Activistas climáticos atiraram puré de batata a obra de Monet

Dois membros do grupo Letzte Generation entraram num museu, na Alemanha, e atiraram puré de batata à pintura Os Palheiros do impressionista francês. A pintura não terá sofrido danos.

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Instante do vídeo publicado nas redes sociais pelos activistas DR

Dois activistas do grupo climático Letzte Generation (Última Geração) atiraram, este domingo, puré de batata a um quadro de Claude Monet, que é uma das pinturas mais caras de sempre vendidas em leilão, no museu Barberini em Potsdam, na Alemanha. É o segundo acto de protesto deste género em pouco mais de uma semana.

Segundo descreve o jornal alemão Tagesspiegel, num vídeo publicado pelo grupo activista é possível ver uma mulher e um homem, vestidos com coletes laranjas, a colarem-se à parede depois de mancharem o quadro Les Meules (Os Palheiros, em português) do impressionista francês com uma massa amarelada, que o movimento confirmou ser puré de batata.

“As pessoas estão a passar fome, as pessoas estão a congelar, as pessoas estão a morrer. Encontramo-nos numa catástrofe climática. E tudo do que têm medo é de sopa de tomate ou puré de batata num quadro. Sabem do que eu tenho medo? É de que a ciência diga que não seremos capazes de alimentar as nossas famílias em 2050. É preciso atirar puré de batata para um quadro para que vocês oiçam?, ouve-se um dos activistas a gritar para a sala. Trata-se de uma jovem de 25 anos, identifica o jornal alemão.

Antes de o vídeo acabar devido à intromissão de um dos guardas do museu, a activista ainda refere: “Este quadro não valerá nada se tivermos de lutar por comida. Quando chegará o ponto em que vocês começarão a ouvir e deixarão de fazer simplesmente o mesmo?”

Embora o quadro estivesse protegido com um vidro, inicialmente ainda se ficou na dúvida quanto ao seu estado, de acordo com a porta-voz do museu, Carolin Stranz. Mas uma investigação permitiu concluir que a pintura não ficou danificada, adiantou a direcção, no Twitter, ao final da tarde, acrescentando que voltará a estar exibida a partir de quarta-feira. A obra foi adquirida, em 2019, por 111 milhões de dólares e tem estado desde então neste museu alemão em exposição permanente.

Após o incidente, os dois activistas (na acção ainda terão estado envolvidos outros dois) terão sido levados pela polícia e são agora acusados de invasão de propriedade e de causar danos materiais, ao que avança a imprensa alemã. A sala em questão ficou interdita ao público, mas as restantes partes do museu mantiveram as portas abertas.

Como se entende pelo nome, os membros do Letzte Generation consideram fazer parte da última geração capaz de fazer frente às alterações climáticas, acusando o Governo alemão de ignorar todos os avisos e de estar a levar o país para “a beira do abismo”. No site oficial do grupo, reconhecem não temer quaisquer “multas elevadas, acusações criminais ou privação de liberdade”.

O grupo é conhecido sobretudo por realizar bloqueios nas auto-estradas, mas tem vindo a diversificar os seus actos de protesto nos últimos tempos. Recentemente, entraram no Parlamento alemão, em Berlim, tendo feito disparar os alarmes de incêndio.

Protestos pelo clima: actos de vandalismo ou disrupção pacífica? Vídeo: Tiago Lopes e Daniel Dias

Este episódio surge apenas nove dias depois de duas activistas do movimento Just Stop Oil terem feito um acto idêntico na National Gallery, em Londres. O quadro visado foi os Girassóis, de Van Gogh, e a “arma” usada sopa de tomate.

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