Aumento de 30 euros da EDP abrange metade dos clientes do mercado livre

Empresa que tem 49% dos clientes domésticos do mercado liberalizado de gás natural vai subir preços a partir de Outubro. Actualização dura três meses e pode seguir-se nova subida.

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Vera Pinto Pereira é a administradora da EDP responsável pela área de comercialização de energia Rui Gaudencio

Metade dos consumidores de gás natural do segmento residencial do mercado liberalizado terá aumentos médios da factura mensal de 30 euros a partir de Outubro.

O anúncio feito pela EDP Comercial, de que irá agravar os preços de gás natural às famílias num valor médio de 30 euros, no final do Verão, abrange 650 mil clientes, de um total de 1,228 milhões residenciais no mercado liberalizado, no final de Março, de acordo com os dados da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE).

A EDP Comercial é líder do mercado em número de clientes e em volumes fornecidos neste segmento, com quotas de 49% e 47%, respectivamente.

Segundo a empresa, a última actualização de preços do gás natural aconteceu há um ano e esta subida, que entrará em vigor a 1 de Outubro, será válida por três meses, como explicou a presidente da EDP Comercial, Vera Pinto Pereira, em declarações à agência Lusa, referindo que a este aumento têm de ser somadas taxas e impostos que andarão entre cinco e sete euros.

Os preços do gás natural têm estado a subir desde meados de 2021 e as facturas domésticas também estão a acusar esse movimento. A última actualização de tarifários da EDP Comercial, para o ano-gás que vigora até 30 de Setembro, teve impactos entre seis e 19 cêntimos nas facturas domésticas.

Como o preço da energia nos mercados grossistas multiplicou por dez (e está agora a rondar os 280 euros por MWh no mercado europeu de referência, o TTF), a “actualização de preços tornou-se inevitável”, disse Vera Pinto Pereira à Lusa, sublinhando que a empresa tem de fazer repercutir o aumento do custo de aquisição de gás aos fornecedores nas facturas dos clientes.

Além disso, o facto de se tratar de uma actualização por três meses significa que no final desse período o preço poderá voltar a subir ou ser revisto em baixa, consoante a evolução do mercado grossista. Um modelo semelhante ao da ERSE, que também pode fazer actualizações trimestrais de preços, como sucedeu em Julho (um aumento de 3,3%) para reflectir a evolução do custo da energia.

Segundo o inquérito ao consumo de energia no sector doméstico em 2020, divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o gás natural, que representou cerca de 12% do consumo energético total, significou uma despesa de 296 euros por alojamento.

Valor que deverá subir, atendendo ao agravamento das cotações nos mercados internacionais, que teve início em meados de 2021 e que não dá mostras de alívio com a situação de guerra.

A actualização de preços da EDP Comercial a partir de 1 de Outubro coincidirá com a actualização de preços do gás natural para as cerca de 227 mil famílias que ainda estão no mercado regulado. Para estes, a ERSE prevê um aumento de preços que será em média de 8,2%.

Os dados da entidade reguladora indicam que uma família de quatro pessoas (com um consumo típico anual de 292 metros cúbicos (m3) de gás) terá, a partir de Outubro, uma factura média mensal de 24,98 euros (mais 0,87 euros face à factura de Setembro).

No caso de um casal com dois filhos (e um consumo típico de 138 m3), a despesa mensal subirá para 13,21 euros, mais 0,48 euros face a Setembro.

A EDP explicou à Lusa que, para os seus clientes com menores consumos, que são dois terços do total, ou seja 433.300, o aumento médio a partir de Outubro rondará os 18 euros (22 euros considerando taxas e impostos), pelo que se depreende um agravamento de preços muito significativo para os restantes clientes (os que têm maiores consumos), que resultará num aumento médio de 30 euros para toda a base de clientes.

De acordo com o boletim das ofertas comerciais de gás natural relativo ao primeiro trimestre do ano (divulgado pela ERSE em Março, a oferta padrão de gás natural da EDP para o consumidor “tipo 1” (casal sem filhos e sem aquecimento central) era a terceira mais competitiva do mercado (a seguir ao preço regulado e à Galp Power, num total de 13 ofertas existentes), traduzindo-se numa factura mensal de 13,14 euros.

Para o consumidor “tipo 2” (casal com dois filhos e sem aquecimento central), a oferta padrão da EDP vinha logo a seguir ao mercado regulado e custava 24,27 euros. No caso do consumidor “tipo 3” (casal com quatro filhos e com aquecimento mensal), a EDP voltava a surgir em segundo lugar, com uma factura de 48,18 euros.

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