais-valia para a rentabilidade da plataforma. “Existe um grande grau de estatuto e prestígio associado à marca de verificação azul devido à sua exclusividade”, explicou ao PÚBLICO Andy Wu, investigador e professor auxiliar na área de empreendedorismo e estratégia na Universidade de Harvard. Para o especialista, é essencial Elon Musk descobrir novas fontes de receitas para o Twitter.

O líder do Twitter acredita que a estratégia está a funcionar. “A utilização do Twitter continua a subir. Uma coisa é certa: [a plataforma] não é aborrecida”, escreveu Musk nesta quinta-feira.

A versão premium da plataforma, que ainda não existe em Portugal, também permite editar publicações, navegar na app com menos publicidade e aceder a ferramentas extras (por exemplo, separadores de temas e um leitor de tweets) — custa oito dólares por mês (cerca de oito euros). De momento, apenas utilizadores nos EUA, Canadá, Austrália e Nova Zelândia têm direito a pagar pelo “visto” porque o Twitter Blue só está disponível nesses países.

Sugerir correcção
Comentar