“Confusão” e um cargo de que “o país não precisa”. As reacções dos partidos à direcção executiva do SNS

Foi publicado esta sexta-feira o decreto-lei que cria a direcção executiva do SNS. O nome de Fernando Araújo para ficar à frente desta estrutura nova foi hoje confirmado pelo ministro da Saúde.

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Partidos reagem à criação da direcção executiva do SNS Nuno Ferreira Santos

O Governo anunciou esta sexta-feira que Fernando Araújo será o primeiro director executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), uma estrutura criada pelo com o objectivo de melhorar a gestão. No entanto, nem o nome do gestor nem a utilidade da nova direcção executiva convencem os partidos.

O PCP considerou esta sexta-feira que vai instalar-se “a confusão” na atribuição de competências com a criação da direcção executiva do SNS, que será “mais um instrumento de agravamento” da situação no acesso à saúde.

“Prevemos que com a criação da direcção executiva do SNS se instale a confusão de competências atribuídas a outras estruturas, como é o caso da Administração Central do Sistema de Saúde”, sustentou o deputado comunista João Dias, num vídeo divulgado aos órgãos de comunicação social.

O PCP tem “fundadas razões” para acreditar que esta organização, que vai entrar em funções em 01 de Outubro, vai ser “mais um instrumento de agravamento da situação já difícil do acesso da população aos cuidados de saúde”.

João Dias acrescentou que o partido tem “muitas reservas” em relação à criação da direcção executiva, argumentando que “não vem resolver os problemas” existentes no SNS, nomeadamente a “necessidade de valorizar os seus profissionais, com carreiras e salários justos”.

“Preocupa-nos que enquanto as unidades de saúde e os nossos hospitais continuam a ser estrangulados pelo Ministério das Finanças, que não lhes dá autonomia suficiente para contratar os profissionais e fazer os investimentos necessários, esta direcção executiva tem toda a autonomia para contratar com os privados os cuidados que deveriam ser prestados dentro do SNS”, completou o membro do Comité Central do PCP.

Já o presidente do Chega, André Ventura, afirmou ver “com muitas reservas” a escolha de Fernando Araújo para director executivo do SNS e considerou que “o país não precisa” deste cargo.

“Daremos o benefício da dúvida mas com muitas reservas quanto a este nome, e certamente estaremos cá para o avaliar ao longo dos próximos tempos, visto que os portugueses precisam, isso sim, de uma reforma profundíssima do SNS que, sobretudo, pense nos seus interesses, nos interesses do utente, e não nos interesses de quem financia ou nos interesses do próprio Estado”, afirmou.

Num vídeo divulgado aos jornalistas, o líder do Chega afirmou que Fernando Araújo “não é um novato nas áreas da saúde” - foi presidente da Administração Regional de Saúde do Norte, secretário de Estado da Saúde e agora do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário de São João - mas considerou que “a obra que deixou não foi propriamente de melhoria significativa da vida dos portugueses no âmbito da saúde”.

“A escolha de alguém mais uma vez ligado ao PS, a escolhas anteriores de equipas governativas do PS, demonstra que [o primeiro-ministro] António Costa não consegue sair do círculo fechado do aparelho socialista”. O presidente e deputado do partido de extrema-direita defendeu também que o “país não precisa” de um director executivo do SNS, porque “quem deve ser responsabilizado pelo SNS, pelas suas falhas e virtudes, é o Governo e o ministro da Saúde”.

“Criar um CEO do SNS é apenas criar mais um cargo absolutamente desnecessário para os portugueses pagarem, e essa tem sido a prática constante do Governo socialista”, criticou.

Afirmando que “Fernando Araújo foi muito crítico de várias áreas da gestão do SNS ao longo dos últimos anos”, Ventura disse que vai aguardar com “expectativa mas com exigência” para ver se será “capaz de reduzir o desperdício brutal que o SNS tem todos os anos, de optimizar os recursos e de permitir, como ele próprio defendeu, o conluio, a aproximação e a harmonização entre o público e o privado”.

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