O maior dinossauro da Europa escavado em Portugal. Veja as fotos

O animal chegaria aos 25 metros de comprimento e 12 de altura – portanto, atingiria o comprimento de dois autocarros e a altura de mais de duas girafas.

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A escavação do dinossauro saurópode na jazida de Monte Agudo, no concelho de Pombal Fotos cedidas pela equipa
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Os paleontólogos que escavaram o dinossauro na jazida de Monte Agudo, no concelho de Pombal Fotos cedidas pela equipa
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O paleontólogo espanhol Francisco Ortega Fotos cedidas pela equipa
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Escavação do dinossauro saurópode na jazida de Monte Agudo, no concelho de Pombal Fotos cedidas pela equipa
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Escavação do dinossauro saurópode na jazida de Monte Agudo, no concelho de Pombal Fotos cedidas pela equipa
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Escavação do dinossauro saurópode na jazida de Monte Agudo, no concelho de Pombal Fotos cedidas pela equipa
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Escavação do dinossauro saurópode na jazida de Monte Agudo, no concelho de Pombal Fotos cedidas pela equipa
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Escavação do dinossauro saurópode na jazida de Monte Agudo, no concelho de Pombal Fotos cedidas pela equipa
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Escavação do dinossauro saurópode na jazida de Monte Agudo, no concelho de Pombal Fotos cedidas pela equipa
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Escavação do dinossauro saurópode na jazida de Monte Agudo, no concelho de Pombal Fotos cedidas pela equipa
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Escavação do dinossauro saurópode na jazida de Monte Agudo, no concelho de Pombal Fotos cedidas pela equipa
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O material fóssil protegido em blocos de gesso para ser levado para o laboratório Fotos cedidas pela equipa

Diz-se que é o provavelmente o maior dinossauro descoberto na Europa até hoje – o animal, o exemplar de um saurópode, teria 25 metros de comprimento e 12 de altura. Foi na região de Pombal que o esqueleto deste dinossauro que viveu há aproximadamente de 150 milhões de anos, localizado em 2017 num terreno privado, esteve a ser escavado neste Verão por uma equipa de paleontólogos portugueses e espanhóis.

As escavações, de 1 a 10 de Agosto de 2022, permitiram já retirar da jazida de Monte Agudo, de rochas sedimentares do Jurássico Superior com 150 a 145 milhões de anos, uma parte do esqueleto fossilizado do dinossauro, como vértebras e costelas. A partir destes ossos, a equipa sabe que é um saurópode e, mais do que isso, que saurópode seria aquele.

Os saurópodes, grupo de dinossauros herbívoros e quadrúpedes, tinham caudas e pescoços muito compridos. No caso deste exemplar, os cientistas pensam poder estar-se perante um saurópode braquiossaurídeo – um grupo composto por espécies de dinossauros de grande porte muito emblemáticas, que viveram no Jurássico Superior e no Cretácico Inferior, ou seja, entre há 150 milhões e 135 milhões de anos, sendo depois substituídos por outras formas de dinossauros. Entre os braquiossaurídeos famosos temos o Brachiosaurus altithorax e o Giraffatitan brancai e também uma espécie encontrada em Portugal, na região do Oeste – o Lusotitan atalaiensis.

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A paleontóloga portuguesa Elisabete Malafaia com outro colega Fotos cedidas pela equipa

Para lá das suspeitas sobre grupo de saurópodes a que pertencia o animal, os paleontólogos avançaram com estimativas do tamanho do exemplar, ao compararem a dimensão das costelas encontradas com costelas de outros dinossauros, e que apontam para os tais 25 metros de comprimento e 12 de altura. Era um gigante entre os gigantes.

“Estamos na presença de um dos maiores indivíduos de saurópodes até hoje descobertos no Jurássico Superior europeu”, revelava em comunicado da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), que tem paleontólogos seus na equipa de escavação e estudo do fóssil. É o caso de Elisabete Malafaia e Pedro Mocho, do Instituto Dom Luiz, da FCUL, que coordenaram os trabalhos de escavação em conjunto com o paleontólogo espanhol Francisco Ortega, da Universidade Nacional de Educação à Distância (UNED), em Madrid.

“Da Europa, é o [exemplar] que tem as costelas de maiores dimensões conhecidas actualmente. E a nível mundial também não há registos destes elementos com estas dimensões – não existem estes elementos preservados”, diz Elisabete Malafaia, que por isso reconhece que o braquiossaurídeo da jazida de Monte Agudo está entre os maiores dinossauros conhecidos a nível mundial.

