Estudantes ocupam seis escolas e faculdades em Lisboa para exigir fim dos combustíveis fósseis

Activistas da Greve Climática Estudantil Lisboa exigem mudanças políticas em nome da sustentabilidade climática. Ocupações começam durante a manhã de segunda-feira com o apelo: “Fim ao fóssil: Ocupa!”

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Manifestação da Greve Climatica Estudantil em Setembro, em Lisboa, pelo fim dos combustíveis fósseis, onde foi anunciada a ocupação de escolas a 7 de Novembro Nuno Alexandre

Nesta segunda-feira, a palavra de ordem é “ocupar": dezenas de alunos vão assentar arraiais em seis escolas e faculdades de Lisboa para pedir maior compromisso político para acabar com os combustíveis fósseis até 2030 e exigir a demissão do ministro da Economia, António Costa Silva.

Juntando-se ao movimento a nível internacional “End Fossil: Occupy!”, que desde o início do ano lectivo promoveu ocupações em países como Alemanha e Espanha, activistas da Greve Climática Estudantil Lisboa traduziram o apelo: “Fim ao fóssil: Ocupa!” A resposta chega agora através de ocupações das escolas secundárias António Arroio e Camões e das faculdades de Letras e de Ciências da Universidade de Lisboa, do Instituto Superior Técnico e da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

Alice Gato, uma das porta-vozes do movimento, conta ao PÚBLICO que as acções de protesto começam às 9h da manhã (à excepção do IST, onde se iniciam à tarde) e continuam até que haja resposta às reivindicações que constam do chamado “consenso de acção” –​ ou, na hipótese mais provável, que sejam retirados dos locais, situação na qual entra em prática o princípio da “resistência pacífica”.

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A Cimeira do Clima das Nações Unidas é o ponto mais alto da diplomacia em torno das alterações climáticas, onde os países discutem como travar as emissões de gases com efeito de estufa que causam o aquecimento global. Este ano é no Egipto, de 6 a 18 de Novembro. Acompanhe aqui a Cimeira do Clima. 

Em comunicado, os estudantes convocam também a sociedade civil a juntar-se à marcha pelo clima agendada para 12 de Novembro, organizada pela coligação “Unir Contra o Fracasso Climático”, que parte do Campo Pequeno (em Lisboa) às 14h.

“Espaços para criar o futuro”

No Camões, o plano é “tentar perturbar o normal funcionamento da escola”, descreve a estudante Clara Pestana, uma das porta-vozes da acção. Haverá momentos para falar sobre as reivindicações da ocupação, formações em desobediência civil, assembleias – em suma, “espaços de partilha para criarmos o futuro”, diz a estudante.

Nos últimos dias, os alunos-activistas têm interrompido algumas aulas com “palestras-relâmpago” para explicar aos colegas as razões da ocupação. Há professores que demonstram o seu apoio – circula já a nível nacional um manifesto que tem reunido assinaturas de docentes de escolas e universidades –, outros torcem o nariz. “Alguns consideram que estamos a infringir o direito dos alunos a estudarem”, descreve Clara Pestana, que considera que estas tomadas de posição, mesmo quando são contra a Greve Climática Estudantil, já são um sucesso: “Significa que estamos a trazer o clima para a conversa.”

Além das duas reivindicações nacionais, os alunos do liceu Camões acrescentam dois pontos ao caderno de encargos: o fim da mineração em Portugal, nomeadamente a exploração de lítio, e o fim da obrigatoriedade dos exames nacionais. E porquê incluir os exames nacionais entre as exigências em favor do clima? “A escola é toda focada nos exames nacionais”, critica Clara Pestana, notando que as excepções abertas durante a pandemia mostraram que existem alternativas a explorar.

Num momento “tão decisivo” em que se reconhece que “a justiça climática envolve justiça social a todos os níveis” e que é preciso “mudar o sistema”, deixa a questão: porque não procurar uma escola menos focada no acesso ao ensino superior e mais voltada para “aprender de uma maneira mais vasta, criando um conhecimento mais complexo"?

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