Gomes Cravinho diz que candidatura ao Conselho de Segurança da ONU gera “expectativa muito positiva”

A Alemanha e a Áustria são também candidatas a integrar o Conselho de Segurança em 2027-2028. As eleições para os lugares a ocupar nesse biénio irão realizar-se em 2026.

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Gomes Cravinho revela que Portugal é visto como "construtor de pontes e diálogo entre países" Nuno Ferreira Santos

O ministro dos Negócios Estrangeiros, que está em Nova Iorque com uma agenda intensa de contactos, tem encontrado “uma expectativa muito positiva” relativamente à candidatura portuguesa a um lugar não-permanente no Conselho de Segurança da ONU em 2027-2028.

Em declarações à agência Lusa e à Antena 1, em Nova Iorque, o ministro João Gomes Cravinho referiu que tem tido “contactos com países de todo o mundo” à margem da 77.ª sessão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

Só na segunda-feira, reuniu-se com os seus homólogos do Gana, da Gâmbia, de São Vicente e Granadinas, do Egipto e da República Centro-Africana, entre outros países, e irá prosseguir as reuniões bilaterais durante toda a semana. Segundo João Gomes Cravinho, “há uma expectativa muito positiva” em relação à candidatura de Portugal a um lugar de membro não-permanente do Conselho de Segurança da ONU no biénio 2027-2028.

“Aquilo que posso concluir das conversas de hoje [terça-feira] é que há uma expectativa muito positiva, porque olham para Portugal como um construtor de pontes, um país que sabe dialogar com países muito diversos, das outras partes do mundo”, reforçou.

O ministro salientou, por outro lado, que esta semana da Assembleia Geral da ONU “é uma oportunidade para contactar com países com experiências muito diversas” e para “compreender aquilo que são para esses países, muito diferentes, de diferentes partes do mundo, os grandes problemas internacionais com que se confrontam”.

João Gomes Cravinho deu como exemplo a invasão da Ucrânia pela Federação Russa, uma guerra que tem consequências económicas globais, mas “não é necessariamente a questão mais importante para países em outras partes do mundo”. “Uma parte muito importante do diálogo com esses países é procurar identificar maneiras de desenvolvermos uma abordagem comum”, acrescentou.

O Conselho de Segurança, criado para manter a paz e a segurança internacionais em conformidade com os princípios das Nações Unidas, é um órgão com cinco membros permanentes, com direito de veto: Estados Unidos, Federação Russa, França, Reino Unido e República Popular da China.

Todos os anos, a Assembleia Geral elege cinco de um total de dez membros não-permanentes, que, nos termos de uma resolução da ONU, são distribuídos da seguinte forma: cinco africanos e asiáticos, um da Europa de Leste, dois da América Latina, dois da Europa Ocidental e outros Estados.

Portugal já foi membro não-permanente do Conselho de Segurança da ONU em 1979-1980, 1997-1998 e 2011-2012. A Alemanha e a Áustria são também candidatas a integrar o Conselho de Segurança em 2027-2028. As eleições para os lugares a ocupar nesse biénio irão realizar-se em 2026.

Em janeiro de 2013, o então ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, anunciou que Portugal iria apresentar uma nova candidatura ao Conselho de Segurança para um mandato em 2027-2028 e pediu aos diplomatas portugueses que começassem desde logo a trabalhar nesse objetivo.

“Para quem pensa que ainda é muito longe, lembrem-se que sempre que fomos eleitos começamos a trabalhar muito cedo”, disse na altura Paulo Portas, num seminário diplomático em Lisboa.

Em setembro do ano passado, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, pediu a confiança dos Estados-membros da Assembleia Geral das Nações Unidas para um mandato de Portugal no Conselho de Segurança em 2027-2028.

“Nós não mudamos de princípios. E manteremos também o mesmo rumo, no caso de nos darem a vossa confiança para um mandato no Conselho de Segurança, daqui a cinco anos”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, na 76.ª sessão da Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque.

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