Sporting não soube como fazer uma boa revolução

O treinador do Sporting levou a Arouca vários jogadores habitualmente suplentes e a rotação, tenha sido por opção técnica/táctica ou apenas busca de frescura física, acabou por não correr bem.

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Sporting e Arouca em duelo neste sábado EPA/OCTAVIO PASSOS

Rúben Amorim decidiu que Esgaio, Nazinho, Essugo, Rochinha e Arthur deveriam ir a jogo neste sábado, frente ao Arouca. Ficou, portanto, num limbo difícil. Correndo bem, seria elogiado por ser temerário e confiar em todo o plantel. Correndo mal, estaria sob brasas pela imprudência nas escolhas. Resultado: a ideia correu mal.

O Sporting escorregou frente aos arouquenses com uma derrota (1-0), resultado que não permite igualar os 22 pontos do Sp. Braga e, sobretudo, não permite capitalizar o empate do FC Porto, que poderia já só estar um ponto à frente dos “leões”. Pior do que isso, este desfecho deixa a equipa “leonina” já a 12 pontos do Benfica. Já o Arouca chega aos 16 pontos e entra na primeira metade da tabela da I Liga.

Na hora de escolher o “onze”, além das ausências forçadas de Paulinho e Morita, possivelmente Amorim pretendeu frescura após o desgaste europeu. Ou pode ter tentado ter frescura na Europa, na próxima terça-feira, depois do desgaste interno. Ou pode mesmo ter tentado ambas as coisas, até porque o bom desempenho na Liga dos Campeões na próxima semana pode ser fulcral na época “leonina”.

Qualquer que tenha sido o racional que justificou a opção, saiu mal mesmo que um olhar cru para o jogo até mostre que Sporting somou oportunidades de golo suficientes para golear o Arouca.

Nazinho e Esgaio seriam úteis

Para este jogo o Arouca levou um plano semelhante ao que já várias equipas utilizaram frente aos “grandes”: querem manter a identidade e o sistema táctico habitual com quatro defesas, mas o recuo do médio-defensivo para o meio dos centrais acaba por transformar o desenho num sistema de cinco defesas.

E foi assim que o Arouca teve durante muito tempo, sobretudo sem bola, um 5x2x3 que criava simetria com o 3x4x3 do Sporting, facilitando as referências de pressão.

Nessa medida, o Sporting teve algumas dificuldades para fazer a bola chegar aos atacantes e faltava, sobretudo, maior capacidade dos alas em contribuírem na criação.

Os laterais do Arouca estavam bastante recuados, na tal linha de cinco, pelo que Esgaio e Nazinho tinham quase sempre algum espaço para participarem no jogo de forma mais útil – algo que ambos fizeram pouco, embora o jovem lateral-esquerdo tenha tido um par de cruzamentos.

A outra via seria a de tirar um dos médios (sobretudo Pedro Gonçalves) da sua zona, baralhando as referências de pressão do Arouca – e foi, de resto, o que aconteceu aos 8’, quando Pedro Gonçalves isolou Trincão, e aos 41’, quando o português rompeu e criou o desequilíbrio que acabou por dar a Nazinho um bom cruzamento e a Esgaio uma finalização para defesa de Arruabarrena.

Mas foi raro. Pedro Gonçalves acabou por participar pouco no jogo e isso criava um problema duplo: nem fazia a diferença na criação, como médio, nem fazia a diferença na finalização, como atacante (que neste sábado não foi).

Bolas paradas importantes

Ainda assim, o Sporting ainda teve lances de perigo aos 18’ e aos 29’, em cruzamentos vindos de livres, e aos 23’, numa transição mal definida por Rochinha.

Daqui se tira que mesmo sem ser um Sporting tremendo em ataque posicional, o certo é que houve pelo menos quatro momentos de oportunidades claras de golo.

Do lado do Arouca o plano era, sobretudo, sair em transições (como aos 40’, por Bukia), mas Essugo teve um papel decisivo em bloquear várias saídas – conseguiu encarnar, na capacidade de recuperar bolas em zonas adiantadas, os preceitos que Palhinha tinha em Alvalade.

A abrir a segunda parte, o Arouca teve um canto a favor e João Basso, sem marcação desde o início do lance, pôde atacar a bola vindo de trás e bater Essugo no ar, marcando o 1-0 de cabeça.

A pouca capacidade dos alas – jogadores “leoninos” que o Arouca mais “ofereceu” ao Sporting – terá levado Amorim a chamar Porro e Nuno Santos.

Foi até o espanhol quem teve o golo nos pés, aos 66’, quando foi isolado por Ugarte, mas não conseguiu finalizar com categoria, e o português quem criou muito perigo aos 70’, quando se colocou por dentro para ser lançado em profundidade por Arthur.

Em poucos minutos, ficou claro o impacto que Santos e Porro poderiam ter, quer pela capacidade de cruzamento, drible e remate, quer pelo maior leque de movimentos diferentes, que pudessem deixar o Arouca desconfortável.

E foi também dos pés do português que saiu uma oportunidade perdida aos 75’, novamente depois de lançado em profundidade por zonas interiores, e dos pés do espanhol que saiu uma oportunidade aos 81’.

Esta dinâmica trazida por Nuno Santos e Porro estava a permitir ao Sporting criar situações de perigo, mas foi insuficiente – nem mesmo quando Coates foi para avançado (e quase foi feliz aos 90'), como vai quase sempre que o golo não surge.

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