Actrizes francesas cortam cabelo em solidariedade com as mulheres iranianas

Iniciativa nasce após os protestos que estão a abalar o regime de Teerão depois morte de Mahsa Amini por usar o véu de forma “inadequada”.

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Juliette Binoche é um dos rostos solidários com as mulheres iranianas EPA/HAYOUNG JEON
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“Pela Liberdade”, declarou Juliette Binoche, ao cortar um punhado do seu cabelo castanho Reuters/INSTAGRAM/SOUTIENFEMMESIRAN

Um grupo de actrizes francesas, incluindo Juliette Binoche e Isabelle Huppert, cortaram o cabelo em protesto pela morte de Mahsa Amini, a jovem iraniana curda que morreu enquanto estava detida pela polícia de moralidade do Irão, por usar o hijab de forma “inadequada”.

Aos 22 anos, Mahsa Amini foi detida a 13 de Setembro em Teerão, por “vestuário inadequado”. Três dias depois, morreu internada no hospital, o que levou a uma ondas de protestos, que se espalharam por todo o país e também frente a embaixadas do Irão em diversas capitais do mundo, de Lisboa a Sydney.

“Pela Liberdade”, declarou Juliette Binoche, ao cortar um punhado do seu cabelo castanho avermelhado, segurando-o em frente à câmara. A Binoche, juntaram-se outras actrizes e cantoras, cerca de meia centena, incluindo Marion Cotillard e Isabelle Adjani. Algumas, como Binoche são corajosas e cortam radicalmente o cabelo, outras como Cotillard aparam pontas de pequenas madeixas.

A iniciativa foi leva a cabo pela Soutien Femmes Iran (em tradução livre “Apoio para as Mulheres do Irão") e publicada no Instagram. As imagens das celebridades vão passando e como banda sonora ouve-se uma versão persa da música de protesto italiana Bella ciao.

“Mahsa Amini foi abusada até à morte pela polícia da moralidade. Só foi acusada de usar o seu véu de uma forma inadequada. Morreu por expor algumas madeixas de cabelo”, escreve a Soutien Femmes Iran numa publicação no Instagram. O vídeo tem sido muito partilhado, incluindo noutras redes sociais como o Facebook ou o Twitter.

A iniciativa é de três advogados franceses que se juntaram à actriz Julie Gayet, que os ajudou a escrever o texto. À rádio France Inter, Gayet afirma que “as mulheres iranianas precisam de saber que não estão sozinhas”, acrescentando que “o silêncio pode ser o pior tipo de violência”.

“As mulheres iranianas esperam o apoio da comunidade internacional. Esta é uma bela forma de mostrar esse apoio", declara Richard Sedillot, um dos advogados que criou esta iniciativa, à Reuters.

“Este é apenas um primeiro passo, espero que o mundo inteiro o siga, não apenas actrizes, mas todos. Os homens também podem cortar o cabelo, penso que isso vai acontecer”, continua. Em França, advogados, personalidades dos meios de comunicação social e outras mulheres têm seguido o mesmo exemplo.

No Parlamento Europeu, a eurodeputada sueca Abir-al Shani, nascida no Iraque, cortou parte do cabelo enquanto discursava e proclamou, em curdo, “Jin, Jiyan, Azadi” — que significa “mulher, vida, liberdade”.

O regime iraniano tem reprimido aqueles que já são considerados os maiores protestos a nível nacional, em anos, desde a morte de Amini. A polícia alega que a jovem teve um ataque cardíaco e um AVC enquanto estava detida, mas a família insiste que Amini não tinha qualquer problema de saúde.

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