Câmara de Lisboa prevê investir mais de 30 milhões na Jornada Mundial da Juventude

Falta um ano para a Jornada Mundial da Juventude, mas nos terrenos que receberão o Papa Francisco e milhares de jovens ainda há muito por fazer. Governo e Câmara clarificaram finalmente os encargos que terão, prevendo o município lisboeta gastar mais de 30 milhões.

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A JMJ vai estender-se a mais locais da cidade como o Parque Eduardo VII Nuno Ferreira Santos

A Câmara Municipal de Lisboa (CML) prevê investir “mais de 30 milhões de euros” na Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023 (JMJLisboa2023), revelou o vice-presidente da autarquia, adiantando que o processo de repartição de responsabilidades já “foi concluído”.

“Está em avaliação, mas estimamos que sejam mais de 30 milhões de euros”, indicou à Lusa o vice-presidente da CML, Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP), que tem a competência executiva de preparação e organização da JMJLisboa2023.

Esta quarta-feira, em reunião privada do executivo camarário, Anacoreta Correia vai apresentar uma proposta para “aprovar o modelo organizativo e estrutural no âmbito das competências da CML referentes à realização da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023”, na qual se lê que “foi concluído o processo de clarificação das diferentes incumbências a todas as entidades envolvidas” na organização do evento.

Em 29 de Julho, a CML indicou que dispõe de 21 milhões de euros aprovados para a JMJLisboa2023 e está disponível para investir “até um total de 35 milhões de euros”.

Essa informação foi transmitida ao primeiro-ministro, António Costa, através de uma missiva, defendendo que os compromissos do Estado devem ser “no mínimo paritários” com o esforço da autarquia e lembrando que em outros grandes eventos em Portugal “os apoios do Governo foram claros”.

Já no início de Agosto, no âmbito de uma segunda visita aos terrenos que vão acolher o evento, nas duas margens do rio Trancão, entre Lisboa e Loures, a ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, responsável no Governo pelo grupo de projecto para a JMJLisboa2023, recusou falar sobre o valor total estimado para a realização do evento, sem prestar quaisquer declarações quando questionada pelos jornalistas, nomeadamente sobre a repartição de encargos.

Sem indicar valores de investimento, a proposta do vice-presidente da CML determina o envolvimento do município na JMJLisboa2023, “no quadro da repartição de responsabilidades acertado entre os vários intervenientes na preparação e organização do evento, sem prejuízo das deliberações dos órgãos municipais que legalmente venham a ser necessárias para a efectiva realização das tarefas em que se materializem essas responsabilidades”.

Considerando que “a Jornada Mundial da Juventude é o maior e mais exigente evento alguma vez realizado em Portugal”, o que implica o envolvimento de várias entidades na sua organização, nas quais se inclui a CML na qualidade de anfitriã, Anacoreta Correia realçou a exigência de “meios humanos, técnicos e financeiros que possibilitem a coordenação e apoio com vista à boa execução e ao sucesso da sua realização”.

“Constitui um desafio extraordinário para a autarquia e uma oportunidade única para a cidade, uma vez que se trata de um evento com grande mediatismo e importância”, destacou o autarca, referido que o município tem a responsabilidade de realizar “uma série de tarefas com vista à organização, programação, concepção e implementação da JMJLisboa2023”.

A realização da JMJLisboa2023 vai envolver “vários espaços da cidade de Lisboa — nos quais decorrerão eventos diários e uma programação diversificada —, nomeadamente Parque Tejo, Parque Eduardo VII, Terreiro do Paço, Alameda Dom Afonso Henriques e/ou Parque da Belavista”, segundo a proposta, que elenca as várias tarefas da câmara nestes espaços, desde a recuperação do aterro sanitário de Beirolas aos palcos com área para backstage.

Entre as tarefas da CML estão ainda a ponte da ciclovia sobre o rio Trancão, as estruturas de apoio à recolha de resíduos, o abastecimento e disponibilização de água potável, a rede eléctrica, o vídeo e som, as casas de banho e a rede de esgotos.

“A organização e implementação das diferentes tarefas que incumbirão à CML no âmbito da realização da JMJLisboa2023 serão asseguradas com recurso a financiamento, estando a decorrer a consulta a várias entidades bancárias no sentido de recolher informação e seleccionar a solução que melhor sirva os interesses da CML”, lê-se na proposta.

Apesar do anúncio da realização do evento datar de Janeiro de 2019, “verifica-se não ter havido ainda uma deliberação da câmara referente ao envolvimento do município na candidatura e na sua participação no conjunto dos eventos”, referiu o vice-presidente da autarquia, acrescentando que essa situação não impediu que a CML tenha estado em contacto próximo com todas as entidades envolvidas e tenha assegurado a concretização da sua preparação em diversas realizações.

Anacoreta Correia destacou também o empenho da CML “para que o evento tenha o sucesso que se pretende”.

A JMJLisboa2023 vai decorrer de 1 a 6 de Agosto do próximo ano na zona do Parque das Nações, em Lisboa, abrangendo também parte de território do concelho de Loures, num evento que conta com a presença do Papa Francisco e no qual são esperados mais de um milhão de jovens de todo o mundo.

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