Club Brugge: Um “cordeiro em pele de lobo” no caminho do Benfica

O emblema belga variou entre o muito bom e o muito mau nesta Liga dos Campeões. E tem limitações que encaixam em algumas virtudes do Benfica.

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Jogadores do Brugge celebram na Champions Reuters/WOLFGANG RATTAY

Há equipas da Liga dos Campeões que têm estado abaixo do que podem, devem e sabem fazer. Depois, há o Club Brugge. O adversário do Benfica nos oitavos-de-final é uma equipa que parece ter jogado acima das suas possibilidades, um conceito confuso, mas que se explica de forma simples: é uma equipa com demasiadas limitações para os resultados elogiáveis que conseguiu obter na Champions, ao ponto de enviar para casa o Atlético de Madrid e o Bayer Leverkusen. Trata-se, destruindo a sabedoria popular, de um cordeiro em pele de lobo.

Os jogos que fez contra o FC Porto são, de resto, um bom exemplo desta tese. O Brugge soube aproveitar um jogo francamente fraco dos “dragões” para golear em Portugal, mas, perante um FC Porto ao seu nível, ficaram a descoberto as limitações colectivas e até individuais desta equipa, que nem na Liga belga está a conseguir ir além do quarto lugar.

Quebrar a primeira pressão

O Brugge é uma equipa que tem médios e atacantes com um perfil físico tremendo e utiliza esse recurso para pressionar bastante a primeira fase de construção adversária. Fá-lo até, por vezes, com umas algo arcaicas referências individuais.

Daqui, o FC Porto soube, no reencontro com os belgas, “saltar” essa etapa e fazer baixar Otávio para uma posição que permitisse ao FC Porto ter alguém capaz de superar essa primeira zona de pressão. Aí, Galeno e Taremi tinham “campo aberto”.

Para o Benfica, este perfil do Brugge pode ser algo relativamente fácil de explorar. O Benfica tem em António Silva e Enzo jogadores capazes de quebrar linhas com passes verticais e tem, depois, Rafa, Neres e João Mário com valências entre linhas para ferir.

Tal equivale a dizer que, mantendo o mesmo perfil sem bola, o Brugge pode ter, perante o Benfica, um adversário especialmente perigoso, pela conjugação dos defeitos e virtudes das duas equipas.

Bolas perdidas

Outro dado importante, à boleia do Who Scored, é aquele que aponta que o Brugge é, das 32 equipas da Champions, a quinta com pior percentagem de acerto no passe. Sabendo-se que o Benfica é especialmente forte na recuperação de bolas no terço de campo adversário, então pode, neste âmbito, “juntar-se a fome à vontade de comer” — uma equipa que perde muito, outra que recupera muito.

Por outro lado, o Brugge é, das 32 equipas, a segunda mais forte em duelos aéreos — não só leva o jogo para esse plano, como faz dele uma virtude.

Considerando que o Benfica é uma equipa relativamente baixa (só Bah, António Silva e Otamendi podem ajudar com real impacto), poderá estar aqui um problema para os “encarnados”, sobretudo pelo impacto aéreo de Vanaken na zona do meio-campo e Jutglà na frente — jogadores que prosperam nesse domínio.

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