“Ilusão”, “fraude”, “truques”: oposição diz que não há reais aumentos de pensões

Num consenso raro, esquerda e direita afirmam que as medidas anunciadas para pensionistas são apenas um “adiantamento” que pode mesmo vir a reduzir os aumentos previstos para 2023. Ausência de redução de impostos surpreendeu partidos.

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Leitão Amaro, vice-presidente do PSD, acusa o Governo de estar mais preocupado com a arrecadação de impostos Miguel Manso

Da esquerda à direita, os partidos da oposição foram unânimes em denunciar o “truque”, a “ilusão” ou a “fraude” do aumento das pensões apresentado pelo Governo no âmbito do pacote de medidas de apoio às famílias para enfrentar a inflação.

“Os pensionistas não vão ter aumentos, o Governo vai começar a pagar agora para não ter que aumentar o que devia no próximo ano”, avisou o vice-presidente do PSD, António Leitão Amaro, dando o tom do que diriam a seguir quase todos os partidos parlamentares, do PCP ao Chega, que aliás usaram a mesma palavra para descrever o esquema: fraude.

Mariana Mortágua, do BE, optou por falar de “truques” e apontou mais alguns: mesma a descida do IVA na electricidade, a única redução de impostos do pacote do Governo, é muito parcial, pois só a pequena parcela da factura a que se aplica a taxa de 13% será afectada com a redução para 6%. Mas também diz serem “truques” as medidas sobre combustíveis – “apenas congela os aumentos” – e o pagamento único de 125 euros para as famílias, que “já perderam um mês de salário ou pensão”. E “nem sequer paga o material escolar”, como afirmou Rodrigo Saraiva, da IL.

“A montanha pariu um rato”, afirmou Rodrigo Saraiva, resumindo as críticas de todos os partidos pela ausência de medidas de peso como as que foram apresentadas noutros países, em particular a descida do IVA sobre todos os combustíveis, ou o controlo dos preços dos bens essenciais, como frisou o comunista Bruno Dias. PCP, BE e Livre também gostariam de ver o Governo socialista taxar os lucros excessivos, o que também não aconteceu. “Zero de acomodação das reais necessidades dos portugueses”, frisou Inês Sousa Real (PAN)

Se o pacote é “curto”, também vem tarde, apontam os partidos. “O Governo não está a pôr as famílias primeiro, mas a arrecadação de impostos”, frisou Leitão Amaro. Se o Governo diz que o total do pacote de medidas é de 4000 milhões de euros, o líder do Chega diz que são “migalhas” face ao que o Estado já arrecadou. “É um Governo viciado em impostos”, acrescenta o líder parlamentar da IL.

Sozinho nos elogios ficou o PS, que viu nos anúncios “medidas de carácter histórico” e que “abrangem todas as gerações e toda a classe média”, nas palavras do secretário-geral da JS, João Torres.

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