Visto de Varsóvia: o paradoxo que marca a relação actual entre Alemanha e Polónia

Apesar das posições de política externa estarem mais próximas do que nunca, o Governo polaco explora um descontentamento com a acção da Alemanha.

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A ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Annalena Baerbock, e o seu homólogo polaco, Zbigniew Rau, na terça-feira em Varsóvia Albert Zawada/EPA

A invasão da Rússia à Ucrânia fez a Alemanha perceber argumentos de países como a Polónia em relação a Moscovo. Agora, as posições estão mais próximas do que nunca, mas ironicamente, isso não quer dizer que a relação entre os dois países seja boa, muito pelo contrário, comenta Piotr Buras, responsável pelo gabinete do European Council on Foreign Relations de Varsóvia.

O alinhamento em política externa é eclipsado por questões de política interna, com o Governo polaco a aproveitar uma certa disposição da opinião pública para castigar a Alemanha por ter sido arrogante, por não ter visto o perigo de depender da Rússia para fornecimento de gás apesar dos avisos de polacos e outros, por demorar a decidir enviar armas à Ucrânia, etc.

“A política interna da Polónia é o maior problema” na relação entre os dois países, nota o analista.

Isso ficou em evidência esta semana quando a Polónia fez um pedido oficial à Alemanha para reparações pela II Guerra Mundial.

Na terça-feira, a ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Annalena Baerbock, disse que a Alemanha considerava a compensação monetária um assunto encerrado (ao contrário da responsabilidade histórica, frisou).

Mas o ministro polaco Zbigniew Rau disse acreditar que a posição de Berlim mudaria, e que contava com “cooperação” para resolver a questão.

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