Marcelo desvaloriza aviso da Galp: “Não está em causa um corte de gás da Nigéria”

O Presidente da República afirma que diligências do Governo português tiveram reacção “muito positiva”.

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Marcelo Rebelo de Sousa falou aos jornalistas a partir de Dublin, na Irlanda, onde está numa visita de Estado LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS

O Presidente da República desvalorizou esta quarta-feira o impacto do aviso que a Nigéria fez à Galp, rejeitando que esteja em causa um corte de gás por aquele país e referindo que a petrolífera portuguesa não tem mostrado interesse em diversificar os países fornecedores de gás.

“Uma coisa são as prevenções que determinadas companhias fazem de vez em quando, outra coisa são as movimentações a nível de governos para ultrapassar esses problemas”, disse Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, em declarações transmitidas pelas televisões a partir da Irlanda, onde está numa visita de Estado.

Questionado sobre a informação que a Galp deu esta semana à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) sobre o facto de a Nigéria ter informado a petrolífera de que as inundações reduziram a produção de gás, o chefe de Estado foi peremptório: “Não está em causa um corte de gás da Nigéria.”

“Aquilo que foi noticiado corresponde, a meu ver, a uma preocupação, por um lado, e a uma situação que pode ser ultrapassada, por outro”, afirmou o Presidente da República, acrescentando que a Nigéria tem sido um “cumpridor zeloso” do fornecimento de gás a Portugal, “tenciona” continuar a ser e “recuperar as entregas que entretanto se tinham atrasado”.

Marcelo explicou que a “preocupação é se isso [o corte] poderá acontecer ou não, uma vez que [a Nigéria] tem um peso muito grande no fornecimento de gás em Portugal”.

Neste ponto, o Presidente mostrou-se confiante, afirmando que “está parcialmente ultrapassado, porque o Governo português tem desenvolvido várias diligências e essas diligências tiveram uma reacção muito positiva dos responsáveis, a começar no presidente nigeriano no sentido de, até ao fim do ano, tudo fazer para ultrapassar aquilo que aconteceu quanto a alguns fornecimentos no passado recente”. “Portanto, diria que a preocupação, neste momento, já tem um começo de resposta que é positivo”, afirmou.

Perante a insistência dos jornalistas que quiseram saber se os avisos da Galp não são preocupantes, Marcelo desvalorizou, salientando que a visão da Galp não se pode confundir com a do Governo - que considerou “alarmista” aquela comunicação da petrolífera - e assinalando que a Galp não terá interesse em reduzir o peso que a Nigéria tem no fornecimento de gás. “Há outros países, por exemplo, que mostram interesse em fornecer a Galp e a Galp não tem mostrado interesse em ter esse fornecimento”, disse, frisando que “a perspectiva da Galp é a perspectiva da Galp. A perspectiva do Governo português é a perspectiva de Portugal”.

Ainda aos jornalistas, respondeu a uma pergunta sobre a notícia conhecida esta quarta-feira de que uma auditoria feita à TAP, por causa da compra de novos aviões, a pedido da actual administração, foi enviada para o Ministério Público devido às “dúvidas” que levantou. Marcelo Rebelo de Sousa recordou ser defensor do sucesso do plano de reestruturação da TAP e afirmou que “tudo o que se vá apurando de gestões mais antigas ou menos antigas - e neste caso é uma gestão anterior - que possa iluminar o que se deve fazer e o que não se deve fazer é útil”. “Vamos esperar essa investigação”, concluiu.

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