Dona do Facebook e do Instagram prepara-se para “encolher” equipas

O Wall Street Journal avança que a Meta se prepara para anunciar despedimentos em massa, semanas depois dos resultados da empresa falharem em impressionar os investidores.

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Mark Zuckerberg continua a investir nos seus "laboratórios de realidade" apesar das perdas Facebook, 2019
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Mark Zuckerberg admitiu que poderia reduzir algumas equipas da Meta Reuters/STEPHEN LAM
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Mark Zuckerberg admitiu que poderia reduzir algumas equipas da Meta Reuters/DADO RUVIC

A tecnológica Meta (dona do Facebook, Instagram, Oculus e WhatsApp) prepara-se para anunciar despedimentos em massa de acordo com fontes contactadas pelo jornal norte-americano Wall Street Journal (WSJ). A informação chega semanas depois de o presidente executivo da Meta, Mark Zuckerberg, admitir, numa reunião com investidores, que as suas equipas iriam “encolher” em 2023 após uma queda nas receitas.

A equipa da Meta não comenta directamente a notícia do WSJ. Num e-mail em resposta a questões do PÚBLICO, a empresa remete para os comentários recentes de Mark Zuckerberg sobre mudanças na empresa. “Em 2023, vamos concentrar os nossos investimentos num pequeno número de áreas em que o crescimento é de alta prioridade. Isto significa que algumas equipas vão crescer significativamente, mas a maioria das outras equipas vão permanecer iguais ou encolher durante o próximo ano”, explicou Zuckerberg numa reunião com investidores no final de Outubro. “Esperamos terminar 2023 como [uma organização] do mesmo tamanho, ou uma organização ligeiramente menor do que somos hoje.”

As afirmações do líder da Meta sobre a redução da força de trabalho foram feitas durante a mais recente apresentação de resultados da empresa que falhou em impressionar investidores. O rendimento líquido da gigante tecnológica caiu 52% no terceiro trimestre de 2022 face ao período homologo – de 9,1 mil milhões de dólares para 4,4 mil milhões de dólares (quase o mesmo valor em euros, ao câmbio actual). Já as receitas da tecnológica caíram 4%, rondando os 27,714 mil milhões de dólares.

Aposta no metaverso

Os “laboratórios de realidade” da Meta, onde são criados produtos e ferramentas de realidade virtual e aumentada, são um dos departamentos em que a empresa de Zuckerberg quer investir. A estratégia faz parte da aposta da empresa no metaverso, um universo digital mais imersivo, que funde o real e o digital, e deve substituir a Internet móvel nos próximos anos.

Até agora, porém, os resultados têm ficado aquém das ambições da empresa. No terceiro trimestre de 2022, a divisão de “laboratórios de realidade” da Meta reportou perdas de 3,7 mil milhões de dólares. Desde 2019, as perdas nessa divisão já ultrapassaram os 30 mil milhões de euros.

Mark Zuckerberg mantém a confiança. "Eu percebo que muitas pessoas podem discordar deste investimento, mas penso que isto vai ser algo muito importante”, insistiu no final da reunião de Outubro com os investidores. “Daqui a décadas, as pessoas vão olhar para este período e falar sobre a importância do trabalho que foi feito.”, continuou. “Estas [apostas] vão acabar por ser investimentos muito importantes no futuro do nosso negócio.”

As palavras do líder da Meta não produziram o efeito desejado, com as acções da gigante norte-americana a cair mais de 20% em bolsa depois da apresentação dos resultados do terceiro trimestre de 2022. A confiança dos investidores já tinha sido abalada em Fevereiro quando a rede social Facebook (a primeira das empresas de Mark Zuckerberg) confirmou que tinha perdido utilizadores pela primeira vez em 18 anos de existência.

Lucro está nos dados

Para alguns especialistas, o lucro do metaverso está nos dados adicionais que este novo universo vai permitir recolher a longo prazo. “O metaverso é apenas mais uma plataforma para acumular dados”, explicou ao PÚBLICO Leighton Evans, um especialista de comunicação da Universidade de Swansea, no começo de Outubro. “O objectivo do negócio é claro: transformar utilizadores em dados para serem vendidos a clientes que são anunciantes.”

Os novos óculos da Meta (que não serão vendidos em Portugal) vêm com sensores que monitorizam os movimentos oculares e detectam as expressões faciais dos utilizadores.​“Os óculos permitem à Meta obter mais informação sobre os utilizadores”, explicou Evans. “Por exemplo, informação biométrica e informação sobre a nossa percepção e emoções quando vemos algo.”

O foco metaverso não é, no entanto, o principal responsável pela queda nas receitas da Meta. Até ao final de 2022, Mark Zuckerberg espera perder 10 mil milhões de dólares em receitas publicitárias devido a mudanças de privacidade da Apple em 2021. É uma narrativa que o líder da Meta usa desde o ano passado quando a empresa de Tim Cook anunciou que os criadores de aplicações móveis iam deixar de conseguir recolher informação dos utilizadores e seguir os seus hábitos online sem autorização. Isto dificulta o trabalho de empresas que compilam dados sobre a localização, idade e pesquisas dos seus utilizadores – é uma táctica para enviar publicidade direccionada e uma das formas de monetização mais comuns.

A notícia do WSJ sobre despedimentos em massa na Meta surgem dias após a rede social Twitter anunciar o despedimento de mais de cerca de 3700 funcionários do Twitter num esforço para reduzir custos e impor uma nova ética de trabalho mais exigente.

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