Uma girafa, só para termos uma noção do tamanho que teria aquele dinossauro, chega aos cinco metros de altura. E um autocarro tem à volta de 12 metros de comprimento. Portanto, o dinossauro da jazida de Monte Agudo, no concelho de Pombal, atingiria a altura de mais de duas girafas e o comprimento de dois autocarros. Tal dimensão atraiu as atenções internacionais e o espécime foi notícia, não só em Portugal, como em meios de comunicação internacionais, como a BBC e o jornal The Guardian.

Obras num anexo, obras num armazém

O primeiro encontro feliz com este esqueleto deu-se em 2017, quando o proprietário do terreno onde está o fóssil, ao fazer obras, reparou em fragmentos de ossos fossilizados. “O dono do terreno queria fazer um anexo para apoio à casa principal. Na sequência dessas obras, reparou nuns fragmentos que lhe chamaram a atenção e contactou a nossa equipa. Fomos lá em 2017 e confirmámos que eram ossos fossilizados de dinossauros”, conta-nos Elisabete Malafaia.

Logo em 2017, a equipa fez duas campanhas de escavação, outra em 2018 e agora esta, a quarta, em que finalmente se retiraram as costelas e as vértebras. O proprietário do terreno já conhecia a equipa, porque em 2005 e 2010 os paleontólogos tinham estado a escavar noutro local do concelho de Pombal, a jazida na aldeia de Andrés. “Conhecia-nos dessa altura, contactou directamente o meu colega Francisco Ortega e enviou fotos”, acrescenta a paleontóloga portuguesa.

Da jazida na aldeia de Andrés já tinha saído, há várias décadas, uma grande alegria para os paleontólogos, também num terreno privado. Em 1988, um agricultor encontrava os primeiros vestígios de um alossauro, um grande predador Jurássico português. Durante as obras de um armazém, José Amorim deparava-se com uns “ossos negros” e avisou disso o Museu de História Natural de Lisboa.

Esses “ossos negros” eram os primeiros vestígios da presença de um Allosaurus em Portugal, um género de dinossauro carnívoro bípede que viveu no Jurássico Superior (entre há 160 milhões e 140 milhões de anos) e chegava aos 13 metros de comprimento. O primeiro exemplar de um Allosaurus em todo o mundo tinha sido descoberto em 1870 no Colorado (Estados Unidos), pelo paleontólogo norte-americano Othniel Marsh, que viria a descrever esses ossos como Allosaurus fragilis.

O alossauro de Andrés era o primeiro exemplar deste género de dinossauro descoberto fora da América do Norte e permitiu aprofundar o conhecimento sobre a circulação de fauna entre continentes, numa altura em que o oceano Atlântico estava a nascer. O alossauro de Andrés é o fóssil mais conhecido desta jazida, mas apareceram também vestígios paleontológicos de outros vertebrados, em escavações em 2005 e 2010.

“Em 2005, retomámos esse trabalho [em Andrés] e continuámos a encontrar material do Allosaurus e de outros grupos de dinossauros – nomeadamente de saurópodes, ornitópodes, restos de crocodilos, pterossauros. Encontrámos uma grande diversidade de fauna. É uma jazida interessante por isso: não é comum aparecer esta diversidade no mesmo local”, explica Elisabete Malafaia, acrescentando que todos esses fósseis se encontram no Museu Nacional de História Natural e da Ciência, em Lisboa.

Para já, sabe-se que em Andrés terão ficado fossilizados, pelo menos, dois alossauros. “Encontrámos material duplicado – por exemplo, elementos da pélvis –, o que indica pelo menos dois indivíduos ali”, conta a paleontóloga.

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O material fóssil protegido em blocos de gesso para ser levado para o laboratório Fotos cedidas pela equipa

Quanto ao “novo” saurópode, o bom estado de conservação dos fósseis e a sua disposição no terreno levam os cientistas a crer que a jazida pode reservar mais surpresas. Em futuras campanhas de escavação, pretendem ir à procura do resto do animal, que manteve a posição anatómica original que teria tido em vida. “Este modo de preservação”, realça-se no comunicado, “é relativamente invulgar no registo fóssil de dinossáurios (em particular de saurópodes) do Jurássico Superior português”.

Por agora, é num armazém cedido pela Câmara Municipal de Pombal que o saurópode de Monte Agudo (como a população ser refere àquele local) está guardado, em blocos protegidos com gesso para o transporte para o laboratório, diz Elisabete Malafaia. “Estamos a reunir condições para a sua preparação em laboratório.”

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