Bastou uma oportunidade espanhola para Portugal cair

A precisar de apenas um empate contra a Espanha para garantir a qualificação, Portugal voltou a não saber gerir um resultado e, mais uma vez, perdeu um apuramento com uma derrota em casa.

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A festa foi espanhola em Braga Reuters/PEDRO NUNES

A história não é nova e começa a ser regra: a precisar de um ponto para garantir uma qualificação, Portugal voltou a mostrar receio e permitiu que um adversário, mesmo sem jogar bem, conseguisse vencer. Na última jornada do Grupo A2 da Liga das Nações, a Espanha precisou de 61 minutos para fazer um remate enquadrado à baliza de Diogo Costa, mas, perante o recuo da selecção portuguesa, aumentou a pressão e, na primeira grande oportunidade que teve, Morata fez o golo que garantiu o triunfo à “roja”, em Braga, e o afastamento de Portugal das meias-finais.

Após vencer de forma clara na República Checa, tendo como bónus a derrota da Espanha contra a Suíça, Fernando Santos manteve-se fiel ao esquema táctico que deu óptimos resultados em Praga, mas apresentou novidades.

Sem abdicar da coluna central (defesas-centrais, trio de médios e Cristiano Ronaldo), o seleccionador não premiou as boas exibições de Dalot e Mário Rui, colocando nas laterais os jogadores com mais estatuto: Cancelo e Nuno Mendes. Diferente foi a avaliação no ataque, onde Rafael Leão, após uma exibição assim-assim, cedeu o lugar a Jota.

Mais surpreendentes foram as escolhas de Luis Enrique. Sem margem de erro - apenas a vitória garantia à Espanha a qualificação -, o técnico fez uma mini-revolução, alterando sete jogadores em relação ao “onze” que perdeu com a Suíça: Unai Simón, Pau Torres, Ferrán Torres e Sarabia foram os únicos que repetiram a titularidade.

Com Guillamón como novidade e um meio-campo (Rodri, Koke e Soler) de combate, a Espanha entrou no jogo a ser Espanha, mas o tiki-taka da “roja” já não é o que era. Com mais posse, a equipa de Luis Enrique não conseguiu nos primeiros 45 minutos construir uma jogada com princípio, meio e fim, e, mostrando mais tranquilidade, foram os portugueses que estiveram mais perto do golo.

Após 23 minutos sem qualquer tempero, um remate de Rúben Neves trouxe sal ao jogo. Uma dezena de minutos mais tarde, um passe de Bruno Fernandes resultou num remate com perigo de Jota. Pouco depois, o guarda-redes basco pouco podia fazer após um remate de Bruno Fernandes, mas a jogada terminou com a bola nas redes laterais.

Recuar até sofrer

O zero no marcador - e nas oportunidades - não provocou alterações tácticas na Espanha. Apesar de Guillamón ter ficado nos balneários ao intervalo, a entrada de Busquets forçou o recuo de Rodri para central. Na prática, o 4x3x3 mantinha-se intacto. Tal como os lances de perigo, que continuavam a ser um exclusivo português: aos 47’, Simón, mais uma vez, travou um remate de Ronaldo.

Com a sua equipa a mostrar-se inofensiva, Enrique fez uma alteração tripla, apostando na juventude e no talento de Gavi, Pedri e Pino. Mudança no guião do jogo? Não no imediato: aos 59’, após um remate de Rúben Dias, Portugal voltou a estar perto do golo. Dois minutos depois, por Morata, os espanhóis faziam o primeiro remate (inofensivo) enquadrado à baliza de Diogo Costa.

Mesmo tendo o jogo controlado, Santos trocou talento (Bernardo Silva) por segurança (João Mário), mas, aí, a Espanha já corria mais riscos: aos 77’, Morata deu pela primeira vez trabalho a Diogo Costa.

Portugal respondeu com as entradas de Vitinha e de Leão. Mas o jogo já estava fora do controlo e, mesmo perante uma Espanha que atacava com mais coração do que cabeça, a equipa de Santos foi recuando, permitindo que a história se repetisse: aos 88’, na primeira grande oportunidade que teve, Morata fez o golo que garantiu a qualificação espanhola.

Tal como tinha acontecido contra a França (Liga das Nações) e frente à Sérvia (apuramento para o Mundial), Portugal não teve arte para conquistar em casa o ponto de que precisava, perdendo uma qualificação com demérito.

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