Equipa portuguesa identifica região no cérebro que pode estar implicada na doença de Alzheimer

A região identificada agora por cientistas da Universidade de Coimbra, o cíngulo posterior, tem impacto na perda de memória e poderá ser essencial em futuros ensaios terapêuticos para o tratamento da doença de Alzheimer.

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Existem cerca de 150 mil pessoas em Portugal com doença de Alzheimer ENRIC VIVES-RUBIO

Uma equipa de investigadores da Universidade de Coimbra identificou uma região no cérebro com potencial de alteração precoce devido à doença de Alzheimer – e que estará implicada na perda de memória.

“A descoberta pode ter implicações muito relevantes em termos de terapias futuras, dado que identifica, com clareza, um alvo cerebral de alteração precoce, implicado na perda de memória, que pode ser estudado directamente e de forma focada em novos ensaios terapêuticos”, refere o comunicado da Universidade de Coimbra desta segunda-feira.

Citado na nota, Miguel Castelo-Branco, investigador da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (UC) e um dos coordenadores do estudo, explicou que esta descoberta “abre caminho para o desenvolvimento e teste de terapêuticas direccionadas à redução da neuroinflamação na doença de Alzheimer.” A zona cerebral identificada chama-se cíngulo posterior e a investigação agora publicada demonstra, “em fases muito iniciais da doença de Alzheimer, alterações tripartidas únicas: inflamação neuronal, acumulação de amilóide e actividade neuronal aparentemente compensatória.”

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A localização da região identificada pelos investigadores da Universidade de Coimbra DR

“A região identificada é crítica, pois serve de pivô em processos de memória de curto e longo prazo que sabemos estarem crucialmente afectados na doença de Alzheimer”, frisa ainda o investigador. A identificação no cérebro humano foi demonstrada in vivo, num estudo que incluiu a participação de doentes “em fases muito iniciais da doença de Alzheimer e pessoas saudáveis com as mesmas características sociodemográficas.” A investigação é agora publicada na revista científica Communications Biology.

Os cientistas utilizaram “um conjunto de técnicas avançadas de imagem funcional e cerebral”, concretamente um “PET duplo”, uma tomografia “que mede, no mesmo doente, neuroinflamação e deposição de amilóide” e a ressonância magnética funcional “para medir a actividade cerebral em tarefas de memória.”

Para além de Miguel Castelo-Branco e de Isabel Santana, do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e também coordenadora da investigação, a equipa de cientistas foi formada por Nádia Canário e Lília Jorge, primeiras autoras do estudo, e Ricardo Martins, investigadores do Centro de Imagem Biomédica e Investigação Translacional do Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde.

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